Argentina proíbe supermercado de fazer propaganda

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Ordem dada verbalmente por secretário de Cristina Kirchner vale até 1º de abril, quando será encerrado o congelamento de preços 



O secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, ordenou verbalmente às redes de supermercados e eletrodomésticos da Argentina que não coloquem publicidades nos jornais e nos canais de TV de Buenos Aires e dos municípios da Grande Buenos Aires.

A proibição - a primeira do gênero na história do país - será aplicada durante a vigência do congelamento de preços de dois meses de duração, pactuado na segunda-feira com a Associação de Supermercados Unidos (ASU), que reúne a maior parte das grandes redes de varejo da Argentina.

Na terça-feira, as redes de lojas de eletrodomésticos também tiveram de aceitar o congelamento de preços, que se encerra no dia 1.º de abril.

Um dia depois, a associação que reúne os pequenos mercados da comunidade chinesa aceitou a imposição do congelamento, embora expressando sua contrariedade pelo sistema, que não obriga as indústrias nem os intermediários a congelar os preços.

Segundo fontes do setor, Moreno, em sua ordem verbal (o secretário costuma emitir ordens não escritas, telefonando pessoalmente aos empresários) de proibir publicidade, alertou para eventuais represálias e castigos. Nesta quinta, nas páginas dos jornais portenhos e nos canais de TV a ausência dos anúncios do setor era total. Dessa forma, os consumidores não tinham como comparar os preços dos produtos nos diversos supermercados.

No entanto, a subsecretária de defesa do consumidor, Maria Lucila Colombo, negou a existência de uma proibição para publicar na mídia. Colombo disse que era provável que os supermercados tivessem deixado de publicar ofertas "para que os consumidores não façam confusão".

Além disso, a ausência de publicidade na mídia impressa será um duro golpe aos jornais portenhos, já que os supermercados e lojas de eletrodomésticos estão entre os principais anunciantes.

O anúncio do congelamento suscitou rumores na população sobre iminentes faltas de produtos nas gôndolas. Porém, o presidente da Associação de Supermercados, Juan José Vasco Martinez, disse que não haverá escassez de mercadorias, "exceto algum problema pontual que alguma indústria fornecedora possa ter". Ele atribuiu o problema ao "forte consumo".

A subsecretária Colombo também negou desabastecimento. Mas justificou o eventual racionamento: "Não acho que seja ruim que os supermercados coloquem um limite razoável para a compra de produtos."

No ano passado, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), a inflação foi de 10,8%. Economistas, sindicalistas e empresários afirmam, porém, que o índice do governo está manipulado e que a inflação real supera os 25%.

Isolamento. Paradoxalmente, na semana passada a presidente Cristina Kirchner havia se posicionado contra a política de congelamento. "Os acordos de preços não servem", disse Cristina na ocasião durante um discurso na Casa Rosada, o palácio presidencial, transmitido pela TV.

A presidente recomendou à população que tomasse uma atitude com as empresas que aumentassem preços. Cristina disse que não estava propondo um "boicote", mas sim um "isolamento": "Isolem-nas, para que elas percebam! Se você não se defende, não te defende ninguém. É o próprio consumidor que tem de fazer valer seus direitos!".

Em 2005 o então presidente Néstor Kirchner protagonizou a primeira convocação de um boicote a uma empresa realizada por um presidente em rede nacional de TV. O alvo, na ocasião, foi a empresa de combustíveis Shell. Perante as câmeras, Kirchner disse aos gritos na ocasião: "Não compremos sua gasolina! Não compremos uma latinha de óleo deles sequer!"

Durante esta primeira semana de congelamento a subsecretária de defesa do consumidor, Maria Lucila Colombo, fez um apelo à população para que "denuncie" as empresas que furarem o congelamento, pois elas serão punidas .



Veículo: O Estado de S.Paulo


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