Congelamento na Argentina: risco de desabastecimento

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Representantes da Federação Argentina de Supermercados (FAS) já admitem que o congelamento de preços por 60 dias pode acabar provocando falta de produtos nas lojas, informou nesta quinta-feira o jornal argentino “Clarín”. As redes também foram formalmente proibidas de publicar encartes com anúncios em jornais, o que os principais veículos do país — “La Nación” e “Clarín” — veem como uma ameaça à própria sobrevivência, pois a propaganda dos supermercados se tornou, nos últimos anos, uma significativa fonte de renda para a imprensa.

Tanto a FAS como a Associação de Supermercadistas Unidos (ASU), porém, negaram que, no momento, esteja ocorrendo algum desabastecimento.

— Pode haver problemas de abastecimento. É lógico na situação atual: se o produtor traz itens com aumento de preços, o supermercado pode negar-se a recebê-los — afirmou a rádios locais Fernando Aguirre, o porta-voz da FAS, que representa cadeias regionais e do interior.

A proibição da publicação de ofertas havia sido, inicialmente, um pedido informal do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno. As redes de supermercados, no entanto, após diversas reuniões com Moreno esta semana, comunicaram formalmente ao “La Nación” e “Clarín” que os anúncios estão suspensos até o fim do congelamento, em 1º de abril. A medida se aplica a todos os jornais de Buenos Aires e à televisão.

‘Grave ataque à liberdade’

A Associação de Entidades Jornalísticas Argentinas (Adepa, na sigla em espanhol) denunciou que a pressão sobre os anunciantes para que suspendam a publicação de ofertas nos meios de comunicação, e o uso de recursos públicos para premiar ou castigar as empresas jornalísticas por sua linha editorial são “graves ataques à liberdade de imprensa”.

“Nas últimas horas, boa parte das maiores redes de supermercados e eletrodomésticos de nosso país suspenderam os anúncios previstos para o próximo fim de semana em jornais da cidade de Buenos Aires. Casos similares foram registrados em cidades do interior”, destaca a Adepa, que reúne mais de 140 veículos impressos.

A subsecretária de Defesa do Consumidor, María Lucila Colombo, defendeu ontem a proibição dos anúncios:

— Para que anunciar o mesmo preço, que vai se manter por 60 dias, todos os fins de semana? Vai ser mais chato que chupar um prego.

Ela negou que a inflação esteja elevada e afirmou que aqueles que se dizem preocupados com a alta de preços “não se preocupam com as pessoas”.

O presidente da Fiat Argentina, Cristiano Ratazzi, disse ontem, segundo o jornal “La Nación”, que o país tem, junto com o Sudão, uma das maiores inflações do mundo. Ele alertou que o problema da alta de preços não pode ser resolvido “com uma aspirina” e que a demanda dos sindicatos, de reajuste salarial de 30%, “é impossível”.

Para o ex-ministro da Economia Roberto Lavagna, o congelamento visa a “gerar sensação de estabilidade por dois meses”. Ele disse que o fato de a economia não ter crescido em 2012 acaba provocando a queda da renda per capita.

— No ano passado, não houve investimento privado, nem criação de emprego. Há muitos jovens que não estudam nem trabalham, há inflação alta — disse Lavagna à Rádio Mitre. — E este ano não vai ser diferente.



Veículo: O Globo - RJ


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