A reinvenção da vitrine

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A Marisa reduziu custos, aumentou a eficiência da operação e investiu em novas linhas. Resultado: suas ações são as que mais se valorizaram no varejo em 2012, superando as das rivais Lojas Renner e Riachuelo.

As redes varejistas, especialmente as do segmento de vestuário, vivem ciclos de altos e baixos. O empresário que consegue antecipar tendências, fixar preços mais atraentes e oferecer o que o consumidor deseja, por um preço que ele está disposto a pagar, normalmente leva a melhor. Dificilmente uma empresa consegue acertar em todos esses quesitos. Mas toda regra tem exceção. Uma delas é a rede paulistana Marisa, que se destaca entre as companhias do setor com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Neste ano, seus papéis subiram 80,28% deixando para trás a gaúcha Renner e a potiguar Riachuelo. Um dos fatores que ajudam a explicar o interesse dos investidores pode ser visto no balanço do terceiro trimestre.
 
A receita líquida, excluindo as operações financeiras como o cartão de crédito com sua marca, avançou 35% para R$ 613 milhões. No ano, o faturamento total somou R$ 1,94 bilhão, montante 15,3% maior em relação a igual período de 2011. “Fomos beneficiados pela transferência dos gastos dos consumidores da classe C com bens duráveis para o segmento de vestuário”, afirmou Marcio Goldfarb, 59 anos, presidente e controlador da Marisa, em recente teleconferência com analistas de bancos e corretoras. Para se apoderar de uma fatia maior dos gastos de quem precisa renovar o guarda-roupa, o empresário investiu em formatos maiores de loja e com sortimento diferenciado que incluiu a linha de calçados.
 
“No terceiro trimestre, o fluxo de clientes cresceu 8%, enquanto o tíquete médio avançou 12%”, disse Goldfarb. Isso porque enquanto uma blusa de malha é comercializada por cerca de R$ 20 e uma calça jeans sai por R$ 80, um sapato feminino chega a custar R$ 200. Dos 369 pontos de venda, 260 já passaram por ajustes e em 125 deles já são vendidos calçados. Outras apostas bem-sucedidas foram a linha de vestuário, incluindo lingerie, nos tamanhos 48 a 54, além da coleção office, para mulheres que trabalham fora. Para seguir crescendo, Goldfarb pretende adicionar mais 50 lojas à rede. “A Marisa cresceu em um cenário no qual concorrentes como a Hering perderam rentabilidade”, afirma o relatório escrito pela área de varejo da Fator Corretora.
 
O momento atual difere do vivido no final de 2011, quando a rede amargou queda na rentabilidade e se viu forçada a se reinventar. No quarto trimestre de 2011, a margem Ebtida (que mede a receita, excluindo o efeito de taxas, juros, dívida e amortizações) da divisão de varejo recuou 25,8%. Para reverter essa situação, Goldfarb contratou a consultoria Bain & Company para elaborar um plano para melhorar a eficiência da operação e reduzir os custos. No quesito despesas, já foi obtida uma economia de R$ 42 milhões, de um total de R$ 50 milhões previstos para este ano. O empresário, que há 20 anos ocupou o lugar de seu pai e fundador da rede, Bernardo Goldfarb, também aproveitou o encontro com os analistas para anunciar que está se desligando do dia a dia da empresa.
 
A partir de janeiro de 2013, ele ficará apenas no comando do Conselho de Administração. Hoje, ele acumula as duas funções, o que não é permitido pelas regras de governança do Novo Mercado da Bovespa. Apesar do balanço positivo, os analistas apontam alguns desafios para o sucessor de Goldfarb, cujo nome ainda não foi definido. “Os consumidores brasileiros, de um modo geral, e o da classe C em especial, estão muito endividados”, diz o consultor Sérgio Nardi, especialista em baixa renda. “Isso vai exigir que as redes varejistas disputem uma sobra de renda cada vez menor.”



Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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