Frutas e hortaliças sustentam reajustes de preços

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Prévia da inflação, IPC-S mostra expansão de 0,06 ponto percentual em uma semana. Tomate e abacate são vilões


Dario Nakaie recebe, em média, R$ 0,50 pelo quilo do abacate que planta em Monte Carmelo no Alto Paranaíba, região que responde por 46% dessa safra em Minas Gerais. Já em Belo Horizonte, segundo pesquisa divulgada ontem pelo site Mercado Mineiro, há sacolões vendendo o quilo da fruta por até R$ 3,99 – diferença de quase 700%. O estudo da entidade, realizado entre os dias 17 e 19, apurou a oscilação dos valores cobrados por 32 produtos. O vilão foi o abacate, com o preço máximo de R$ 3,99 e o mínimo de R$ 0,79, variando 405,06%. O resultado reforça a importância de o consumidor pesquisar antes de ir às compras.

O alerta, porém, não vale apenas para o abacate. Pesquisa divulgada também ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV) revelou que o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) – o indicador permite detectar com agilidade mudanças de curso na trajetória dos preços – subiu 0,28% na terceira semana de julho, numa alta de 0,06 ponto percentual em relação ao período anterior. O levantamento concluiu que o salto foi ocasionado pelo peso dos reajustes dos alimentos, que passou de 0,96% para 1,16%. O grande culpado, explica André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, foi o tomate.

O alimento está caro em todo o país por causa das chuvas que comprometeram parte da safra em São Paulo e nos estados do Sul. “O tomate responde por boa parte da oscilação do IPC-S. O preço do fruto só deve normalizar na segunda quinzena de agosto”, disse Braz. Na sexta-feira, o Estado de Minas mostrou que alguns sacolões da capital vendiam o tomate por até R$ 5,99, numa alta de 100% em relação a junho. A disparada do preço desse hortifrutigranjeiro levará o IPC-S de julho a ficar em torno de 0,25%, prevê o economista. Para ter ideia da expansão no custo de vida, o indicador havia fechado junho em 0,11%.

“Não há como deixar de comprar o tomate”, disse a dona de casa Íris Borges Policarpo, de 25 anos, que ontem foi ao sacolão com o marido, o motorista profissional Dirley das Graças Policarpo, de 32, e a filha, Yasmin, de 1. Por outro lado, ela ensina que há vários produtos mais em conta, ou seja, que é possível economizar se for feita uma boa pesquisa. O Mercado Mineiro confirma a recomendação da dona de casa. De acordo com o levantamento do site, a diferença no preço do quilo do limão é de 340% nos sacolões da cidade (de R$ 0,68 a R$ 2,99). Já o do quiabo oscila 43%, de R$ 3,49 a R$ 4,99.

“É bom pesquisar o quiabo. Nós, por exemplo, temos um frango congelado em casa. Não dá para fazê-lo sem o quiabo, dá? Já em relação ao preço do limão, a pessoa também tem de pesquisar. No nosso caso, contudo, temos a sorte de ter um limoeiro no quintal”, conta, com orgulho, a jovem, enquanto ouve o marido ressaltar uma dica essencial: “Não basta o preço ser barato. É preciso verificar a qualidade do produto. Além, é claro, da validade do mesmo”.

Estratégia O comerciante Jurenilson de Almeida, gerente do sacolão Abastecer-Bairro Letícia, no Venda Nova, concorda com o cliente. O estabelecimento, segundo a pesquisa do Mercado Mineiro, foi o campeão dos preços baixos, no quesito legumes, com oito dos 15 produtos sendo ofertados ao custo mais baixo entre os pontos comerciais pesquisados. “Um dos segredos é comprar diretamente do produtor, evitando o gasto com atravessador. Outro segredo é vender a mercadoria a preço baixo, ganhando no volume”, acrescentou.

Jurenilson, porém, não consegue vender o tomate a preço baixo: “Esse daí…”. No sacolão que gerencia, o quilo do fruto estava a R$ 3,98 na última semana. O maior preço foi de R$ 7,99. Por outro lado, o abacate era vendido a R$ 0,79 no Abastecer-Letícia, valor pouco acima da cotação obtida pelo agricultor Dario Nakaie em Monte Carmelo.
 


Veículo: O Estado de Minas


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