Fabricantes de latas congelam expansões

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O menor consumo de bebidas no país desde o início do ano já atinge a cadeia de fornecedores do setor. Os fabricantes de latinhas de alumínio estão sentindo os efeitos da retração do mercado e decidiram congelar cerca de US$ 150 milhões em investimentos que estavam programados para este ano no Brasil.

As três grandes empresas de embalagens metálicas de alumínio - as multinacionais Crown Embalagens, Latapack Ball e Rexam - tinham anunciado em 2010 novos planos de investimentos na expansão da produção, mas parte deles continua no papel, à espera de que se firmem as condições do consumo e as perspectivas do mercado brasileiro para os próximos anos.

A Crown - fruto de uma joint venture entre a americana Crown Holdings e o grupo brasileiro Petropar - está revendo os prazos para a conclusão de sua nova fábrica no Pará pela terceira vez. Quando anunciou, programava ter pronta a unidade no mês passado, prazo já revisto no fim de 2011. Na época, replanejou o início das operações para o fim de 2012. Depois, a empresa fez nova revisão, que levou a conclusão da fábrica para o fim de 2013. Agora, o projeto foi adiado e ainda não tem data correta para começar. "Vai depender do mercado brasileiro", afirmou o presidente da Crown Embalagens, Rinaldo Lopes.

Com investimentos que devem atingir US$ 80 milhões, a empresa concluiu a fase de terraplenagem do terreno, em Belém. Essa será, quando for erguida, a quarta fábrica de latas da companhia no Brasil e terá capacidade anual de produção de cerca de 1 bilhão de latas. Hoje, a Crown já tem uma fábrica no nordeste (em Sergipe) - com capacidade de cerca de 2 bilhões de unidades - e a empresa produz ainda em São Paulo e no Paraná. Com a expansão, a Crown passaria de uma capacidade de 3,5 bilhões em 2010 para 7,5 bilhões de latinhas.

A Latapack Ball também tem em compasso de espera um novo projeto de expansão no valor de cerca de US$ 70 milhões para ser aprovado na matriz americana. A aprovação do projeto, no entanto, vai "depender das condições da demanda no Brasil", segundo informou o presidente da subsidiária brasileira, Jorge Maurício Bannitz. "O mercado nos surpreendeu. A aprovação dos nossos planos teria saído mais rápida, mas o crescimento não foi o esperado para o primeiro semestre", disse o executivo. Em abril, a empresa deu início às operações em sua nova unidade na Bahia, em um projeto de expansão que somou investimentos de US$ 140 milhões. Com três fábricas (Rio, São Paulo e a nova da Bahia), hoje a empresa tem uma capacidade total de 5,5 bilhões de latinhas.

Procurada pela reportagem do Valor, a britânica Rexam se negou a comentar o assunto. No entanto, no fim do ano passado já tinha anunciado que a conclusão das operações da sua nova fábrica no Pará não ocorreria na metade deste ano - conforme o inicialmente anunciado -, mas no fim de 2012. Com a nova unidade - de capacidade de 1,2 bilhão de latas - a Rexam passaria a ter 11 fábricas no Brasil e capacidade total de 14 bilhões de unidades.

A série de revisões de planos vem na esteira de um clima mais pessimista para o setor de bebidas brasileiro, principalmente na área de cervejas, que a grande consumidora de latinhas. Segundo dados divulgados recentemente pelas cervejarias, em 2011 foram tomados no Brasil 1,5% menos litros de cerveja e, no acumulado de janeiro a maio deste ano, o volume foi 1,6% menor. Um dos grandes motivos para a queda no consumo é o aumento dos preços. Além da elevação da carga tributária sobre esses produtos, as cervejarias vêm reajustando o preço acima da inflação para aumentar suas margens.

"O cronograma do setor de embalagens anda junto com os planos das fabricantes de bebidas, que verificam um ritmo menor", afirmou Renault Castro, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade (Abralatas). Em um cenário que está exigindo cautela, a Abralatas prevê crescimento das vendas de latinhas semelhante ao do ano passado, de 5% a 7%, para 19,75 bilhões de unidades em 2012. Hoje, o país tem uma capacidade instalada anual de produção de cerca de 22 bilhões de unidades. Se os projetos já anunciados pelas empresas entrarem em operação, a capacidade do país passará para 24 bilhões de latinhas.



Veículo: Valor Econômico


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