Cidades médias ganham o primeiro shopping

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Ao enxergarem uma demanda crescente e reprimida em cidades médias do interior do País, grandes empresas, construtoras e administradoras de shopping centers planejam diversas inaugurações nos próximos meses para atingir um novo público. "A ideia é que o empreendimento seja o primeiro do tipo na cidade e que permaneça sendo o único por muitos anos", explica Eduardo Gribel, presidente da Tenco Shopping Centers.

"Acabamos de inaugurar o Cariri Garden Shopping, em Juazeiro do Norte [CE]. Nosso foco está nas cidades do interior. Estamos trabalhando em municípios com população entre 150 e 400 mil habitantes, que estão crescendo e não têm shoppings. Nesse universo devem existir atualmente cerca de 150 cidades, muitas delas no nordeste brasileiro", conta Gribel.

A Tenco inaugura, ainda este ano, mais quatro empreendimentos, nas cidades de Macapá (AP), Arapiraca (AL), Taubaté (SP) e Belo Horizonte (MG). "E vamos começar a construção de outros três nos próximos meses", destaca o diretor.

A empresa mineira está há 24 anos no mercado e trabalha neste segmento desde 1995, já tendo desenvolvido pelo menos 19 projetos de centros de compras. Ela pretende fechar o ano com investimento total de R$ 420 milhões, multiplicando por mais de três o valor investido no ano passado. Em Betim (MG), em uma parceria com o município, a Tenco entregou a primeira rodoviária da cidade, inaugurada no último dia 30. Ela está localizada ao lado do Metropolitan Garden Center, centro de compras que deverá ser inaugurado em abril do ano que vem.

"Em Betim, nosso shopping em construção tem 56 mil metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL), o maior da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Como o empreendimento tinha uma área muito grande e a cidade precisava de uma rodoviária, nós fizemos uma parceria, construímos o terminal e doamos à cidade. O movimento gerado vai ser muito bom para o empreendimento e por outro lado, é uma obra que o município necessitava", conta o diretor.

Gribel afirma que, em diversas cidades do interior, a população é obrigada a viajar até os grandes centros urbanos para visitar um shopping. "Houve realmente um grande crescimento do poder aquisitivo da população brasileira e essas cidades médias hoje têm uma disponibilidade de renda e dinheiro para gastar nas atividades de um shopping center. Como nesses lugares que estamos procurando atuar não há shoppings, teremos o primeiro centro comercial da cidade com um mix de atividades muito grande. Além dos produtos, oferecemos um ambiente confortável e climatizado, em regiões onde normalmente o comércio do centro não é tão organizado e seguro", comenta.

Polo de consumo

De olho neste mesmo público, a Vértico, empresa do Grupo WTorre, deve fechar o ano com investimentos de R$ 550 milhões. "Essas cidades mais afastadas têm o poder de atração de outras cidades ainda menores. Você cria um polo de consumo e regiões ao redor também participam", diz João Bazzon, CEO da Vértico.

O foco dos empreendimentos da companhia está em municípios entre 100 e 200 mil habitantes que, no entorno, chegam a ter 400 mil pessoas. "Apostamos em cidades que estavam à margem, sem atividades de entretenimento. É diferente de você entrar numa capital grande que já tem todas as opções de lazer. Esperamos ter o retorno do nosso investimento em um prazo de cinco a dez anos", conta Bazzon.

A Vértico vai inaugurar, ainda este ano, seu primeiro empreendimento, localizado em Bauru (SP). Cinco outros shoppings já estão em construção e começam a ser entregues pela empresa a partir do próximo ano. As cidades escolhidas foram Limeira (SP), Itapevi (SP), Três Lagoas (MS), Araguaína (TO) e Sinop (MT).

Para Bozzan, ainda há muito espaço para crescimento. "Não parece tanto porque estamos em São Paulo e aqui há mesmo uma pequena saturação, mas de modo geral, ao considerar o País como um todo, estamos muito distantes de realidades como a do Chile, Europa e Estados Unidos, por exemplo. Temos que descobrir o Brasil e esse papel de levar os empreendimentos para além das capitais são as empresas novas no setor de shopping centers que estão fazendo, o dinheiro está indo para essas cidades", comenta o empresário.

Bozzan também acredita que a dinâmica de um empreendimento tem que ser diferente nas cidades do interior e nas capitais. "Você monta o mix de ofertas em função de cada lugar, alguns municípios ainda não têm nem cinema, é importante levar a novidade", completa.

Primeiro shopping

A estratégia de abrir o primeiro shopping da cidade também foi adotada pela 5R Shopping Centers. A empresa será pioneira nos municípios de Rio Grande (RS), Americana (SP) e Alvorada (RS), com empreendimentos previstos para serem inaugurados dentro dos próximos três anos.

"Até alguns anos atrás, um shopping center só cabia em uma cidade com pelo menos 350 mil habitantes. Com o crescimento da economia e a classe C chegando ao consumo, atualmente existem empreendimentos que se viabilizam em lugares com 180 ou 200 mil habitantes. Cidades com uma população assim já comportam um shopping tranquilamente, o patamar mudou", afirma Cesar Garbin, diretor de Operações e sócio da 5R Shopping Centers.

Garbin atua no setor há mais de 20 anos, já passou por grandes grupos, como Iguatemi e Sonae Sierra, e acredita que é possível fazer um cálculo para medir a demanda de uma região por um centro de compras. "Em Uberaba [MG], uma cidade de 350 mil habitantes, estamos fazendo um shopping que será o segundo da cidade. Ou seja, o município já comporta dois empreendimentos. Em Piracicaba [SP] é a mesma coisa. Já em Uberlândia (MG), que tem em torno de 600 mil habitantes, estamos trabalhando no terceiro shopping da cidade. Se você fizer um cálculo aproximado, para cada 200 mil habitantes existe a demanda por um shopping", comenta o executivo.



Veículo: DCI
 


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