O trigo cultivado em Minas Gerais tem alta qualidade e é disponibilizado para o mercado ao longo da entressafra, garantindo lucro aos produtores do Estado
A produção de trigo em Minas Gerais deverá atingir 110 mil toneladas em 2012, o que corresponde a uma expansão de 10% na comparação com a safra passada, quando foram colhidas 100 mil toneladas. O clima favorável, o retorno financeiro significativo e os programas de incentivo para o desenvolvimento da cultura no Estado são apontados como os principais motivadores do crescimento.
De acordo com o coordenador do Programa de Desenvolvimento da Competitividade da Cadeia Produtiva do Trigo (Comtrigo), Lindomar Antônio Lopes, a grande vantagem de Minas em relação aos outros produtores brasileiros é que no Estado a cultura é colhida durante a entressafra das demais regiões do país, o que garante ao produtor preços mais altos e maior rentabilidade.
"Além de contar com clima favorável, o trigo cultivado em Minas tem alta qualidade e é disponibilizado para o mercado ao longo da entressafra, garantindo lucro aos produtores. A demanda pelo cereal é superior ao que ofertamos anualmente. Por isso, o interesse pela cultura é crescente. Pretendemos, ao longo dos próximos anos, expandir a assistência e incentivar a ampliação do cultivo", disse.
Segundo o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Unidade Trigo (Embrapa Trigo), Márcio Só e Silva, por colher o trigo no período de entressafra da região Sul do país, maior produtora nacional, o triticultor mineiro recebe entre R$ 4 e R$ 5 a mais por saca de 60 quilos. Atualmente, o volume é negociado em torno de R$ 30 no Sul do Brasil, enquanto que em Minas ele é vendido por até R$ 35.
Para estimular o plantio, várias ações têm sido desenvolvidas no Estado. Entre elas está a capacitação dos técnicos de 45 unidades da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), além da realização de Dias de Campo.
As unidades selecionadas estão localizadas nas regiões do Triângulo, Alto Paranaíba, Noroeste e parte do Sul de Minas Gerais, que contam com grande potencial para o desenvolvimento da cultura. Segundo Lopes, o treinamento deve ser iniciado em agosto.
"O objetivo é levar assistência técnica aos atuais produtores e incentivar o ingresso de outros. Com o aumento da capacitação, também será possível estimular a produtividade e a qualidade do trigo", explica Lopes. A expectativa é que a produção mineira nos próximos 15 anos passe a representar cerca de 10% do total nacional, que hoje é de 5,1 milhões de toneladas.
Segundo Silva, a produção de trigo tem reais condições de crescer significativamente ao longo dos próximos anos. Isto devido ao volume de produto disponibilizado ser inferior à demanda da indústria e ao fato de o país depender da importação do cereal. No Estado, são produzidos apenas 10% do volume de trigo utilizado pela indústria.
Já em relação ao Brasil, são consumidos anualmente cerca de 12 milhões de toneladas, o que torna necessária a importação de aproximadamente 50% do volume de trigo demandado.
"Os pesquisadores da Embrapa, em parceria com entidades ligadas ao setor, estão identificando em Minas novas áreas com potencial para o cultivo do cereal. Vamos estender as ações de capacitação e de divulgação de novas tecnologias de plantio e de cultivares adaptadas, para incrementar a qualidade e a produtividade da cultura", disse Silva.
Potencial - Uma das regiões com grande potencial no Estado, e que já planta cerca de 6 mil hectares de trigo, é a que fica no entorno dos municípios de Madre de Deus de Minas, Barbacena, Conselheiro Lafaiete, Três Corações e São João del-Rei.
Segundo Silva, a área tem tudo para se tornar um novo polo de produção. Além do clima e da altitude adequados, a logística aprimorada e a proximidade com Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro facilitam e incentivam a introdução do cereal ao longo do período seco.
Atualmente, a principal região produtora do Estado é o Alto Paranaíba, que responde por 57,2% da safra, seguida pelo Noroeste (18,93%) e Triângulo (9,7%). Outro potencial identificado no Estado é a possibilidade de plantar o trigo de sequeiro, na safrinha, e o irrigado ao longo da seca, o que garantiria a oferta do produto por pelo menos seis meses.
Veículo: Diário do Comércio - MG