Nestlé planeja avanço no Nordeste

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De olho no aumento local de consumo, empresa pode construir ou adquirir fábrica de biscoitos na região

 

Do número 55 da Avenue Nestlé, emVevey, na Suíça, a alta cúpula da fabricante de alimentos parece só ter olhos para mercados emergentes como o Brasil e a China. Hoje, 19% dos lares chineses não contam com cozinha, o que tem levado a Nestlé a ampliar sua linha de produtos para microondas no país. No outro extremo do mundo, mais especificamente no Nordeste brasileiro, o desafio é elevar a produção e também desenvolver novos modelos de negócios para atender à demanda crescente da população da região que, nos últimos tempos, ganhou poder de compra e passou a consumir mais alimentos industrializados.

 

Por conta disso, a Nestlé poderá construir novas fábricas no Nordeste ou até mesmo partir para aquisições de unidades já instaladas na região, o que a ajudaria a ganhar tempo e escala. A fabricante temdemonstrado uma predileção especial pela aquisição de fábricas de terceiros. Foi assim que conseguiu inaugurar, em tempo recorde, sua fábrica de leites em Carazinho (RS), arrematada da Parmalat. “Ser uma empresa tradicional não significa ser lenta”, afirmou ontem, ao BRASIL ECONÔMICO, Ivan Zurita, presidente da Nestlé no Brasil.

 

A categoria de biscoitos, crescente em todo país e no Nordeste também, ainda não foi contemplada com uma fábrica da Nestlé na região. Hoje, o produto é fabricado emMarília (SP) e enviado para a região. O problema é que, com a expansão do consumo, a Nestlé está chegando ao limite da sua capacidade. Os custos de transporte também pesam para a empresa.

 

Este cenário fez a companhia fechar um acordo coma Moinho Santa Lúcia, no Ceará, para produzir algumas de suas variedades de biscoitos e distribui-los regionalmente. “Estamos usando este caminho para ganharmos velocidade de desenvolvimento. Abrimos uma parceria e, depois, decidiremos se vamos seguir para o modelo de parceiros ou investimos (na abertura de uma nova fábrica). Poderíamos ainda partir para uma aquisição”, contou Zurita.

 

O executivo explicou que o Nordeste está crescendo muito e que a Nestlé precisa acompanhar. “Se não formos competitivos lá, corremos o risco de perder espaço para as marcas regionais que têm benefícios locais. Estamos expandindo e fazendo a regionalização da nossa produção”, disse.

 

Hoje, a Nestlé tem três fábricas no Nordeste: Feira de Santana (BA), Itabuna (BA) e Garanhuns (PE). A mais expressiva é a de Feira de Santana, com uma manufatura de multiprodutos para abastecer o Norte e o Nordeste. É de lá que saem produtos como miojo, café solúvel, cereal, leite e suco em pó. Novos itens devem ser fabricados lá ainda este ano. A produção da unidade foi recentemente duplicada.

 

Investimentos de R$ 1 bilhão

 

A Nestlé Brasil cresceu 11,2% em 2009 e quer manter o ritmo este ano. “Se o PIB vai crescer 5%, nós temos que avançar,no mínimo, dois dígitos”, afirmou Zurita. Para tanto, destinou R$ 1 bilhão para investimentos em inovação, renovação, eficiência e visibilidade, fora os aportes para eventuais aquisições.

 

O crescimento, no entanto,não significa que o Brasil, hoje o segundo no ranking da Nestlé mundial em volume e faturamento, alcançará o primeiro posto tão cedo. Ultrapassar os Estados Unidos, o mercado líder, não será tão fácil como foi com a França e a Alemanha. “Como dizia Ayrton Senna, o segundo lugar é o primeiro perdedor. Quero ser o número 1.”

 

Apesar do desejo, Zurita sabe que a tarefa será difícil. O mercado americano tem uma população gigantesca combompoder aquisitivo. “A renda per capita do Brasil terá que melhorar. Isso é tarefa para as gerações que vieremdepois”, afirmou.

 

Veículo: Brasil Econômico


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