Projeções do mercado para IPCA de 2014 encostam em 6,5%

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Os economistas consultados pelo Banco Central para o boletim Focus voltaram a elevar as projeções para a inflação neste ano e em 2015. Pela sexta vez consecutiva, a mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2014 subiu, passando de 6,35% na semana passada para 6,47% nesta semana. A previsão para 2015 também foi ajustada para cima, de 5,84% para 6%. Entre os analistas ouvidos BC já há quem projete alta de 7,26% no IPCA em 2014 e 7,56% em 2015.

A alta de 0,92% no IPCA em março - acima do esperado pelo mercado - deu fôlego às revisões, segundo o economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos. Com o resultado, o indicador acumulou alta de 6,15% em 12 meses, voltando a encostar no teto da meta de inflação (6,5%).

Outro fator que contribuiu para a elevação das expectativas, diz a LCA Consultores em relatório a clientes, foi a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que indicou provável fim do ciclo de aperto monetário. Ainda assim, a previsão para a taxa básica de juros no fim de 2014 se manteve em 11,25% ao ano, indicando a expectativa de mais um aumento na Selic, hoje em 11%.

Para Santos, o IPCA chegará ao fim de 2014 acumulando alta de 6,4%, mesmo com provável desaceleração nos preços dos alimentos. "Os núcleos do IPCA mostram que a inflação não é pontual, causada apenas por um choque de alimentação", afirma, referindo-se às medições que retiram do indicador os fatores que provocam volatilidade. A média dos três principais núcleos do IPCA (dupla ponderação, exclusão e médias aparadas) apontam para elevação de 6,27% nos 12 meses encerrados em março, acima dos 6,11% de fevereiro, de acordo com o Banco Fator.

Além disso, o índice de difusão - que mede quantos dos itens do IPCA registraram alta - chegou a 71% no mês passado, evidenciando uma inflação espalhada pela economia. "Tudo preocupa na dinâmica da inflação: os preços administrados que estão represados e precisam ser compensados, a inflação de serviços que não cede, a demanda que cresce mais rápido do que a oferta", enumera Santos.

Nem mesmo a desvalorização de quase 7% na moeda americana desde o início do ano deve impedir que o IPCA ultrapasse o teto da meta no fim do primeiro semestre, segundo ele. "O dólar trará alívio de curto prazo. Com o balanço de pagamentos se deteriorando, não creio que a cotação se sustentará a R$ 2,20 por muito tempo", diz. Santos projeta o dólar a R$ 2,45 no fim de 2014, em linha com a mediana das estimativas no Focus. Para a conta corrente, o boletim do BC indica piora no saldo negativo, com as estimativas passando de US$ 76 bilhões para US$ 77 bilhões neste ano.

Marco Maciel, economista-chefe do Banco Pine, ressalta que a Copa do Mundo ajudará a manter a inflação elevada mesmo em meados do ano, quando tradicionalmente a pressão sobre os preços é menor. "Serviços como restaurantes, bares, hotéis e passagens aéreas, além de alguns eletroeletrônicos, devem continuar subindo por causa dos jogos", afirma. Ele espera elevação média mensal entre 0,25% e 0,28% no IPCA neste período, taxa menor que a média de 0,73% ao mês contabilizada no primeiro trimestre, mas quase o dobro do observado no mesmo período do ano passado.

Com resultados mensais superiores aos registrados em 2013, o IPCA seguiria em aceleração na variação em 12 meses até novembro, quando acumularia alta de 6,7%, pelas contas de Maciel. "Em dezembro, já deveremos ver um cenário menos favorável ao consumo, com taxa de desemprego mais alta do que a atual e crédito menos impulsionado", diz, prevendo elevação de 6,4% na inflação de 2014.

As perspectivas para a produção industrial também arrefeceram. O crescimento de 1,5% neste ano estimado no Focus da semana passada foi revisto para 0,7%. Para 2015, também houve redução nas expectativas, de 3% para 2,95%. Para o PIB, houve leve ajuste para cima, com a alta em 2014 passando de 1,63% para 1,65%.



Veículo: Valor Econômico


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