Governo investigará importado suspeito

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Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior vai apurar por iniciativa própria indícios de certificado falso nas importações


Em mais uma frente para fortalecer a defesa comercial do País, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) passará a abrir por iniciativa própria investigações para apurar indícios de certificado falso de origem nas importações. Atualmente, as investigações em curso foram solicitadas por setores da indústria brasileira.

"Estamos dispostos a abrir investigações de ofício sempre que tivermos elementos com suspeitas de fraude na certificação de origem", afirmou ao Estado a secretária de comércio exterior do MDIC, Tatiana Prazeres.

Ao identificar os indícios de fraude, a secretaria fará, previamente, a verificação de origem antes de autorizar os pedidos de licença de importação.

A possibilidade de abertura de investigação por iniciativa própria foi estabelecida em uma portaria, publicada ontem no Diário Oficial. "A verificação de origem não preferencial será realizada, mediante denúncia ou de ofício, na fase de licenciamento", diz o texto.

A portaria define os procedimentos específicos para a verificação da origem dos produtos importados.

"As licenças de importação não serão deferidas enquanto o processo não for concluído", explicou a secretária.

O prazo máximo para conclusão da investigação é de 180 dias. Quando ficar comprovada a fraude, os produtos do exportador investigado ficam proibidos de entrar no País.

Para driblarem as sobretaxas aplicadas pelo governo nas importações com dumping, exportadores de outros países e importadores brasileiros se utilizam, muitas vezes, de mecanismos como a emissão de certificado de origem falso ou da chamada circunvenção (quando as peças são montadas em outros países antes de serem exportados para fugir da sobretaxa).

Punição. Tatiana revelou que MDIC também pretende punir o importador brasileiro que trouxer para o Brasil produtos com falso certificado de origem.

"Estamos aperfeiçoando a portaria que suspende o registro do importador no Siscomex (sistema de registro do comércio exterior)", disse.

Para tornar as medidas de direito antidumping mais eficazes, o MDIC tem trabalhado para coibir as demais práticas desleais ou ilegais de comércio exterior.

Pela primeira vez na história, o Brasil proibiu este ano a entrada de produto importado em função de fraude na certificação do país origem. O Ministério, por meio de dois processos, concluiu que os ímãs de ferrite (usados em alto-falantes), com certificados de origem de Taiwan, eram, na verdade, produzidos na China.

Este ano, foram abertas 10 investigações de denúncias de certificados fraudulentos. Além dos dois já concluídos, Tatiana disse que espera concluir mais seis ainda em 2011, envolvendo dois produtos diferentes.

Os processos correm em sigilo, mas a secretária revelou que sete técnicos do governo estão esta semana em Taiwan fazendo verificações in loco do processo produtivo.

"Taiwan responde por metade das investigações abertas quando se diz respeito à declaração falsa de origem", explicou. "Estamos conversando com as autoridades em Taiwan porque eles também não têm interesse em ficar com a imagem ligada às fraudes", informou.


Veículo: O Estado de S.Paulo


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