Encorajados pelo ressurgimento da demanda por títulos de alto risco, os frigoríficos Marfrig e JBS estão voltando aos mercados externos para financiar os pagamentos de dívida
A JBS, a maior produtora mundial de carne bovina, está utilizando o arrecadado com a venda de US$ 750 milhões em notas a 7,5% com vencimento em 2024, realizada no mês passado, para pagar empréstimos com taxas de juros de até 12%. A Marfrig, fornecedora dos restaurantes da McDonald's e da Burger King Worldwide, resgatará as notas com cupons de até 11,25% com dinheiro da emissão de US$ 275 milhões em títulos a 9,5%, realizada em 13 de março.
A dívida de grau especulativo de mercados emergentes retornou 2,4% nos últimos trinta dias, pois diminuiu a preocupação com que a atuação da Reserva Federal americana para reduzir seus estímulos leve a perdas nos mercados emergentes. A Marfrig e a JBS também estão se beneficiando com a especulação de que o Brasil não enfrentará mais rebaixamentos de nota após sofrer o primeiro em uma década no mês passado, pelo Moody's Investors Service, conforme a INTL FCStone Securities.
"Eles fizeram seu dever de casa, readquiriram dívida mais cara e emitiram a taxas mais baixas", disse Vinícius Pasquarelli, operador de dívida de mercados emergentes do Standard Credit Group, em entrevista por telefone de Miami. As empresas de carne bovina aproveitaram uma percepção do Brasil "ligeiramente melhor", disse ele.
A Marfrig vendeu mais das suas notas com vencimento em 2020 no mês passado, na sua primeira oferta no exterior desde agosto de 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg.
O CEO da Marfrig, Sérgio Rial, disse recentemente que a empresa planeja fazer a abertura de capital das suas duas subsidiárias no exterior para reduzir um terço da razão de dívida. Ele estima que a empresa reduziria a dívida líquida a 2,7 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização até o final de 2015 vendendo participações de 25% a 30% na unidade americana Keystone Foods e na irlandesa Moy Park. A razão se compara com uma de 4,2 vezes no final do quarto trimestre.
O diretor de relações com investidores da JBS, Jeremiah O'Callaghan, disse que a venda de dívida também ajudou a empresa a prolongar a média de vencimentos da dívida em mais de seis meses, de por volta de 3,5 anos para mais de 4 anos. E o rendimento tem sido positivo para os investidores.
Veículo: DCI