O primeiro leilão de arroz em casca gaúcho na Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) ocorrerá no próximo dia 1 de outubro, pela internet. Todas as indústrias do Brasil com acesso ao sistema poderão dar seus lances. "Para que a negociação ocorra, é preciso termos todas as ofertas repassadas até o dia 23 de setembro", destaca o presidente da BBM, Giuliano Ferronato. A estimativa é de que, nesta primeira operação, sejam vendidas cerca de 100 mil sacas do produto.
Além da garantia de recebimento do valor da comercialização do grão, que ocorrerá via pregão eletrônico, a iniciativa deve gerar liquidez no mercado e rentabilidade aos pequenos e médios produtores do Rio Grande do Sul - até então limitados a vender para a indústria local, destaca o presidente da BBM. Esta é uma operação inédita, que partiu de projeto da Banrisul Corretora de Valores Mobiliários e Câmbio, e que será implementada ainda este ano também para produtores de milho e trigo.
No caso do arroz, a operacionalização será feita via Programa Arroz na Bolsa, resultante de um Termo de Cooperação entre a Emater/RS, Irga, Federarroz, BBM e Banrisul Corretora. Ferronato explica que o programa visa a dar oportunidade de acesso aos pequenos agricultores a um mecanismo moderno, e assim contribuir para diminuir as distorções de preço na época de comercialização do grão.
Para o presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, a ferramenta do pregão eletrônico da BBM vem em um momento correto, oportuno, na medida em que a demanda por exportação está bastante forte. Salienta que também há uma demanda de empresas de fora do Rio Grande do Sul para o mercado doméstico. "Essas empresas poderão se lançar através do leilão para adquirir produto com as especificações desejadas, observa Dornelles.
A classificação do produto será feita por 150 profissionais de 43 pontos da Emater em todo o Estado. Para obter o certificado e poder comercializar as sacas pela Bolsa, os produtores devem se cadastrar via site da entidade. "Com este certificado, será possível que as indústrias de outras regiões saibam exatamente qual é a qualidade do grão que estão comprando", destaca a diretora da Emater/RS, Silvana Dalmás. "Por outro lado, pequenos e médios produtores poderão barganhar melhor o preço, uma vez que deixarão de ficar reféns da indústria local."
A captação irá ficar a cargo do Irga e da Banrisul Corretora, enquanto caberá à Bolsa receber a mercadoria, divulgar, comercializar e custodiar o dinheiro da venda dos produtos, explica o presidente do Irga, Guinter Frantz. O dirigente afirma que a iniciativa é importante, porque, além de proporcionar mais produtividade à cadeia, também servirá de "primeiro passo" para fomentar as exportações do produto no futuro.
Na opinião do diretor comercial do Irga/RS, Tiago Barata, o grande benefício ao produtor ocorre pela transparência e segurança da operação, que não oferece riscos de perda do pagamento (a exemplo do que ocorre quando há recuperações judiciais da indústria), uma vez que o dinheiro será custodiado pela Bolsa. Outra vantagem aos pares será a agilidade da operação: entre divulgação do edital e o recebimento do valor da venda, o prazo é de 10 dias. O diretor-presidente da Banrisul Corretora, Nilvo Fries, informa que, se necessário, o financiamento aos compradores será pré-aprovado pela instituição. "Iremos trabalhar com taxas diferenciadas para esta operação", garante.
Veículo: Jornal do Comércio - RS