Varejo de BH registra queda recorde

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                                      Inflação, medo do desemprego e juros altos acabam derrubando os negócios do setor



As vendas no comércio varejista da capital mineira apresentaram queda recorde no acumulado de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo período em 2014. De acordo com dados divulgados ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), considerando essa base de comparação, o comércio caiu 3,13%, pior resultado da série histórica, que teve início em 2007. O cenário macroeconômico do País marcado pela inflação e pelos juros altos é apontado como justificativa.

A pesquisa mostra que o índice que mede as vendas entre janeiro e julho já vinha decrescendo desde 2012, quando o comércio varejista registrou crescimento de 6,99%. No ano seguinte o índice foi de 3,58% e em 2014 o comércio da Capital registrou crescimento de apenas 1,18% nessa base de comparação. A retração de 3,13% em 2014 foi a primeira queda da série histórica.

Para a economista da CDL-BH Ana Paula Bastos, a queda é um reflexo da dificuldade econômica pela qual passa o País neste ano. Ela lembra que os juros altos estão impedindo o investimento, que é o responsável por gerar emprego e renda.

Além disso, a inflação alta está corroendo a renda do consumidor e aumentando o custo de vida. "As pessoas estão consumindo menos, principalmente o supérfluo, e focando no que realmente é necessário. Além disso, há um efeito psicológico que inibe a compra: as pessoas estão temerosas com a política e têm medo de perder o emprego", diz.

O resultado também é de queda na comparação de julho com o mesmo mês do ano anterior: - 2,3%. Nessa base de comparação, a pesquisa mostra que a retração já acontecia em 2014, quando as vendas caíram 1,88 na comparação com julho de 2013.

Retração - "No ano passado a economia já estava desaquecida e a inflação e os juros também estavam altos", justifica. No acumulado dos últimos 12 meses o varejo de Belo Horizonte apresentou queda de 2,07% nas vendas. O índice também apresentou redução no último ano, quando passou de 6,12% de crescimento em 2013 para 3,20% em 2014.

Já na comparação de julho com o mês imediatamente anterior, as vendas apresentaram crescimento de 0,22% na Capital. Apesar de ser um número positivo, ele não pode ser muito comemorado, segundo analisa a economista. Isso porque, historicamente, o mês costuma ser melhor que junho devido ao maior número de dias úteis.

Com exceção de 2014, quando esse índice apresentou queda de 0,7%, todos os anos anteriores da série registraram crescimento acima de 1% na comparação julho-junho. Para Ana Bastos, outra justificativa para a leve melhora em julho é a realização de ações nas lojas, como promoções e ofertas, que são muito comuns nesse mês.

A economista acredita que a tendência é que comércio da Capital continue encarando, nos próximos meses, um cenário de desaquecimento da economia, semelhante ao que aconteceu em 2014. Ela afirma que não há indícios de que os juros e a inflação vão dar uma trégua, então não há expectativa de muita melhora.

"A tendência é o consumidor continuar cauteloso nas compras, principalmente naquelas de longo prazo", diz. Para o comerciante, o conselho da economista é não economizar na criatividade. "O lojista terá que fidelizar o cliente com atendimento diferenciado, promoções, descontos e usar muito as redes sociais, que são uma estratégia de marketing de baixo custo", diz.



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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