Há muito espaço para a produção de alimentos orgânicos crescer

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Luiz de Carvalho

Procura de produtos cultivados sem a adição de adubos e fertilizantes químicos é crescente
Em compensação, número de produtores e área de plantio são os mesmos desde o ano 2000


O crescimento do mercado de produtos orgânicos, em Maringá, de 2012 para 2013 ficou em torno de 35%, acompanhando a evolução ocorrida no País, mas tanto técnicos da extensão rural quanto produtores concordam que o crescimento local poderia ser o dobro ou mais se a produção também crescesse. O número de produtores de orgânicos na região é basicamente o mesmo de 15 anos atrás, quando foi iniciada a produção de hortaliças e outros produtos sem o uso de adubação e defensivos químicos e a área explorada também é praticamente a mesma.

"Quando se fala em crescimento acima de 30%, ao ano, dá a impressão que é muito, mas, na verdade, são 30% de quase nada", ironiza o presidente da Associação dos Produtores Orgânicos de Maringá (Pomar), Sérgio Suzuki. A exemplo dos demais produtores orgânicos, Suzuki e o irmão Robertson, que mantêm uma propriedade de 10 hectares, na Estrada Bandeirantes, fazem a comercialização na Feira do Produtor e em algumas Feiras Verdes.

"A produção orgânica de Maringá é tão pequena que tudo o que produzimos vende sem dificuldades e não temos produção nem mesmo para atender aos supermercados", destaca. Os produtos orgânicos encontrados nas prateleiras de alguns supermercados geralmente vêm de um centro de distribuição de Curitiba ou do Ceasa de São Paulo e chegam a Maringá com valores mais elevados do que os produtos locais.

Suzuki ressalta que os selos de certificação do Ministério da Agricultura e do governo do Paraná aumentaram a confiança do consumidor na produção livre de produtos nocivos à saúde. "Aumentamos o mercado, ano a ano, a índices exponenciais, mas não temos como aumentar a produção no mesmo ritmo", afirma. "A prefeitura de Maringá e o governo do Estado abriram a oportunidade para que pudéssemos entregar nossos produtos na Merenda Escolar, mas mal conseguimos atender as feiras", declara.

Potencial
O engenheiro agrônomo Jorge Ogassawara, da Emater, foi o responsável pelo início da agricultura orgânica no noroeste do Paraná e continua trabalhando com capacitação, qualificação e certificação de agricultores que produzem alimentos sem o uso de defensivos químicos. Ele cita que os produtores locais aumentaram a produção de acordo com o consumo, mas esta possibilidade chega ao limite.

Segundo ele, o número de produtores praticamente não aumentou desde o ano 2000, quando foi organizada a Pomar. São cerca de 30 integrantes na associação, quase todos sócios fundadores.

"A região de Maringá tem potencial de mercado e potencial para que os atuais produtores aumentem as áreas de plantio e ainda para que outros entrem na atividade, mas a agricultura orgânica sofre do dilema de todas as pequenas propriedades, que é conseguir segurar a mão de obra", explica. De acordo com ele, "Maringá tem uma grande oferta de empregos no comércio, na indústria e na prestação de serviços e não sobram pessoas dispostas a trabalhar como empregado ou boia-fria nas pequenas propriedades rurais".

Para Ogassawara, cabe ao governo repensar a política para a agricultura orgânica. "É necessário uma fiscalização séria, pois têm muito produto no mercado se passando por orgânico sem cumprir os requisitos da certificação, e é preciso repensar esta questão do emprego rural. Caso, contrário, não haverá crescimento real da produção", avalia.

O agrônomo destaca que, nos Estados Unidos e em países europeus, onde o consumo de orgânicos é significativo a produção é mecanizada e depende muito pouco da contratação de mão de obra.

COMPARAÇÃO

1,5 bilhão de reais foi a comercialização de orgânicos, no Brasil, em um ano; os Estados Unidos comercializaram R$ 70 bilhões em período idêntico.



Veículo: Site O Diário - Maringá


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