Comércio da Savassi tem movimento 20% inferior ao de antes da revitalização

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Apesar do grande fluxo de turistas na região e de bares, restaurantes e lojas esportivas lucrarem, lojas do varejo não emplacam vendas

   
Pouco mais de dois anos após a conclusão da polêmica obra de revitalização da Savassi, que consumiu R$ 10,4 milhões do cofre da Prefeitura de Belo Horizonte, vários lojistas ainda não recuperaram o volume de vendas apurado antes da reforma do cartão-postal da Região Centro-Sul. Nem mesmo a invasão de estrangeiros de diferentes nacionalidades na área, o principal ponto de encontro de visitantes durante a Copa do Mundo, foi capaz de alavancar o negócio dos empresários que atuam em segmentos sem vínculo direto com o evento esportivo. “A queda média nas vendas, em relação ao período antes da obra, é de 20%”, informou Maria Auxiliadora Teixeira de Souza, presidente da Associação dos Lojistas da Savassi (Alsa).


A reforma do cartão-postal foi um dos principais investimentos da prefeitura para a Copa do Mundo. Durante as intervenções, de março de 2011 a maio de 2012, 51 estabelecimentos do local fecharam as portas, pois o canteiro de obras afastou boa parte da clientela dos estabelecimentos. O balanço foi apurado em estudo do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH) em parceria com a Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG). O prejuízo ocorreu justamente em dois anos em que o consumo andava em alta em todo o país.

Para se ter ideia, o volume de vendas no setor subiu 6,7% em 2011 e 8,4%, em 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para recuperar as perdas, muitas lojas estampam descontos de até 60% nas vitrines. A estratégia, porém, ainda não atraiu uma quantidade de clientela desejada. “A Copa não alterou nosso ritmo de vendas. Vários estrangeiros passam em frente a vitrine, param, entram, elogiam os produtos, perguntam os preços… Mas ainda não negociei sequer uma mercadoria com visitantes”, lamentou Mariana Fonseca, gerente da But Le, especializada em bijuterias e acessórios femininos, como bolsas.

A empresa fica num dos quarteirões fechados da Rua Pernambuco, onde uma multidão de estrangeiros e brasileiros se reúnem para assistir às partidas em mesas de bares e restaurantes. Perto dali, na Tomé de Souza, centenas de visitantes também passam em frente à Foccus Optical, mas nenhum deles levou os óculos escuros que o gerente do estabelecimento, Marco Aurélio Rodrigues da Silva, acreditava que teriam boas saídas. “Não atendi nenhum estrangeiro”, lamentou o comerciante. A mesma decepção tem Wilson Santos, dono de uma banca de revistas e jornais na esquina da via com a Getúlio Vargas.

Ele esperava faturar com a venda de mapas da capital. “Cada um custa R$ 12. Em razão da Copa, a distribuidora me enviou 30% a mais do que um mês comum. Não negociei nenhum. Eles chegam aqui e me pedem informação”. A banca dele fica a cerca de 200 metros da esquina das avenidas Getúlio Vargas com Cristóvão Colombo, onde foram erguidas fontes de água e um portal informando o nome oficial da praça, Diogo Vasconcelos.

DOIS LADOS De um lado, a revitalização deixou a região mais charmosa. De outro, prejudicou os negócios de boa parte do varejo em razão de alguns motivos. Um deles foi o fechamento de aproximadamente 400 vagas para veículos em vias públicas. Outro foi o aumento do valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o do aluguel.

“O aluguel subiu mais de 50% e tivemos de entregar o imóvel e nos mudar para esse, que é menor”, conta Ingrid Poliana Alves, funcionária da Verde Blue, especializada em moda infantil. A loja funciona na Rua Antônio de Albuquerque, entre Bahia e Alagoas. O trecho fez parte de um projeto ousado. Em 2012, o poder público e entidades que representam os lojistas tentaram transformá-lo numa espécie de Oscar Freire, um dos corredores comerciais mais elegantes de São Paulo. A ideia foi manter os pontos de vendas abertos até as 21h com a finalidade de abocanhar parte da clientela dos shoppings.

Havia a possibilidade de o projeto ser estendido a outras vias da região, mas a experiência na Antônio de Albuquerque naufragou cerca de dois meses depois de ter sido colocada em prática. “Aqui, ficamos apenas uns 15 dias com as portas abertas até mais tarde, pois não surtiu o efeito que desejávamos. A Savassi não é mais a mesma”, reclamou Ingrid. Durante a Copa do Mundo, ela atendeu apenas três estrangeiros: um casal de bolivianos e um angolano.

Já Sara Veiga, vendedora da Stravaganza, especializada em moda feminina e que também funciona na Antônio de Albuquerque, conta que a loja negociou apenas uma peça para estrangeiros: “Um mexicano levou uma blusa, de R$ 99, para a esposa. Os turistas entram, conversam conosco, pois têm curiosidade em saber como o brasileiro se veste. Esperávamos mais com a Copa”.
Maria Auxiliadora, a presidente da Alsa, também tinha uma expectativa maior. “Tenho essa loja (de semijoias) há 24 anos. Até o Dia dos Namorados, que para o meu setor é a segunda principal data (atrás do Natal), foi o pior. E coincidiu com a abertura da Copa do Mundo”.

 
Enquanto isso

...Vendas aquecidas
de camisas do R10


Enquanto os comerciantes da Savassi, lojas de roupas e artigos em geral, reclamam das vendas em baixa durante a Copa do Mundo, na loja do Galo, na Rua Antônio de Albuquerque, o movimento dobrou. O produto mais procurado no local é a camisa 10, de Ronaldinho Gaúcho, ídolo da torcida. O sócio da loja do Galo Savassi, Frederico Albuquerque, conta que estrangeiros e brasileiros, quando entram na loja, a primeira pergunta é: onde está blusa de Ronaldinho?. Ainda de acordo com Frederico, não só as camisa são vendidas, mas chaveiros, mascotes, copos e bandeiras são levados por todos como lembrança de Minas. Ele disse não poder revelar o número de camisas vendidas.



Veículo: Estado de Minas


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