Rota do agronegócio favorece expansão de redes varejistas

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A rede supermercadista Grupo Delmoro, em Lucas do Rio Verde, interior do Mato Grosso, cresceu em 2013 cerca de 24% no faturamento sobre 2012 e emprega em sua sede no centro da cidade 427 funcionários, de transportadores à gerência e financeiro. O grupo opera hoje um total de quatro lojas e prevê a expansão da unidade sede, no centro da cidade. O Delmoro é um dos retratos mais expressivos da evolução do varejo na rota da riqueza do agronegócio no Brasil - presente em cidades como Sorriso e Nova Motum, também no Mato Grosso.

Do interior do Paraná, o Grupo Gazin, rede de varejo, atacado, indústria e serviços, é outro exemplo de empresa que acompanha o crescimento do agronegócio e supera expectativas. Segundo Durbelei Castro, assessor administrativo do Grupo, observou-se uma evolução de 35% no faturamento de 2013 e um aumento de venda de celular e informática. Castro confirma ainda que o público consumidor pertence às classes C, D e E e vive em cidades onde a principal atividade vem do campo. Luiz Carlos Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Agronegócio diz que os efeitos do setor na economia são observados principalmente no setor de supermercado, concessionárias de autos e maquinários agrícolas e serviços - restaurante, hotelaria, shoppings e lojas de revenda e insumos agrícolas - dado o aumento da oferta e da demanda proveniente da economia do setor.

O mercado de veículos automotores importados, por exemplo, é influenciado pelos trabalhos e fortunas geradas com o agronegócio e a safra recorde. Para Mauro Nassif, gerente de vendas do Grupo Caltabiano Chrysler, cerca de 10% dos veículos vendidos pelas concessionárias Caltabiano Chrysler (marcas Jeep, Dodge, Dodge Ram e Chrysler), são de uso direto ou indireto no agronegócio - percentual que corresponde a 60 veículos, em média. "O cliente precisa de um carro alto e com boa performance, como uma Dodge ou uma Cherokee". O gerente disse que em geral as vendas da Caltabiano são para proprietários do interior de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso. Uma Dodge custa cerca de R$ 184.900,00.

O Centro-Oeste é onde há maior destaque na rota de ouro das commodities, principalmente na produção de soja e milho. Na região foram consolidadas marcas como City Lar, varejista de móveis e eletrodomésticos presente no Norte e Nordeste, após tornar-se referência nacional pela sua atuação no Centro-Oeste.

O Estado de São Paulo também é destaque na economia de agronegócio. Em 2013 foi contabilizada uma safra de cana de açúcar correspondente a 55% da safra nacional. Em valor absoluto, o estado paulista produziu 404.679.977 toneladas de cana, enquanto na escala nacional foram somadas 737.859.346 toneladas, disse Julia Ximenes, assessora econômica da Fecomércio-SP. Parte da cana origina o açúcar comercializado nas redes supermercadistas.

Segundo Milton Erwin Neu, gerente geral da unidade sede do Delmoro em Lucas do Rio Verde, "a venda [do grupo] cresce na mesma proporção da cidade, que está crescendo muito e ainda mais agora, período em que está sendo construída uma ferrovia que nos ligará direito ao porto de Maranhão". Apenas a unidade sede, que trabalha especificamente a venda de alimentos (secos e molhados, frutas e verduras, açougue e padaria), em 2013 apresentou crescimento de 13%.

"Agronegócio só existe porque do outro lado da porteira, fora da propriedade, existe a indústria", A frase é um destaque na fala de Marcelo Duarte, diretor executivo da Aprosoja (MT). A entidade, aliás, se identifica com pesquisas sobre o setor. Uma delas foi levantada pela UFSCAR, realizada em 2006, e apontou os Impactos da Variação da Área Plantada de Soja sobre a Economia do Estado do Mato Grosso.

Mostrou que para cada R$ 1,00 pago a um assalariado são gerados outros R$ 33,00 pagos como salário na sociedade. Para cada R$ 1,00 que procede diretamente do agronegócio, é gerado um total de R$ 4,20 na sociedade e a cada um emprego "dentro da porteira", identifica-se 11,6 empregos na sociedade. Duarte garante que tais resultados se mantêm e aplicam-se perfeitamente nas economias de todos os outros grãos.

Vinho e investimentos


Já na região Sul, onde o agronegócio não é o carro-chefe, as perspectivas estão alinhadas ao desenvolvimento principalmente do turismo. O setor terciário está em aquecimento e propiciou em 2013 a evolução de 7% da venda de suco de uva e vinho. "Para 2014, a perspectiva é contabilizar uma evolução entre 8% e 10% no faturamento". O agronegócio referente a vinho na região sul representa 1% do Produto Interno Bruto (PIB) regional. O percentual também se refere ao varejo desses produtos.


 
Veículo: DCI


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