As famílias brasileiras ficaram mais dispostas em ir às compras na passagem de dezembro para janeiro. No entanto, o apetite para o consumo ainda está menor do que no mesmo período do ano passado, apontou ontem a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou alta de 1,1% em janeiro ante dezembro, para 131,0 pontos. Em relação a janeiro de 2013, houve recuo de 3,0%. Segundo a CNC, o alto nível de endividamento, o encarecimento do crédito e a persistência das pressões inflacionárias foram razões que mantiveram a intenção de consumo em um nível inferior ao ano passado. Por outro lado, a manutenção dos ganhos salariais reais e da taxa de desemprego baixa mantém o índice num patamar ainda favorável, acima da zona de indiferença (100,0 pontos).
"É um resultado favorável, mas não podemos dizer que vamos voltar a ter taxas de crescimento nas vendas em ritmo chinês. O cenário é de crescimento moderado", avalia o economista da CNC Bruno Fernandes.
Na comparação com o mês anterior, todos os componentes da pesquisa tiveram melhora em janeiro, menos o subindicador momento para duráveis. Na comparação com janeiro do ano passado, a queda na intenção de consumo foi causada por uma deterioração em quase todos os subindicadores, com exceção da avaliação sobre a Renda Atual (+0,4%) e a Perspectiva de Consumo (+4,4%).
Crédito - O encarecimento do crédito reduziu a predisposição do consumidor às compras, sobretudo o apetite por bens de consumo duráveis. A avaliação sobre o momento para a compra de duráveis teve deterioração de 6,5% em janeiro em relação a dezembro. Na comparação com janeiro de 2013, a queda foi de 14,1%.
"O indicador mostra que a perspectiva de consumo é moderada, porém favorável. Mas, para os bens duráveis, o momento tende a não ser tão favorável", avaliou o economista, lembrando ainda que também desestimulam o consumo de bens duráveis o alto nível de endividamento das famílias e a desvalorização do real frente ao dólar. "A gente tem um novo patamar de câmbio que encarece os bens duráveis", acrescentou.
Os juros mais altos nas linhas de financiamento afetaram também a avaliação das famílias sobre as compras a prazo. Apesar da melhora de 3,6% na passagem de dezembro para janeiro, o item compra a prazo teve piora de 7,3% na comparação com janeiro de 2013.
Outro sintoma da insatisfação das famílias com o crédito aparece na pesquisa pelo corte de faixa de renda. As famílias com renda mensal acima de 10 salários mínimos tiveram uma queda na intenção de consumo mais aguda (-5,4%) do que a registrada pelas com renda de até 10 salários (-2,5%).
"O crédito mais caro impacta diretamente mais essa faixa de renda mais alta", apontou Fernandes.
A CNC espera uma expansão em torno de 6% nas vendas do varejo em 2014.
Veículo: Diário do Comércio - MG