Seca causa aumento nos preços de frutas e hortaliças em Rio Branco

Leia em 6min 10s

Plantações de frutas e verduras são afetadas durante período de estiagem.
Acre vive período de seca histórica; 'trabalho é maior', diz produtor rural.


A seca histórica que atinge o Acre vem prejudicando não somente o sistema  de abastecimento de água em Rio Branco, mas também os produtores rurais. Produções de banana, mamão, melancia e hortaliças são castigadas pela falta de chuvas, e alguns produtos já são vendidos com aumento na Central de Abastecimento de Rio Branco (Ceasa), em Rio Branco.
 
O governo federal reconheceu a situação de emergência em nove cidades do estado devido às consequências da forte estiagem. A publicação está no Diário da União de quinta-feira (4). O governador do Acre, Tião Viana, havia assinado um decreto de situação de emergência no dia 7 de julho. O decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) no mesmo dia.
 
O atacadista Leonardo da Silva, de 22 anos, diz que foi um dos primeiros a aumentar o valor de algumas hortaliças. Ele conta que comprava um saco com 20 quilos de limão por valores que variavam de R$ 15 a R$ 18 no primeiro semestre deste ano, mas com a chegada do período de estiagem, o valor subiu para R$ 50. Para não perder os clientes, ele diz revender o produto por valores entre R$ 55 e R$ 60.
 
"São produtos retirados de produções que tem irrigação. Nessa época só produz quem tem irrigação própria, porque não tem chuva", relata Silva.
 
Outro fruto que teve aumento com a estiagem, segundo os comerciantes, foi o pepino. O vegetal era revendido para os atacadistas por R$ 25 e atualmente é repassado por R$ 50. Um aumento de 100%.
 
"Eu vendia abacaxi no começo do ano por R$ 3 e agora está R$ 7. Quase tudo aumenta o valor quando inicia o verão e esse ano aumentou mais por causa da falta de chuva", revela  Samuel Silva, de 18 anos, atacadista na Ceasa.
 
Francisco Cláudio, de 41 anos, produz hortaliças, frutas e algumas raízes. O produtor revela que é necessário aumentar o preço de alguns produtos para valorizar a mercadoria. "Antes estavam vendendo algumas coisas por R$ 2 e agora ofereço por R$ 6. Não tem como manter  o preço de antes", afirma.
 
Queda na produção

Produtor há 22 anos, Valdemir Teixeira, de 38 anos, relata que precisou optar em dar água para o gado ou regar as plantações. Teixeira é dono de uma propriedade, localizada no Projeto Orion, no km 5 do município de Acrelândiax, interior do Acre, e diz ter plantações de banana, mamão e pimenta. Ela revela que está vendendo apenas os produtos da safra anterior.
 
"Tem banana da produção anterior, mas desse verão não tem nada. Vamos tirando o que tem e vai se acabando. Só tem pimenta quem está regando. Não tenho mais mamão", lamenta o produtor.
 
Teixeira diz que possui um açude dentro da propriedade dele que abastece a casa, onde mora com a família, rega as plantações e serve para o gado. Com a falta de chuvas, o produtor diz que as águas do manancial já baixaram dois metros.
 
"O açude mede sete metros de profundidade, mas agora está com cinco metros. O gado bebe muita água nesse período, tenho que economizar", argumenta.
 
Situação semelhante enfrenta Cláudio, que diz regar as plantações com uma mangueira para não perder os produtos. A família do produtor mora no Ramal Belo Jardim e diz retira a água do rio para regar as produções.
 
"Se tivesse chuva, já estaria produzindo, mas não tem. O que estou vendendo agora é da plantação anterior. Comecei a mexer com roça também e fiz um plantio de mamão, mas preciso de água", detalha Cláudio.
 
Produtor desde criança, Cláudio fala que o local onde mora é herança familiar. Experiente, o homem revela que já vivenciou outras secas, mas nenhuma tão severa como essa. "Cresci aqui. Teve um ano que foi muito crítico também", relembra.
 
Previsão de aumento nos preços

Com a falta de plantações, o produtor explica que nos meses de setembro e outubro os reajustes devem ser ainda maiores devido a falta de produção nos meses anteriores. Para o homem, o período é visto como prejuízo nas vendas da mercadoria.
 
"Vai ter que aumentar o preço de tudo. O cacho de bananas que vendo por R$ 15 atualmente, vou ter que vender por R$ 30 ou até R$ 50. A palma de banana que hoje sai por R$ 2  vai ser vendida por até R$ 5", calcula Teixeira.
 
Falta de mercadoria

Se a seca tem prejudicado quem produz, os atacadistas também dizem sofrer com o período. Os comerciantes compram dos produtores e revendem por outro preço na Central de Abastecimento de Rio Branco (Ceasa). É assim que Afonso Alves, de 42 anos, tira o sustento da família. Ele diz revender apenas melancias e lembra que o cenário era outro ano passado.
 
"Chegamos a descarregar até 10 mil melancias na Ceasa. Esse ano não consegui comprar nenhuma melancia da praia, só produzida nos roçados e regados pelos produtores. Os produtos já aumentaram em até 40%", conta Alves.
 
Enoque Menezes, de 56 anos, fala que compra mercadoria de produções em Boca do Acre, no Amazonas, em Sena Madureira e Acrelândia, interior do Acre, para garantir a revenda na capital acreana. "Nunca vi um período assim. Já senti o peso no bolso e os clientes também. Ano passado estava muito bom essa época", avalia.
 
Nível dos rios

Na manhã desta quinta-feira (4), a Defesa Civil informou que Assis Brasil está com 2,80 metros, Brasileia e Epitaciolândia com 1, 08 metro, Xapuri em 1,17 metro e Rio Branco em 1,41 metro.
 
Com a seca, o Rio Acre atingiu o nível mais baixo já registrado na história em Rio Branco, no dia 29 deste mês (1,49 m), desde 1971, ano em que o manancial começou a ser monitorado. A menor marca até então havia sido de 1,50 metro em setembro de 2011.
 
Captação de água

Em entrevista ao Bom Dia Amazônia na terça (2), o diretor-presidente do Departamento de Pavimentação e Saneamento (Depasa), Edvaldo Magalhães, falou sobre as medidas que estão sendo tomadas
 
Após anunciar a ampliação da barragem feita para contenção na Estação de Tratamento de Água (ETA II), o diretor diz que a segunda medida a ser tomada pelo órgão deve ser o desligamento de uma das bombas de captação de água na torre. A barragem será ampliada em 12 metros para garantir que o volume de água captado pelas duas bombas seja mantido.
 
Quase um mês sem chuvas

De acordo com o coordenador da Defesa Civil Municipal, George Santos, não chove na capital acreana desde o dia 7 julho e a perspectiva é que a situação continue no mês de agosto. Em julho choveu apenas 5,6 milímetros, o que representa apenas 15% da média esperada, 32 milímetros.
 
O pesquisador Foster Brown afirmou, em matéria publicada no último dia 29, que além da ação humana, o período de estiagem se agravou pelos efeitos do El Niño, que resultou na pouca quantidade de chuva.
 
A Defesa Civil informou ainda que o nível do rio deve ficar abaixo de 1,25 metro até setembro. O major do Corpo de Bombeiros do Acre Cláudio Falcão revelou que o período de estiagem, que deveria encerrar em outubro, deve se prolongar até o mês de novembro. Falcão disse também que a previsão é de pouquíssima chuva para o período.
 
Fonte: Portal G1


Veja também

Ceratti quer mercado carioca de mortadela e outros embutidos

Rio responde por 5% do faturamento da empresa; meta é crescer a 20%  SÃO PAULO - Tradicional fabrica...

Veja mais
Antes mesmo de ficar pronta, reforma da Previdência cria divisão no governo

Unificação dos sistemas previdenciários de servidores civis, militares e trabalhadores da iniciativ...

Veja mais
Após alta em julho, feijão puxa queda de 3,1% no preço da cesta básica

O feijão, que em junho e julho puxou para cima a cesta básica, agora contribui para a queda no preç...

Veja mais
Índice internacional de preço dos alimentos da FAO cai após 5 altas

O Índice de Preços dos Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricul...

Veja mais
Leite, feijão e arroz: os vilões do mês de julho

Fonte: Jornal Bem Paraná...

Veja mais
Com garantia de oferta, tendência é de queda nos preços do milho no mercado interno

Brasil deve chegar em 31 de janeiro de 2017 com estoque de passagem de 4,47 milhões de toneladas do grão ...

Veja mais
Suggar prevê faturamento até 20% maior

Com crescimento nas vendas em julho, empresa já projeta desempenho melhor no segundo semestre  Apesar da qu...

Veja mais
Lucro do Magazine Luiza no 2º trimestre cresce mais de 200%

Companhia reportou resultado positivo de R$ 10,4 milhões nos três meses encerrados em junho ante R$ 3 milh&...

Veja mais
Leite subiu 12,37% em MG e deve seguir em alta

Os custos de produção elevados e o período de seca estão impactando na oferta de leite em Mi...

Veja mais