Escolha certa do mobiliário e design impulsionam lojas físicas

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                                 Experiência de compra. Investir em iluminação adequada, vitrines modernas e conservação dos pontos de venda pode melhorar o relacionamento com o cliente e aumentar o tíquete médio



São Paulo - Para concorrer com a comodidade das compras on-line, as lojas físicas têm buscado mecanismos para oferecer experiência de compra. Esta é uma das saídas apontadas por arquitetos e designer de interiores, que destacam cuidados com a iluminação e o mobiliário para tornar o ambiente mais agradável e atrativo, de modo a impulsionar as vendas.

Preocupada em oferecer um ambiente mais agradável e que favorecesse a permanência dos clientes nas lojas, a rede Neo Joias, de relógios, perfumes, óculos e joias é um exemplo de sucesso nesse sentido. Após investir nesses conceitos, seis de oito unidades da empresa que foram reformuladas conseguiram aumentar em 25% o tíquete médio. As mudanças envolveram atualização na vitrine, no layout e na iluminação.

A marca mineira, que possui unidades nas cidades de Belo Horizonte e Divinópolis afirma que ao investir no interior e na fachada das lojas foi possível perceber uma verdadeira mudança no hábito dos clientes. "Criamos ambientes para facilitar e promover relacionamento com o consumidor", destaca o proprietário da Neo Joias, Adriano Nunes. Afora as mudanças no espaço físico hoje as unidades oferecem servidos como café, água com gás e até cerveja aos clientes. "O objetivo é tornar o momento de compra mais agradável e duradouro".

Conforme Nunes, o mercado de joias exige que haja uma permanência maior dos clientes nas lojas. "O clientes hoje tem pressa, pois alguns ambientes não são convidativos. Mas depois de ser bem recebido, de tomar uma água ou um café ele acaba ficando mais tempo na loja e tem oportunidade de conhecer melhor os produtos".

Personalização

Não basta criar uma experiência favorável no momento da compra para ampliar as vendas. É essencial também conhecer o público-alvo. É o que destaca a designer de interiores Melina Mundim. "Se o público precisa ficar mais tempo na loja vamos pensar em uma iluminação com luz amarela, por exemplo, que deixa o ambiente aconchegante".

Atenta esse tipo de dica, a Neo Joias diz que para aumentar o volume de vendas de alianças, por exemplo, a marca resolveu criar um espaço exclusivo para as peças. Este ano, a Neo Jóias prevê alcançar o faturamento de R$ 18 milhões, frente aos R$ 10 milhões obtidos no ano passado. A rede abriu três lojas este ano e prevê mais duas em 2016.

Lojas de rua

Para o consultor do Sebrae-SP Adriano Augusto Campos, algumas cuidados são essenciais para tornar as loja físicas cada vez mais atraentes para o consumidor, em detrimento do e-commerce. "O primeiro ponto é pensar no conjunto fachada e vitrine, pontos que impactam no resultado das vendas", enfatiza Campos. Para ele, porém, muitas empresas ainda não conseguem realizar uma comunicação efetiva. Tanto que alguns locais têm pintura velha, estão sem logomarca e até paredes pichadas. "A falta de cuidados com espaço externo passa para o cliente a mensagem de decadência do estabelecimento." Outro erro comum sobre o funcionamento dos espaços é a falta de sinalização em portas de vidro. "Com o uso de ar condicionado, alguns estabelecimentos deixam a porta fechada. Mas é importante comunicar por meio de placas que o local está aberto". O ideal seria que a porta permanecesse sempre aberta, mas por outro lado a porta fechada também pode passar a ideia de personalização e seleção de clientes. Algumas soluções como uma cortina de ar para ambientes climatizados podem ser adotadas.

Vitrines

De acordo com o consultor do Sebrae-SP, a vitrine é talvez a parte mais importante da loja. É o espaço onde os lojistas colocam o que querem que o cliente veja. "É necessário ter harmonia na construção e na escolha das peças que estarão disponíveis". A vitrine precisa passar o conceito da marca, devem ser renovadas com frequência, pelo menos duas vezes por semana. A iluminação também precisa ser diferente de outros locais.

Campos diz ainda que a incidência de luz na vitrine garante destaque aos produtos, pois ela permite a melhor percepção pelos consumidores. Nas lojas de rua, o recurso também tende a reduzir o reflexo do sol, que às vezes dificulta a visualização dos produtos e peças expostos.

A designer de interiores Melina concorda com Campos em relação a importância da vitrine. Apesar disso, ela faz um alerta: por ser justamente um ponto forte de comunicação com o cliente, a vitrine não pode ser poluída com muitas peças e muito iluminada. "Esse tipo de mistura pode criar uma confusão na cabeça dos clientes. Sem falar que uma loja com excesso de itens expostos deixa o ambiente cansativo", ressalta.

Diferenças de locais

A arquiteta Estela Netto, que foi responsável pelo projeto da empresa Lúmini, voltada também ao ramo de joias e acessórios, chama a atenção para a relação da localização das lojas e a escolha da iluminação adequada. "Na hora de pensar no projeto é de suma importância saber se a operação irá funcionar em um shopping ou na rua. A maneira de iluminar é diferente".

Às vezes é feito um projeto padrão e ele é reproduzido em lojas que estão em espaços diferentes. Algumas unidades estão em locais fechados e outras em ruas ou espaços abertos, que demandam luz natural. "O projeto técnico tem de considerar este aspecto. Geralmente há erro cometido por várias empresas. Aliás isso é muito comum em unidades franqueadas".

Para a designer de interiores Melina é importante evitar também utilizar pisos brancos. São mais fáceis de sujar e passam impressão negativa do local. As cortinas em provadores também não devem ser usadas - desgastam com facilidade. Outro ponto destacado é a respeito da qualidade dos móveis. "Você tem de escolher um mobiliário realmente de qualidade e que seja resistente. Que tenha um tempo de vida maior e não exija a reposição mais rápida".

Mercado

Apesar de o consumidor recorrer cada vez mais às facilidades das compras pela internet, muitos clientes ainda preferem as lojas físicas. É o que aponta a pesquisa global da Accenture, realizada em 2014 com 15 mil consumidores de 20 países. Destes, 91% preferem de ir aos espaços físicos na hora das compras. Já outra pesquisa realizada pela Nielsen, este ano, com 1.900 pessoas de 12 países destaca os principais fatores considerados pelos clientes no ato de efetuar os gastos. Na liderança do ranking, estão quesitos como variedade (20%); promoções (19%) e conveniência no momento da compra (18%).



Veículo: Jornal DCI


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