Com smartphone a R$ 499, Xiaomi chega ao Brasil e acirra mercado

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                             Além do smartphone Redmi 2, empresa anuncious uma pulseira inteligente e um carregador externo


A chinesa Xiaomi estreou oficialmente no Brasil ontem com um evento em São Paulo marcado por cenas normalmente reservadas a artistas e celebridades de carne e osso, não a aparelhos de metal e policarbonato. Aguardada com expectativa pelo mercado e por fãs que acompanham a marca nas redes sociais, a Xiaomi chegou apresentando apenas um modelo de smartphone, o Redmi 2, que será vendido a partir de 7 de julho a um preço agressivo em comparação a produtos equivalentes: R$ 499.

O evento foi conduzido pelo mineiro Hugo Barra, que é vice-presidente da empresa desde setembro de 2013. O executivo reforçou a relação da marca com os fãs em diversos momentos da apresentação e ficou com a voz embargada ao falar da chegada da marca ao País.

A maior parte dos 800 lugares do auditório onde ocorreu o lançamento estava tomada por fãs, que se inscreveram pelo Facebook da empresa e serviram como uma animada claque para Barra. A presença dos admiradores, entretanto, foi subestimada pela Xiaomi: centenas de pessoas ficaram de fora e um segundo evento teve de ser improvisado para atender o público.

A existência de um fã-clube da marca é um dos aspectos que atrai comparações entre a Xiaomi e a Apple. Outros paralelos são menos favoráveis à empresa chinesa: alguns modelos chegaram a ser chamados de imitações de iPhone e os anúncios dramatizados que o CEO e fundador Lei Jun realiza dos produtos da marca lhe valeram o título de “versão chinesa de Steve Jobs”. Em mais de uma ocasião, o executivo chinês chegou a usar blusa preta de gola alta e calça jeans no palco, a exemplo do fundador da Apple.

Jun fundou a Xiaomi em 2010. Em quatro anos, a empresa se tornou a maior vendedora de smartphones da China e a quinta maior fabricante do mundo, deixando para trás veteranos como LG e Motorola.

Além do país natal, a Xiaomi opera em mercados asiáticos como Malásia, Indonésia e Índia. No ano passado, ela estreou em países como EUA, França, Alemanha e Reino Unido, mas vendendo apenas acessórios como sua pulseira fitness Mi Band (que chega ao Brasil, por R$ 95).

O Brasil é o primeiro mercado fora da Ásia a poder comprar smartphones da empresa. Barra também contou que o País será o primeiro local fora da China a fabricar aparelhos da empresa, na unidade da Foxconn, de Jundiaí (com isso, o Redmi 2 pode ser enquadrado na Lei do Bem, que isenta do PIS e do Cofins dispositivos com preço de até R$ 1.500 fabricados no País).

Segundo a empresa, o primeiro lote de aparelhos Redmi 2 disponível para o consumidor brasileiro será importado, “enquanto a fábrica acelera a produção”. Seguindo a estratégia da Xiaomi em outros países, o aparelho estará disponível para venda apenas no site da empresa. De acordo com Barra, inicialmente não haverá nenhum tipo de acordo com operadoras ou redes de varejo. “É cedo para dizer até que ponto isso pode funcionar no mercado brasileiro”, diz Eduardo Tude, analista da consultoria Teleco.

Competitivo

O Redmi 2 conta com 1 GB de memória RAM, tela de 4,7 polegadas com resolução HD, sistema operacional MIUI (baseado no Android e desenvolvido pela própria empresa), câmera traseira de 8 megapixels, frontal de 2 megapixels e espaço para dois chips 4G. Não é o topo de linha da companhia, que conta com modelos mais sofisticados.

Segundo Barra, a Xiaomi optou por estrear no País com o Redmi 2 para poder praticar um preço “disruptivo” em relação aos da concorrência (o Moto G2, da Motorola, com especificações técnicas similares, tem preço sugerido de R$ 699). De acordo com Tude, da Teleco, os R$ 499 do Redmi 2 estão dentro da faixa de preço que “a grande massa dos consumidores brasileiros costuma gastar em um smartphone”. Para conseguir esse valor, diz Barra, a Xiaomi economiza em áreas tradicionalmente custosas para empresas, como a publicidade. Toda a divulgação da empresa é feita nas redes sociais.

Barra ainda destacou que o Brasil é o primeiro país fora da Ásia a receber smartphones da empresa, já que EUA e Europa vendem apenas acessórios. Além disso, confirmando anúncio realizado no começo deste ano, os produtos da empresa chinesa serão fabricados na Foxconn, em Jundiaí. O Brasil, portanto, será o primeiro a fabricar produtos Xiaomi fora da China.

Evento teve vaias e xingamentos

“Eu vim de Juiz de Fora, Minas Gerais, foram oito horas de viagem para chegar aqui”, reclama Antonio Eduardo, técnico de informática. Há mais de quatro horas do lado de fora do teatro Net, no Shopping Vila Olímpia, em São Paulo, onde aconteceu o lançamento da Xiaomi no Brasil, o fã ficou não só decepcionado com a espera, mas também com a falta de informações. Qualquer notícia foi descoberta apenas por iniciativa dos usuários, segundo ele. “Muita gente desistiu e foi embora”, conta.

Erick Cordeiro, coordenador de informática de São Paulo, contou que mesmo com todos os códigos de acesso necessários, fornecidos aos usuários cadastrados pelo Facebook da empresa, e chegando no horário marcado, não conseguiu entrar.

Centenas de pessoas se aglomeraram na porta do evento desde cedo. Quando ficou claro que não haveria lugar para todos no teatro, xingamentos e vaias tomaram conta do local. Às pressas, a empresa teve que marcar uma segunda apresentação “para que a gente veja tudo que já vai estar na internet”, ironizou Erick. Segundo ele, a Xiaomi se desculpou pela confusão no segundo evento.

Nas redes sociais, muitos usuários criticaram o evento. “Só espero que a venda não seja bagunçada do jeito que foi o evento”, disse Eduardo Borba.

Enquanto isso, no palco da apresentação, Hugo Barra dizia frases como “Nós vivemos para os nossos fãs” e o telão mostrava fotos de jovens da comunidade da empresa no Facebook Mi Brasil, com 38 mil fãs, e que também estavam presentes em carne e osso na plateia do teatro.

Para o executivo brasileiro, o preço acessível do smartphone Redmi 2 é fundamental para atingir o público mais novo, sem dinheiro para comprar aparelhos caros.

Se o evento teve problemas com o excesso de admiradores (teriam sido 8 mil inscritos para o evento), isso também é um indicativo da repercussão que a Xiaomi alcança no Brasil antes mesmo de ter um aparelho disponível para o consumidor local. De acordo com Barra, a empresa conta com fã-clubes em 31 países, embora só venda produtos em oito.

Em 2014, a empresa promoveu 665 encontros de fãs em diversos países. A interação entre pessoas da empresa e admiradores não deixa ninguém de fora: Barra mostra no telão uma imagem dele fantasiado de cantor brega chinês, em um karaokê durante um evento de fãs.



Veículo: Jornal O Estado de S.Paulo


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