Preferências da geração Y impulsionam indústria de aromas naturais para alimentos

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                                Aos 28 anos, um jovem do Bronx que é louco por comida é a arma de uma empresa de Nova Jersey para tentar conquistar o mercado mundial de sabores.

 


Com brinco nas orelhas e um boné preto e estilizado dos Yankees virado de lado, Philip Caputo recebeu a missão de descobrir ingredientes que estão na moda, como uma pasta coreana de pimenta chamada gochujang, e transformá-los em aromas que a Hagelin Flavor Technologies possa vender a empresas de alimentos industrializados.

A matriz israelense da Hagelin, a Frutarom Industries Ltd., está percebendo que só a geração Y pode entender a geração Y. O CEO Ori Yehudai, que quase duplicou a receita desde 2010 por meio de aquisições, viu a geração com menos de 30, que se preocupa com a própria saúde, pressionar as redes de alimentos dos EUA, como Pizza Hut e Subway, para que elas deixassem de usar aromas artificiais. Ele aposta que a preferência pelos sabores naturais vai acabar deixando de ser uma característica da geração Y e se tornará mundial.

"A tendência dos alimentos e ingredientes naturais chegou para ficar", disse Yehudai em entrevista por telefone. "Nos mercados emergentes, ela está longe do nível em que aparece na Europa ou nos EUA, mas acho que chegaremos lá".

As ações da Frutarom, com sede em Haifa, Israel, subiram 25 por cento neste ano até domingo, superando rivais maiores como a International Flavors Fragrances Inc. e a Givaudan SA, e registraram o segundo melhor desempenho no índice acionário TA-25.

Temporada de compras

Parte desse rali foi alimentado pelo festival de compras da Frutarom. Ela comprou 21 companhias desde 2010, incluindo pelo menos seis neste ano em lugares como Índia e Austrália, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A empresa comprou a Hagelin, com sede em Branchburg, Nova Jersey, em 2013 e também tem unidades americanas em Ohio e na Califórnia.

Grande parte da estratégia de compras de Yehudai se concentra em aumentar o alcance da Frutarom nos mercados emergentes, onde as pessoas estão começando a consumir alimentos processados, como doces, iogurte e produtos de panificação a um ritmo mais acelerado do que nos EUA e na Europa.

Mas ele também está arrebatando empresas para atender à demanda do setor pelos ingredientes "naturais". Ele comprou recentemente companhias na Espanha e na Eslovênia que produzem corantes naturais e está investindo em antioxidantes naturais capazes de fazer com que os alimentos durem mais tempo nas prateleiras sem usar conservantes químicos.

Pasta de pimenta

No escritório da Frutarom em Nova Jersey, Caputo contou que descobriu o gochujang, a pasta de pimenta, no cardápio de um restaurante do Brooklyn e apresentou-o aos "tecnólogos de aromas" da Frutarom, que acabaram desenvolvendo e vendendo o produto a um cliente para um novo tipo de molho.

A propensão da geração Y pelos produtos orgânicos e a exigência de que fabricantes de alimentos sejam transparentes significa que marcas mais antigas, como McDonald's e Campbell's, terão que "atualizar" a qualidade dos alimentos para continuarem competitivas, disseram analistas do Goldman Sachs Group Inc. em um relatório sobre tendências de consumo publicado em maio.

Apaziguar a aversão aos aditivos químicos e aos organismos geneticamente modificados vai impulsionar as vendas do setor de aromas, disse Mark Astrachan, analista da Stifel Nicolaus Co. em Nova York.

Sal e açúcar

A Frutarom teve US$ 820 milhões em vendas no ano passado, em comparação com US$ 451 milhões em 2010. Projeta-se que a renda crescerá cerca de 6 por cento em 2015, de acordo com a média de estimativas de três analistas consultados pela Bloomberg. A meta de Yehudai é chegar a US$ 1,5 bilhão por volta de 2020.

Yehudai disse que as aquisições vão valer a pena porque ele poderá vender mais produtos aos novos consumidores que ele conseguir e reduzir os gastos por meio de economias de escala. Ele disse que a preferência por alimentos mais saudáveis vai continuar alimentando sua linha de pesquisa e desenvolvimento.

"Dois dos melhores sabores que conheço são muito comuns e baratos - um se chama açúcar e o outro, sal, e queremos consumi-los menos -", disse ele. "Parte do desafio do setor é esse: criar sabores gostosos com muito menos sal e muito menos açúcar".



Veículo: Site InfoMoney






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