Corrida às compras

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                            Gregos se deparam com supermercados cheios e lojas vazias no 1º dia do controle de capitais


Panagiotis Tsunamis, de 59 anos, tenta não entrar em pânico, apesar de os quatro filhos estarem desempregados. De licença médica devido a um acidente de trabalho, ele está há dois meses sem o auxílio-doença. Quem sustenta a família é sua mulher, que ganha € 900 por mês e correu ao supermercado para comprar o que fosse possível. Segundo Tsunamis, o futuro incerto da Grécia trouxe o medo de faltar comida no país, já que boa parte dos alimentos vem de fora.

— Não era pobre, fiquei pobre. Não me importa se os bancos estão fechados, não tenho dinheiro lá — disse ele, que votará “não” no referendo.

Muitas famílias têm ido aos mercados para estocar alimentos, temendo aumento de preços e desabastecimento. Com isso, alguns itens sumiram das prateleiras: na rede AB, uma das maiores do país, faltavam lentilhas, alguns tipos de macarrão, arroz e alface.

— Tenho três filhos e preciso comprar comida, mas não tenho dinheiro suficiente — disse Constantinos Papadopoulos, de 43 anos, desempregado.

Um funcionário de um açougue no bairro Koukaki contou que, desde sábado, as vendas aumentaram 20%. Segundo ele, as pessoas estão comprando três quilos de carne moída, em vez de um. Não compram mais por falta de dinheiro em espécie, já que poucos pequenos comerciantes trabalham com cartões de crédito.

Ontem, a cena de gregos tomando café gelado em mesas na calçada não se repetiu. Só turistas circulavam pelas tavernas em Plaka e Monastiraki. O dono de uma loja de iogurte em Plaka, que se identificou só como Constantinos, disse que sem os gregos, o movimento caiu 40%, e ele não fez pedido para repor o estoque:

— Não temos dinheiro para comprar nada e não podemos gastar o que temos, se não sabemos o que acontecerá.

Turistas também foram afetados no primeiro dia do controle de capitais, apesar de estarem isentos do limite de saque diário. Quando encontravam caixas eletrônicos com dinheiro, não conseguiam sacar o valor desejado. A colombiana Gioli Dias disse que cancelará a ida às ilhas de Santorini e Mykonos se os hotéis não aceitarem cartão de crédito. Já o casal de paulistas Carlos Lima e Fernanda Castro Lima não pretende antecipar a volta:

— Trouxemos dólares e estamos trocando a moeda em casas de câmbio. Não aceitaram cartão de crédito em duas tavernas, e ficamos aflitos, mas não ao ponto de antecipar nosso retorno.

As casas de câmbio em Atenas também seguem o controle bancário. Na Eurochange, transações com cartões bancários têm limite diário de € 60.

No Centro de Atenas, as lojas estavam vazias. A Zara, que teve movimento invejável ao longo da crise grega, não tinha clientes. A mesma cena era vista nos bares e restaurantes de Kolonaki, o bairro mais chique da capital.

 

Veículo: Jornal O Globo


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