Consumo vai continuar retraído

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Especialistas na área de varejo veem, a curto prazo, pouco espaço para mudanças no atual cenário de consumo em desaceleração no país, após a reeleição de Dilma Rousseff. Entendem que persiste um cenário de cautela para novos gastos e a expectativa de reajustes tarifários nos próximos meses, especialmente combustível, pode afetar mais esse ambiente.

"Há perda real de renda e ampliação nas taxas de juros ao consumidor. E não temos sinais claros de que maior acesso a crédito tenha afetado positivamente o consumo até agora. Esse cenário todo, que afeta o humor do consumidor, não mudou com a reeleição da presidente", disse Cláudio Felisoni de Angelo, presidente do Programa de Administração do Varejo.

"Há uma expectativa de que nas próximas semanas, ela [Dilma] mande sinais mais claros de que deve fazer mudanças na condução da política economica e isso pode acalmar mercados e ir gerando ambiente mais positivo, e isso afetar consumo mais à frente", disse.

Na avaliação de Felisoni, segmentos mais resistentes às oscilações de renda, como alimentos e remédios, devem manter taxas de crescimento em 2015 superiores ao Produto Interno Bruto (PIB), com manutenção dos planos de investimentos desse setor.

O presidente da Lojas Renner, José Galló, considera difícil prever quais medidas serão adotadas no novo governo para mudar os rumos da economia. "Se nada for feito, a tendência é ruim. Mas não imagino que a Dilma eleita vá se conformar e deixar a situação ficar mais complicada", disse.

Para o executivo, 2015 será um grande teste também para as estratégias empresariais. E ratificou que a Lojas Renner mantém a estratégia de longo prazo. "Talvez haja alguma redução de investimento em alguma área, se houver deterioração do mercado, mas nada relevante." A companhia prevê investir R$ 532 milhões neste ano, 29,1% a mais do que no ano passado e tem plano de aplicar R$ 200 milhões até 2017 na área de logística.

O presidente da Hypermarcas, Claudio Bergamo, afirmou que a reeleição de Dilma "não tem impacto nenhum" no planejamento da companhia. Ele disse que vai investir entre R$ 150 milhões e R$ 165 milhões em 2015 como já estava previsto.

"As variáveis mais importantes para o nosso setor continuam sendo emprego e renda, que por enquanto estão sendo menos afetadas que o restante. É um setor de bens de primeira necessidade e de uso rotineiro, muito pouco dependente de crédito. Então, não mudou nada", explicou Bergamo.

O executivo prevê uma preservação do cenário atual em 2015. Desde o ano passado, a Hypermarcas vê um consumidor mais exigente e cauteloso na hora de comprar, o que intensificou este ano e deve seguir em 2015, afirmou.

Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, apesar dos últimos meses mostrarem o varejo em desaceleração, há espaço para que "a máquina do consumo retome crescimento". "Apesar das pressões inflacionárias, o consumidor de classe média manteve emprego, percebeu que há mais crédito na praça e teve aumento real de salário mínimo. Esse consumidor adiou gastos, mas não fará isso indefinidamente. É possível que exista espaço para retomada na demanda passado o período eleitoral."



Veículo: Valor Econômico


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