Indústria brasileira de suplementos deve faturar 10% a mais neste ano

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Para aumentar a presença desses produtos no mercado nacional, que atualmente é de cerca de 6%, as fabricantes se uniram para pleitear mudanças de normas técnicas e regulamentação



Apesar da desaceleração da economia doméstica já ser percebida também pelos fabricantes de suplementos alimentares, o setor espera terminar este ano com um faturamento 10% maior em relação a 2013 quando movimentou R$ 1,1 bilhão.

A taxa de crescimento é a menor dos últimos quatro anos, de acordo com levantamento da Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais. A entidade mostra que no período o setor vem registrando um crescimento anual na casa de 20%, devido inovação na fabricação e lançamento de novos produtos com alta performance e tecnologia, que atende a vários perfis de consumidores

"Vários fatores impulsionaram o crescimento da categoria como investimento das empresas na criação de produtos com características inovadoras e alta tecnologia, os profissionais especializados que atuam no setor e também a mudança de hábito do consumidor", avalia o presidente da Brasnutri, Synésio Costa. Ele destaca que hoje existe uma preocupação maior com a sua saúde e bem-estar, fato este que se deve provavelmente ao aumento da expectativa de vida dos brasileiros. "As pessoas querem viver mais, porém com qualidade", disse.

Cenário


Mesmo com o forte potencial de expansão, empresários consultados pelo DCI dizem que a retração da econômica em 2014, a Copa do Mundo e as eleições acabaram impactando negativamente os negócios neste ano e ainda podem influenciar 2015.

"A indústria, em geral, foi bastante afetada pela desaceleração da atividade econômica", nota o presidente da Integralmédica, Filipe Bragança. Ele espera, entretanto, que o segundo semestre mostre uma melhora, mas vislumbra uma conjuntura difícil também no próximo ano.

Já o diretor da Supley Laboratório de Alimentos e Suplementos, Carlos Moretto, conta que a empresa não teve o crescimento esperado em 2014, embora já tenha observado uma recuperação do mercado no segundo semestre. "O primeiro semestre não foi tão bom, mas no segundo semestre o mercado reagiu. As pessoas começam a se preparar para o Verão", acredita.

Estratégia


Para driblar esse cenário, a Integralmédica tem investido no lançamento de produtos e patrocínio esportivo. Segundo Bragança, desde que a empresa começou a patrocinar as lutas do Ultimate Fighting Championship (UFC), a marca ficou mais conhecida. "Nossa receita cresceu 34% no ano passado, superando a média do mercado [de 21%]", afirmou, sem mencionar cifras. A empresa lança, em média, 25 produtos por ano e investe cerca de 10% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento.

A Supley, por sua vez, vem investindo na ampliação da capacidade de produção. "Depois de construir uma fábrica com 7 mil metros quadrados, em Matão (SP), investimos em um galpão para armazenar produtos acabados e já inserimos um segundo turno para reduzir o prazo entre pedido e entrega das encomendas", revela Moretto. Ele destaca ainda que a empresa tem apostado forte em publicidade com nomes conhecidos entre os jovens, como a integrante do programa humorístico Pânico na Band, Nicole Bahls, e o apresentador Marcos Mion.

Na visão do presidente da Integramédica, o mercado ainda tem muito potencial para ser explorado, devido à baixa penetração desses itens nas compras dos brasileiros.

"Somos o segundo país no mundo com maior número de academias, mas os suplementos são consumidos por apenas entre 5% e 6% da população", conta Filipe Bragança.

Projeto de Lei

Carlos Moretto da Supley acredita que o crescimento do mercado depende também de uma regulação específica. "Estamos pleiteando junto ao Congresso, por meio da Brasnutri, um regulador para esse mercado. Já existe um Projeto de Lei para isso", disse. O Projeto de Lei de Suplementos Nutricionais (PL 233/14), apresentado este ano ao Senado é a primeira iniciativa de criação de normas para o setor.

"Uma das questões abordadas no projeto, se refere a proibição de importação, por meio de comércio eletrônico usando sites hospedados fora do Brasil, de suplementos alimentares e nutricionais que não estão liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa]", explica o presidente da entidade.

Moretto argumenta ainda que a Anvisa teria que dar condições para as fabricantes brasileiras concorrerem com a mesma qualidade dos produtos importados. No Brasil muitas substâncias proibidas acabam entrando por meio dos produtos contrabandeados.

Para o presidente da Brasnutri, os suplementos contrabandeados via Paraguai e as importações ilegais por pessoas físicas, que compram livremente produtos que não são aprovados pela Anvisa, são os maiores problemas do setor. "Além de oferecer um risco à saúde pública, este comportamento é uma fraude ao Fisco".



Veículo: DCI


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