Farmacêuticas superam desaceleração econômica

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O crescimento das vendas de medicamentos e produtos de higiene e beleza tem mantido os industriais otimistas, mas eles observam com atenção as mudanças no rumo dos negócios




A indústria farmacêutica não tem sentido os efeitos negativos da retração na economia nacional, dizem executivos. No entanto, eles já começam a projetar um ritmo de crescimento menor em 2015 e pressão de custos.

O setor costuma ser o último a sofrer com os efeitos de períodos de baixo crescimento da economia, embora oscilações no nível de emprego possam prejudicar as vendas. A avaliação foi feita pelo presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, durante o evento Farma Show, que termina hoje, em São Paulo.

Mussolini prevê expansão de 12% a 15% neste ano, mas para 2015 espera algo entre 10% a 12%. A variação, que ele classifica como boa, é menor que a média de 15% vista nos últimos anos.

Segundo ele, essa previsão de redução no ritmo é reflexo da queda do nível de emprego e das mudanças no câmbio, que pressionam as margens de lucro do setor.

"A perda de emprego leva a uma redução nos cuidados com a saúde e a desvalorização do real frente ao dólar encarece a compra de matéria-prima", avalia. Hoje, 90% dos insumos usados pelas farmacêuticas são importados da China e Índia.

Perspectiva

Apesar de a expectativa para o próximo ano considerar riscos quanto à diminuição da demanda e o aumento dos custos com importação, executivos do setor mantêm o otimismo diante das vendas no primeiro semestre.

Segundo levantamento feito pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), a venda de medicamentos no varejo cresceu 12,34% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado, somando R$ 10 bilhões. Já os não-medicamentos, que são os produtos de higiene, perfumaria e cosmética, registraram aumento de 16,5%, para R$ 5 bilhões em vendas. A participação desses produtos passou de 30,5% para 32%.

O trade marketing da Kimberly-Clark, Rafael Alencar, conta que a participação dos produtos de higiene e beleza em farmácias tem sido um foco estratégico da companhia norte-americana. "As vendas em farmácias têm crescido acima da média da empresa", diz.

Outra indústria atenta para a expansão dos itens desse segmento é a fabricante de produtos infantis Lillo. A empresa começou a modernizar sua linha de produtos com investimentos na fábrica há três anos e hoje aproveita a alta nas vendas dos novos produtos.

"Apesar de a indústria, em geral, viver um momento de retração, não sentimos impacto negativo nas vendas", conta a gerente de marketing sênior da Lillo, Rosana Fiorelli.

Pressão

"As vendas não são um problema, mas a margem de lucro tem caído na medida em que os preços dos medicamentos são controlados pelo governo, enquanto os custos não", explica o presidente do Sindusfarma. Para ele, o descasamento entre custo e valor de comercialização prejudica o setor.

Isso porque o reajuste autorizado pelo governo não acompanhou o avanço da inflação oficial e o aumento dos preços das matérias-primas, observa o diretor executivo da farmacêutica Aspen no Brasil, Alexandre França. "Nossa margem tem diminuído nos últimos cinco anos e estamos chegando no limite", comenta.

Ele avalia que, se mantido o ritmo de aumento nos custos sem reajuste no preço dos produtos, a empresa chegará ao limite no final de 2015.

A pressão dos custos na margem de lucro preocupa também o presidente do Sindusfarma. "Se o ritmo de redução das margens de lucro se mantiver, os investimentos de inovação tendem a sofrer cortes, afetando a nossa competitividade", avalia Mussolini.



Veículo: DCI


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