Em quatro anos, pagamento com cartões terá 40% das transações

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Por Rosangela Capozoli | Para o Valor, de São Paulo


Primeiro, foi o "papel cheque" que substituiu o papel moeda. Agora é o plástico que está substituindo os papéis. A troca do dinheiro vivo pelo cheque - que se consumou anos atrás - se repete agora com os cartões de crédito e débito. Os números confirmam essa passagem. Hoje, o pagamento com o plástico já representa 28,3% no consumo das famílias brasileiras, alta de 2,3 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2013, quando o índice era de 26%.

Estudo feito pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) estima que no prazo de quatro anos esse índice passará para 40%, patamar similar ao do mercado americano que já superou os 40%. O crescimento da indústria de cartões tem garantido dois dígitos a cada ano e em 2014 não será diferente. A Abecs estima aumento de 17,3% alcançando uma movimentação próxima de R$ 1 trilhão.

"O crescimento está associado à contínua substituição dos meios de pagamento por parte dos consumidores, bem como à expansão do e-commerce e à entrada de novos nichos de comércio e serviço no sistema de cartões", diz Raul Moreira, vice-presidente da Abecs. Pelos números computados pela associação, é possível dimensionar o tamanho desse mercado e o potencial de crescimento. "Hoje são 88 milhões de cartões de crédito ativos de um total de 180 milhões emitidos. Os de débito somam 290 milhões, mas menos da metade, ou seja, 110 milhões estão ativos", acrescenta Ricardo Vieira, diretor executivo da Abecs. O nível de inadimplência, de acordo com a associação, é considerado satisfatório. "Em maio ficou em 6,7% contra 7,3% em igual mês do ano passado", completa Vieira.

Pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, sob encomenda da Abecs e divulgada em maio passado, aponta que 85% dos usuários de cartão de crédito pagaram o valor integral da última fatura e 88% pretendem fazer o mesmo no próximo vencimento. "Apenas 4% quitaram o valor mínimo, enquanto 8% optaram por fazer o parcelamento da fatura. Isso mostra que a grande maioria das pessoas costuma fazer bom uso do cartão de crédito e sabe aproveitar seus benefícios sem pagar juros", diz Vieira.

O último dado da Abecs - referente ao primeiro trimestre do ano - revela que os brasileiros movimentaram R$ 223 bilhões com cartões de crédito e débito no primeiro trimestre do ano, alta de 17,7% em relação ao mesmo período de 2013. Tomando como base apenas a modalidade cartão de crédito, o valor transacionado foi de R$ 142,4 bilhões, o que representa um crescimento de 15,2% em relação ao primeiro trimestre de 2013. "Esse instrumento foi responsável por 1,13 bilhão de transações no período, aumento de 8,7%, e apresentou tíquete médio de R$ 125,20", diz Moreira. Os gastos de brasileiros no exterior com cartão de crédito movimentaram R$ 6,59 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 2,5% ante o mesmo período de 2013. Já o valor gasto por estrangeiros no Brasil, nesses três meses, foi de R$ 3,14 bilhões, aumento de 5,3%.

A performance do Banco do Brasil - que opera com as bandeiras Visa, Mastercard e Elo - entre os meses de janeiro e junho, supera a expectativa do mercado que era crescer 17%. "O desempenho no primeiro semestre ficará superior a 20% na área de cartões incluindo pessoas físicas e jurídicas. Aliás, PJ funciona como um alavancador com alta de 32% ao ano, nos últimos três anos. A nossa expectativa é manter-se acima da média do mercado", afirma Moreira, que também é diretor de cartões do Banco do Brasil. As transações nos primeiros seis meses do ano, de acordo com o diretor, foi superior a R$ 113 bilhões.

Cesario Nakamura, diretor de cartões do Bradesco, não fornece dados sobre o desempenho do setor, mas diz que o Bradesco detém 22% do faturamento da indústria de cartão e que, em 2013, movimentou R$ 835 bilhões. "Crescemos alinhado com o mercado. O mercado de corporativo continuará crescendo acima de pessoa física nos próximos anos", diz.


Veículo: Valor Econômico


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