Varejistas apostam em promoções de artigos de inverno

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Lojistas de Rio Preto apostam na antecipação das liquidações de inverno para recuperar as perdas geradas pela Copa do Mundo. O Mundial e as temperaturas amenas derrubaram as vendas em até 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Por conta disso, os preços caíram até 70% poucos dias depois do início da estação.

O diretor de Comércio da Associação Comercial e Empresarial de Rio Preto (Acirp), Jorge Luis de Souza, explica que os dias parados por conta dos jogos do Brasil corresponderam a 15% dos dias trabalhados no mês, ou seja, o comércio fechou suas portas durante quatro dias úteis. Além do prejuízo com o Dia dos Namorados, que é uma data considerada de suma importância para o setor. "Nos dias dos jogos foi verificada queda de até 80% no faturamento das empresas em comparação aos dias normais.

" Outro problema citado pelo diretor são os fatores climáticos que afetam a região. Isso porque a mais de ummês no inverno não houve uma queda de temperatura importante. E se não esfria, itens de vestuário e utensílios domésticos ficam parados nas lojas. "Ainda que o empresário conheça a temperatura habitual da cidade, é preciso renovar seu estoque e ter peças à disposição".

Segundo Souza, as pesquisas demonstraram que o consumo caiu e a capacidade das pessoas em pagar suas contas em dia também, o que gera uma queda na confiança do empresário. "Estamos configurados com uma inflação persistente, e, que, consequentemente, diminui o poder de compra. O consumidor, em sua totalidade, está com alto nível de comprometimento da renda.

" De acordo com o Diretor Executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Rio Preto (Sincomercio), Ricardo Ismael Arroyo, durante o período da Copa as vendas registraram queda - ele não apontou um percentual - por conta do horário reduzido de funcionamento das lojas e, depois pela eliminação do Brasil na luta pelo título. Essa última situação acabou não influenciando muito no faturamento, uma vez que as disputas já estavam no final. "Os setores de eletroeletrônicos, vestuários e calçados não foram tão afetados quanto os demais segmentos que não comercializavam produtos ligados à Copa do Mundo", acredita.

Na loja de confecções Brás Center, no Calçadão, a queda nas vendas chegou a 20% em relação a junho do ano passado. Segundo a gerente Cristiana de Camargo Madureira, o feriado do dia 9 de julho - logo após a derrota do Brasil para a Alemanha pelo placar de 7 a 1- foi um dia terrível para o comércio. "Parecia um dia de ressaca.

Estava um clima triste", disse. Para tentar animar as vendas, a loja colocou itens de inverno em liquidação, com descontos que chegam a 50%. É possível encontrar jaquetas de couro ecológico de R$ 99 por R$ 69,90 (-29%), blusinhas de R$ 29,99 por R$ 15,99 (-46,6%), entre outras promoções. "Com os preços mais em conta o consumidor aproveita para comprar". Na Textil Abril, segundo o gerente Elizeu Rubinho, as vendas registraram queda média de 10% no mês passado, em relação ao mesmo mês de 2013.

"O frio não chegou e, nos dias de jogos, as pessoas não saíram para fazer compras. Além disso, os itens com temática da Copa não tinham valor agregado." Agora, a liquidação de inverno tentar reverter os prejuízos. Os descontos chegam a 40% e o consumidor pode encontrar casacos por R$ 28,99. Antes, custavam R$ 42,99, o que representa uma redução de 32,5% nos preços.


Calçados

O setor de calçados também sentiu a desaceleração nas vendas no mês de junho. Na Sombra Calçados houveuma redução média de 30% no faturamento. "O Dia dos Namorados, que é uma data muito especial para o comércio, foi perdida.E as pessoas também que querem aproveitar a troca de coleções para viajar, ir às festas, se retraíram.

Tudo por conta da Copa", afirmou a gerente Rosemeire Carvalho. Mas, apesar da queda nas vendas, o lojista mantém o otimismo para o segundo semestre e espera recuperar o cenário que não se confirmou na primeira metade do ano. "Como aconteceu com a Seleção houve um blackout nas vendas", brinca Fernanda Gil, gerente da loja de calçados Comoditá.

O balanço do mês ainda não foi fechado, mas a estimativa é de uma retração mínima entre 3% e 5%. E, agora, para desovar o estoque de inverno muitos itens estão em promoção. É possível encontrar botas de R$ 255 por R$ 99,90, redução de 60%. "O que anima também é que existe a perspectiva de um friozinho maior no próximo fim de semana", afirma.


Perspectivas

Segundo Jorge Luis Souza, diretor da Acirp, para o próximo semestre a expectativa é de que o cenário atual não se modifique. Os analistas preveem um PIB que não ultrapasse 1,2% nesse ano, o que deve influenciar ainda mais os Índices de Confiança dos Consumidores e Empresários medidos pela FGV e Fecomercio. "Cabe ao governo dar sinais de melhora na política econômica, principalmente no que diz respeito à política de juros."


Shopping também adere

Os shopping centers de Rio Preto não alteraram o calendário oficial de suas liquidações, mas algumas lojas estão fazendo promoções pontuais. Os shoppings Cidade Norte e Praça Shopping promovem suas campanhas no mês de agosto.

O Plaza Avenida Shopping, depois do fim do inverno. Já o Riopreto Shopping realiza a liquidação Imperdíveis nos dias 25, 26 e 27 deste mês. Com adesão de mais 80% dos lojistas, as promoções em vários segmentos devem chegar a 80% de desconto. O Iguatemi também promove uma liquidação entre suas lojas, de 24 a 27 de julho, com ofertas de até 70% na campanha 3 ½ Dias de Loucura.


Perdas

A Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) estima uma redução de quase 20% nos movimentos dos shoppings no País. Na cidade, de acordo com o diretor superintendente do Praça Shopping, Marcos Fernandes, foram quase 30 horas de paralisação das atividades em função dos jogos do Brasil e de feriados durante a Copa.

No Plaza Avenida, de acordo com o gerente geral Carlos Madureira, a redução de 5,1% nas vendas em junho, em comparação com o mesmo mês do ano passado, já começou a ser retomada. "O lojista já percebeu uma mudança significativa no comportamento do consumidor. Isso faz com que os comerciantes já estejam bem mais otimistas para os próximos meses", afirma.

No Shopping Cidade Norte, houve lojas que chegaram a registrar queda de 10% no movimento, o que levou algumas de vestuário e calçados a antecipar as liquidações e oferecer descontos que variam de 50% a 70%. O Riopreto Shopping Center informou que apenas durante os jogos da Seleção Brasileira foi detectada diminuição no fluxo de clientes, mas o balanço de vendas não foi fechado. O Shopping Iguatemi não se manifestou.


Consultas no País registram queda de 7,56%

As consultas para vendas a prazo, que sinalizam o ritmo de atividade do comércio, caíram 7,56% durante os 30 dias de realização da Copa do Mundo em relação ao mesmo período de 2013 em todo o País. Na comparação mensal, a queda foi de 6,94%, segundo levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Na avaliação do presidente da CNDL, Roque Pellizaro Junior, a Copa do Mundo atraiu investimentos em infraestrutura e turistas de várias partes do mundo, mas não trouxe resultados positivos para as vendas no comércio. Uma das principais razões é a transferência dos gastos dos consumidores para as áreas de alimentos e bebidas, como restaurantes, supermercados e bares, setores em que os tíquetes médios são mais baixos e geralmente pagos a vista.

"O mundial impulsionou a economia de modo muito concentrado. Enquanto alguns setores do comércio e serviços lucraram com o aumento da procura, outros como os de bens de maior valor agregado sofreram com a queda da demanda", explica Pellizaro Junior. Além do cenário desfavorável de inflação persistentemente alta e crédito mais caro, os feriados decretados em algumas cidades-sede e o encerramento mais cedo do expediente em dias de jogos da seleção brasileira contribuíram para a queda das vendas no varejo.



Veículo: Diário Web


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