Setores de alimentos, bebidas e fármacos passam pela crise e têm desafio de mater o ritmo

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Apesar da piora da atividade econômica, grupo restrito de indústrias que inclui ainda atividades agrícolas, comunicação e transporte surpreendem com taxas positivas



A salvo do tombo praticamente generalizado da produção industrial brasileira em maio e da piora de indicadores vitais da economia, um grupo restrito, mas importante, de indústrias, atividades agrícolas e de prestadores de serviços ganha atenção redobrada nas projeções sobre o que esperar dos próximos meses. As fábricas de alimentos, bebidas, produtos químicos e farmacêuticos, ao lado das vendas de soja, carnes e café e dos serviços de alimentação, alojamento, comunicação e transportes surpreendem com taxas positivas e, agora, enfrentam o desafio de manter o ritmo num período de incertezas com a campanha eleitoral nas ruas.

São esses segmentos que seguram a queda da produção geral da indústria, influenciada em maio por 18 ramos com taxas negativas entre 26 analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). A retração da produção foi de 1,6%, na média, de janeiro a maio, ante o mesmo período de 2013, e de 3,2% em maio, frente ao registrado no ano passado. Na sequência de más notícias, caiu 0,18% o Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) medido pelo Banco Central como indicador de referência do Produto Interno Bruto (o PIB, retrato da produção de bens e serviços do país). Para complicar o drible que esses segmentos deram nos dados negativos, o emprego formal mostrou mais sinais de cansaço, tendo exibido em junho o menor saldo entre contratações e demissões – de 25.363 vagas – para este mês desde 1998.

É muita munição para aguçar o mau humor dos analistas de bancos e corretoras. Nas fábricas que vão bem, a despeito do restante da indústria, no entanto, não se fala em arrefecer a produção, já que se trata de bens essenciais de consumo, pelo menos enquanto a renda e o emprego sustentarem taxas também positivas. O mesmo ocorre nos segmentos ativos do setor de serviços e nas lavouras estimuladas pela safra recorde e o bem que a tecnologia faz à produtividade (veja o quadro na página ao lado). Ainda assim, as expectativas são modestas, resume o gerente de política industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco.

“A confiança dos empresários e dos consumidores permanece baixa e o calendário eleitoral gera uma posição mais de observação do que de decisão no campo dos investimentos”, afirma o economista da CNI. A equipe da instituição está refazendo os prognósticos para 2014 e deve divulgar nova revisão na semana que vem. Em abril, a instituição havia baixado de 2,1% para 1,8% a sua projeção para o crescimento da economia em 2014. Castelo Branco observa que, para os segmentos da indústria que apresentaram taxas positivas até maio, os números refletem a característica de um consumo que não pode ser postergado ou que não depende de financiamento, diferentemente das indústrias de eletroeletrônicos e automóveis.

Exportação ajuda

Na indústria de produtos farmacêuticos, o dinamismo se manteve até agora, como observa o economista Paulo Roberto Santos Casaca, da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). As exportações do setor no Brasil somaram US$ 133 milhões em junho, representando aumento de 2% em relação ao idêntico período de 2013. A produção cresceu 8,9% de janeiro a maio. Em Minas, as empresas exibem números animadores, tendo elevado as vendas externas de maio em 15%, comparando-se com maio de 2013, e apuraram receita de US$ 40 milhões.

O faturamento verificado pela Fiemg indicou avanço de 33,54% nos cinco primeiros meses do ano e de 40,02% em maio, se comparados aos mesmos períodos de 2013. “Não enxergamos, hoje, nenhum fator específico capaz de conter o crescimento do setor farmacêutico, a não ser problemas sistêmicos que possam atingir os setores da indústria como um todo”, afirma Paulo Casaca. A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico registra 18 projetos de implantação de unidades ou expansão de indústrias de fármacos negociados com o governo mineiro de 2010 até este ano. O mais recente e que está em andamento em Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, é o da Biomm Technology, que retomará a produção de insulina humana em Minas, com investimentos de R$ 333 milhões. Os recursos totais anunciados nos últimos quatro anos são de R$ 667,8 milhões.



Veículo: Diário de Pernambuco


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