Embora o custo da cesta básica em Belo Horizonte continue a consumir uma parcela significativa do salário mínimo, chegando a 46,19% do seu valor, em janeiro deste ano foi observada ligeira queda de 1,47% em relação a dezembro do ano passado.
"Foi um comportamento atípico, pois nessa época do ano costuma haver aumentos", observa o técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos de Minas Gerais (Dieese-MG), Lúcio Monteiro, para quem esse resultado pode ser atribuído à estiagem e à regularização da oferta de alguns produtos.
Mesmo o aumento de 2,62% no acumulado dos últimos 12 meses surpreende positivamente, considerando a alta de 11,83% registrada em janeiro de 2013 na comparação com janeiro de 2012. Segundo Monteiro, essa base alta de comparação explica, em parte, esse incremento mais modesto. Mas há outros fatores.
"O ano passado foi de aumento, em virtude da inflação de alguns alimentos como o tomate, que no período sofreu uma elevação de 26%", indica Monteiro, lembrando da alta incidência das chuvas no verão passado.
O resultado no acumulado dos últimos 12 meses interrompe uma série de grandes altas. Em janeiro de 2012, na comparação com o mesmo mês de 2011, o incremento foi de 9,81%, enquanto em janeiro de 2011, na comparação com igual período de 2010, a variação chegou a 18,68%. "Às vezes a cesta mensal não varia muito, mas alguns produtos acabam pesando no valor final", ressalta.
Nos últimos 12 meses, os produtos com maior elevação no preço médio foram a farinha (26,09%), o pão (13,65%) e a batata (11,02%). O que, segundo Monteiro, pode ser explicado pelas interrupções das importações do trigo, sobretudo da Argentina, que podem ter comprometido o abastecimento e elevado os preços. As maiores baixas foram registradas nos preços do tomate, com queda de 22,76%; do óleo (21,56%) e do açúcar (10,97%).
Mês - A queda de 1,47% na variação mensal interrompe uma seqüência de aumentos. Em dezembro, na comparação com novembro, o incremento foi de 0,45%; Em novembro, de 2,67%, em outubro, de 2,30% e, em setembro, de 1,87%. Antes disso, algumas baixas, como a de 1% apurada em agosto, na comparação com julho.
Naquele mês, a queda foi de 4,86% em relação a junho, superando o recuo de junho ante a maio, de 2% e de maio frente à abril, de 3%. As maiores altas de 2013 foram apuradas em março (3,35%); fevereiro (4,57%) e janeiro (3,06%).
Em relação a dezembro, os produtos que apresentaram as maiores altas foram o feijão (15,01%); o açúcar (6,15%) e a farinha (1,4%). Já as maiores quedas foram percebidas nos preços da banana (12,76%), da batata (11,49%), do tomate (8,6%) e do leite (6,59%).
Em relação às demais capitais o custo da cesta em Belo Horizonte figura com a sétima em valor R$ 307,65, ficando bem acima de de João Pessoa (PB), com menor custo (R$ 264,17) e abaixo de Vitória (ES) (R$ 327,13). A maior queda foi registrada em Campo Grande (MS), com 4,19% e a maior alta, em Brasília (DF), de 5,49%. Segundo o Dieese, para se atender às necessidades alimentares de uma família de quatro pessoas, o salário mínimo deveria ser de R$ 2.748,22.
Veículo: Diário do Comércio - MG