Redes buscam união com a web

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Logo na abertura da conferência anual da National Retail Federation (NRF), em Nova York, quando as delegações dos países presentes se reúnem para ouvir o discurso de dois ou três representantes mundiais do varejo, foi a indústria de shopping centers que esteve no centro de debate. Na primeira mesa de discussão do evento, no domingo, o foco foi um ponto sensível para esse segmento. Como os shoppings pretendem manter seus resultados num cenário em que as vendas pela internet crescem de forma mais acelerada que as das lojas físicas?

Os resultados atuais das grandes empresas de shoppings do mundo mostram crescimento acelerado e níveis de rentabilidade altos, inclusive no Brasil, com grupos como BRMalls e Multiplan. As questões colocadas, portanto, se referem a um projeto de manutenção de resultados mais a médio e longo prazos. O que se conclui, e isso é admitido pelas empresas e especialistas, é que, se não dá para vencê-los - o poder do comércio on-line é imensurável - é preciso se juntar a eles. Alguns projetos pilotos que estão sendo apresentados no evento da NRF mostram como é possível trazer o mundo virtual para dentro dos empreendimentos.

A Westfield, empresa de shoppings australiana, testou no último Natal um modelo de venda de produtos on-line dentro de empreendimentos do grupo, em parceria com o site eBay e a Sony. Trata-se da criação de frentes de lojas virtuais, nome dado ao projeto, em que o shopping aluga espaços com grandes telas sensíveis ao toque, em que se pode comprar produtos das marcas de forma virtual. Nas paredes dos shoppings, a loja reflete imagens de sua marca e dispões as telas de venda. Além da Sony, as varejistas de vestuário americanas Rebecca Minkoff e Toms participaram do piloto com a Westifeld.

Cem produtos dessas marcas estiveram à venda nessas áreas, em shoppings do grupo. "É ótimo fazer compras on-line, mas precisamos de interação. Os shoppings começam a trazer esses dois mundos ao consumidor", disse Rebecca Minkoff, em apresentação na NRF.

Categórico, Rick Caruso, presidente da empresa de shoppings Caruso Affiliated, sentenciou o fim dos shoppings centers fechados, sem áreas livres, e disse que a única forma de tirar o consumidor da frente da tela dos computadores é criando empreendimentos focados nas áreas de lazer e entretenimento. "Os shoppings fechados vão desaparecer se não forem repensados. Desde 2006, não foi aberto nenhum shopping fechado nos Estados Unidos", disse ele.

"O que precisamos oferecer não está na prateleira de uma loja. Temos que criar ambientes acolhedores, serviço de alto nível e opções de entretenimento que não se vê em outros lugares. Logo, ninguém mais vai sair de casa com a intenção direta de comprar algo. Gastar dinheiro pode acontecer a qualquer hora, e temos que ter uma atmosfera cada vez mais preparada para isso", afirmou ele.

O mercado brasileiro de shoppings tem trabalhado dentro da expectativa de ampliar áreas livres e verdes, reforçar níveis de segurança e facilitar acessos de consumidores, na tentativa de reforçar as vantagens da venda da loja física. Outra opção que tem sido discutida é a retirada, em lojas dos shoppings, das mercadorias compradas nos sites dessas lojas. Isso cria um novo serviço e pode atrair tráfego para os shoppings. "Há uma discussão hoje de um novo conceito, um novo modelo de shoppings com mais serviços e melhor atendimento, mas esse é um debate no mundo todo, não só no Brasil", disse Henrique Guerra, diretor executivo da Aliansce Shopping Centers.

"Por aqui, o que o mercado tem feito é tentado tirar o consumidor de casa mostrando que há algo que ele pode fazer no shopping que não encontra na internet, como novas opções de lazer para as crianças e de entretenimento para as famílias", afirmou.

Empresas como BRMalls e Iguatemi tem buscado fechar acordos com varejistas estrangeiras para trazer suas primeiras lojas ao Brasil, antes que elas comecem a vender pela internet no país. Top Shop, no JK Iguatemi, e Forever 21, que abrirá sua primeira loja no país no Morumbi Shopping em fevereiro, são exemplos desse tipo de acordo, que busca numa exclusividade temporária a geração de novo tráfego de clientes aos empreendimentos.



Veículo: Valor Econômico


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