Crescimento do país exige uma política de longo prazo

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Planejamento estimula investimentos e eleva competitividade empresarial


A inexistência de uma política industrial de longo prazo no Brasil é o principal entrave para o crescimento do país. Esse tipo de planejamento estimula investimentos, como em infraestrutura e logística, além de nortear transações no âmbito interno e externo, elevando a competitividade das empresas locais. Porém, é um trabalho que necessariamente demanda um longo prazo para ser concluído, o que significa que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional deverá permanecer com baixas taxas de crescimento, conforme avaliação de especialistas.

Todos os países cujas economias se destacam em relação aos demais passaram por um planejamento estratégico para chegarem a esse patamar.  o caso, por exemplo, da Coreia do Sul e da China que seguem em ritmo de crescimento mais acelerado do que o brasileiro. E a fórmula utilizada por eles seguiu no sentido de restringir importações, investir em setores estratégicos e em capital humano, aportar recursos em infraestrutura e a criação de subsídios para o setor industrial, aponta o diretor de Economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Andrew Storfer.

Já o Brasil, pontua o especialista, nunca teve uma política industrial de longo prazo. Na história do país ocorreram algumas tentativas como no governo do Juscelino Kubitschek, em que as montadoras de veículos receberam estímulos. Com o presidente Getúlio Vargas foi implementada a base da siderurgia nacional e com os governos militares, durante o período da ditadura, foram formados polos petroquímicos. "Mas nada foi levado em frente. Depois desse período, cada governo passou a pensar políticas que resolviam os problemas imediatos de determinados setores. Mas nada que norteasse a indústria como um todo", afirma.

Durante o governo Fernando Henrique Cardoso o grande desafio passou a ser o combate à inflação por meio do Plano Real. O conjunto das ações deveria ter servido como base para uma futura política industrial. "Precisamos deixar o país preparado para poder planejar os rumos da indústria, por isso é preciso o controle da inflação e investimentos em infraestrutura, dentre outras ações. Mas, depois do FHC regredimos porque estamos novamente com as contas governamentais e inflação descontroladas. Vamos ter que resolver isso para depois podermos implantar alguma política industrial bem embasada", avalia.

Desoneração - O que tem sido feito atualmente pelo governo federal é o Plano Brasil Maior, que adotou algumas medidas como a desoneração da folha de pagamentos e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (PIB) sobre alguns produtos como móveis, automóveis e linha branca. O programa, apesar de ajudar alguns setores, não foi suficiente para alavancar o PIB.

Para o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Guilherme Veloso Leão, essas ações do governo federal não podem ser consideradas uma política industrial de longo prazo, já que estimula setores específicos e por um período determinado. Para ele, o governo precisa focar em medidas que elevem a competitividade do setor com ações definitivas, como investimento em educação e melhoria do ambiente macroeconômico e do ambiente regulatório. " um processo lento, mas permanente. E o crescimento do país depende disso", ressalta.

O professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), Pedro Paulo Pettersen, defende que, antes da implantação de qualquer política industrial, o país precisa controlar o câmbio e a inflação. "De nada adiantaria uma política se continuar praticamente impossível manter uma indústria internamente", afirma.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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