Argentina faz terceiro congelamento de preços

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Acordo foi fechado entre o governo, supermercados e fornecedores após aumentos de até 264% no final do ano



A Argentina iniciou ontem o terceiro congelamento de preços, com aumentos acima de 200% em muitos itens. A medida, adotada pela terceira vez desde o ano passado, busca interromper a trajetória de alta dos preços dos produtos de consumo em massa e conter as expectativas inflacionárias do país. De janeiro a novembro, a inflação acumulada na Argentina chegou a 26,9%, conforme o chamado índice do Congresso, elaborado sobre a base de levantamentos realizados por sete consultorias privadas. Somando dezembro, a inflação de 2013 pode ficar próxima de 30%.

A Argentina e a Venezuela são atualmente os países da América do Sul com a maior taxa de inflação, se distanciando cada vez mais dos vizinhos, que mantém índices de um dígito. A maioria dos países da região teve inflação em torno de 5% em 2013. No Peru, a alta acumulada foi ainda menor que a brasileira: 2,8%, abaixo da meta estabelecida pelo Banco Central, de 3%. No Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) só será divulgado na próxima sexta-feira, mas deve fechar em torno de 5,8%, conforme projeções.

Já a Venezuela fechou o ano de 2013 com IPC acumulado de 56,2%. Para o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, a inflação “é induzida, especulativa, (fruto) da bolha criada pela guerra econômica de um capitalismo parasitário”. Maduro responsabiliza a oposição e os empresários pela “especulação de preços”. Os economistas venezuelanos projetam inflação de 75% em 2014.

A Colômbia teve inflação de apenas 1,9%, a menor dos últimos 50 anos. No Chile, o número ainda não foi divulgado, mas as projeções apontam a 3%, enquanto no Paraguai, os preços subiram 3,7%. Equador e Bolívia tampouco informaram o índice de dezembro, mas, até novembro, estes países tinham acumulado alta anual de preços de 2,5% e de 6,4%, respectivamente. Deste grupo de países da região, o único que destoou foi o Uruguai, que experimentou índice de 8,5%.

O mais preocupante, no entanto, é que nem a Venezuela, nem a Argentina têm um plano para combater a forte alta de preços. Na Venezuela, Maduro tenta baixar a inflação na marra e ocorreram saques no país. Já na Argentina, a medida preferida é o congelamento, que, desta vez, chegou com 194 produtos, bem inferior aos 500 das duas listas anteriores.

Estão tabelados preços de algumas marcas de: macarrão, açúcar, erva-mate, óleo comestível, bebidas, carne, laticínios, verduras, frutas, bolachas, produtos de higiene e limpeza e alguns materiais escolares. O novo acordo de preços foi fechado entre o governo argentino, os supermercados e fornecedores após aumentos de até 264% praticados no final de dezembro. A comparação foi feita pelo jornal Clarín sobre 50 itens da lista que havia sido negociada pelo ex-secretário de Comércio, Guillermo Moreno.

A média de aumento concedido para os produtos foi de 41%, mas os reajustes triplicaram em casos como farinha de trigo (142%), açúcar (116%), bolachas (143%) e outros. As verduras e frutas tiveram os maiores níveis de reajustes. O preço da maçã, por exemplo, subiu de 2,99 pesos o quilo para 10,90 pesos (264%). A abóbora, que estava tabelada em 2,95 pesos o quilo, agora está a 9 pesos (205%). O preço da cebola aumentou 54% e o do macarrão 63%, o óleo de soja ficou 45% mais caro, e  o quilo do frango aumentou 33%. Na semana passada, o secretário de Comércio, Augusto Costa, afirmou que não se trata de congelamento, mas de um acordo que terá revisões trimestrais.

Outro levantamento realizado por técnicos do questionado Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) mostrou que a diferença entre os preços estipulados na lista e os que são usados pelo organismo para medir a inflação oficial é enorme. Para o Indec, o quilo de pão francês, por exemplo, custa 4,44 pesos, enquanto o tabelado é 18,50 pesos. O quilo de costela de vaca tabelado é de 42 pesos, mas, para medir a inflação, o valor tomado é de 13,42 pesos. Há dois anos, os técnicos, protegidos pelo sindicato, vêm divulgando suas estimativas de preços, que derrubam os índices oficiais. A manipulação da inflação já foi alvo do Fundo Monetário Internacional (FMI), que deu prazo, até fevereiro deste ano, para a normalização das estatísticas, quando será aplicado um novo Índice de Preços ao Consumidor Nacional (IPCN). Para o Indec, a inflação oficial da argentina no ano é de 10,8%.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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