Inbev perde direito à marca Budweiser na Itália

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A cervejaria estatal tcheca Budejovicky Budvar informou ontem que um tribunal italiano proibiu sua arquirrival, a gigante das cervejas Anheuser-Busch Inbev, de usar a marca Budweiser na Itália. A decisão é a mais recente na longa batalha judicial travada pelas duas cervejarias em torno do nome. Ao mesmo tempo, a Budvar disse que o Supremo Tribunal italiano autorizou a cervejaria tcheca a reintroduzir no mercado do país sua cerveja tipo lager Budweiser Budvar.

O diretor da Budvar Jiri Bocek qualificou a decisão de "uma grande vitória". Ele disse que o tribunal declarou enganosa o uso da marca Budweiser pela AB InBev e retirou-a do registro de marcas. "Assim, nossa concorrente tem de deixar de vender a cerveja Budweiser na Itália", afirmou, acrescentando que os veredictos são definitivos.

A AB InBev afirmou estar decepcionada com a decisão, mas não disposta a desistir. "Continuaremos nossos esforços para garantir nossos direitos sobre a marca registrada Budweiser na Itália. Para isso, estamos estudando nossas alternativas judiciais", disse a porta-voz Karen Couck, em comunicado. "Mudaremos para a marca Bud na Itália para assegurar que não haja descontinuidade no fornecimento da nossa cerveja mundialmente famosa a nossos consumidores fiéis, até conseguirmos garantir nossos direitos", disse Karen.

O advogado italiano da Budvar, Stefano de Bosio, disse que o veredicto pode ser um precedente para outros contenciosos em torno de marcas registradas, já que determinou que os nomes tradicionais têm direito à mesma proteção que os nomes oficiais atuais.

Fundada em 1895 na cidade de Ceske Budejovice -chamada Budweis na época --, a única cerveja produzida nessa região da República Tcheca pode usar o nome Budweiser, segundo argumenta a Budvar. A cervejaria tcheca disse esperar que a decisão a ajudará a impulsionar as vendas na Itália, que caíram cerca de 50% em 2002, após a empresa ter sido obrigada, pelas medidas judiciais tomadas pela Anheuser-Busch, a vender sua cerveja sob o nome de Czechvar e, posteriormente, de Budejovicky Budvar. Em 2001, a Itália era o quinto maior mercado da Budvar.

A Budvar briga há mais de um século com a Anheuser-Busch em torno do uso da marca Budweiser. A disputa judicial não foi afetada quando a Anheuser-Busch teve seu controle assumido pela cervejaria belga InBev, em 2008.




Cervejaria de Nova York abre fábrica na Suécia para manter apelo artesanal



Quando os visitantes são solicitados a apresentar seus documentos durante os passeios de fim de semana pela Brooklyn Brewery, em Nova York, a cervejaria diz que o mais comum não é receber a carteira de motorista local, e sim os passaportes suecos. Em breve, os suecos não precisarão se deslocar para tão longe.

A Suécia, que já é o maior mercado de cerveja artesanal do mundo fora da "Big Apple", será o lar da primeira fábrica internacional da Brooklyn Brewery. Em janeiro, a companhia iniciará sua produção e abrirá um restaurante em uma antiga fábrica de lâmpadas em Estocolmo.

A fabricante de cerveja, fundada na década de 80 por um ex-jornalista e um banqueiro que queriam levar as boas "lagers" de volta para Nova York, afirma que exporta mais cerveja do que qualquer outra empresa americana de cervejas artesanais. Ela poderia muito bem continuar fazendo apenas isso, mas a nova fábrica dará à companhia um ativo que não tem preço: uma credibilidade local que poderá encorajar seus mais ávidos apreciadores estrangeiros a consumirem ainda mais seus produtos.

Numa era em que supostamente tudo o que é local é melhor, e tudo possui uma história, da carne servida no Chipotle Mexican Grill ao trigo usado na vodca Russian Standard, o mercado das cervejas artesanais cresceu a ponto de se tornar uma indústria que movimenta US$ 12 bilhões por ano nos Estados Unidos, sendo que as vendas dobraram nos últimos seis anos, segundo a firma de pesquisas Mintel.

Este é "o grande paradoxo da proposta das cervejas artesanais", afirma Spiros Malandrakis, analista da Euromonitor International. Grande parte do apelo dessas cervejas é a "localização e a escala pequena", explica. Portanto, ao se tornar mais globalizada, a Brooklin Brewery - hoje vendida em 20 países - corre o risco de ser vista como a próxima Bud Light. "Quanto mais sucesso você faz, menos pode alegar ser o azarão", diz Malandrakis.

A Brooklin Brewery se juntou à unidade sueca da gigante Carlsberg, à companhia holding D. Carnegie de Estocolmo, e alguns investidores privados para criar a New Carnegie Brewery, com uma capacidade anual de produção de 1 milhão de litros. A Carnegie Porter, à venda desde 1836 e hoje produzida pela Carlsberg, era originalmente fabricada pela Carnegie e é a marca registrada mais antiga em circulação na Suécia. A cervejaria e o pub vão custar 25 milhões de coroas suecas (US$ 3,9 milhões).

As cervejas da marca Brooklyn a serem vendidas na Suécia continuarão sendo fabricadas nos Estados Unidos, enquanto a nova cervejaria vai desenvolver receitas em colaboração com a operação americana. "Pretendemos nos divertir explorando as coisas maravilhosas que a Suécia tem a oferecer", diz Eric Ottaway, gerente-geral da Brooklyn Brewery. "É um mercado estimulante e dinâmico com um enorme interesse por cervejas artesanais."

As cervejas artesanais representam apenas pouco mais de 1% do mercado global da bebida, mas respondem por cerca de 4% da cerveja consumida na Suécia, segundo estimativas da Nomura Holdings. A rede estatal de lojas de bebidas Systembolaget, que controla todas as vendas de cerveja no país por meio de seu monopólio, ofereceu no ano passado 3.290 tipos de cerveja em seus 422 pontos de venda.

A Suécia é o segundo maior destino das exportações americanas de cervejas artesanais, perdendo apenas para o Canadá, segundo dados da Brewers Association, a associação que congrega os fabricantes americanos de cervejas artesanais. A bebida tipo lager da Brookly tem uma participação de 39% entre as cervejas mais caras vendidas pela Systembolaget, aquelas que custam mais de 17 coroas (US$ 2,67) a garrafa de 340 ml.

Quem está ansioso para reforçar as credenciais da New Carnegie é seu mestre-cervejeiro, Anders Wendler, campeão sueco em 2013 na fabricação de cervejas em pequena escala, que afirma ser fã do chope não filtrado Radius da Brooklyn.

A companhia ainda não decidiu com que evidência a associação com a Brooklyn Brewery vai aparecer nos novos produtos. Wendler vai trabalhar com Garrett Oliver, mestre-cervejeiro da Brooklyn desde 1994, para criar até quatro misturas. "Certamente não vamos apenas copiar receitas", diz Wendler. "Vamos trabalhar juntos e ter nossas próprias ideias", acrescenta.

Parte da receita do sucesso da Brooklyn Brewery na Suécia, um país do tamanho da Califórnia com 9 milhões de habitantes, é sua parceria com a Carlsberg, a líder de mercado. A Carlsberg começou a importar as cervejas da Brooklyn em 2006 e desde então as duas cervejarias estimularam o interesse dos consumidores com um evento anual chamado Brooklyn, Sweden. Em seu segundo ano, o festival com bandas, comidas e filmes ligados ao bairro do Brooklyn, em Nova York, atraiu mais de 5.000 visitantes em agosto.

Oscar Trollheden, um publicitário de 31 anos, diz, enquanto saboreia um pint de Brooklyn Lager em Estocolmo: "Os suecos amam Nova York e acham o Brooklyn um lugar maneiro."




Veículo: Valor Econômico


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