Cresce compra de máquinas chinesas e da UE

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A indústria brasileira mudou em parte os fornecedores estrangeiros de máquinas e equipamentos mecânicos neste ano. O setor deixou de demandar principalmente de norte-americanos e japoneses para comprar mais produtos de europeus e chineses. Enquanto os últimos venderam 17% a mais para o Brasil, de janeiro a julho, a cada três dólares gastos pela indústria nacional com compras externas de máquinas mecânicas, um foi para a União Europeia.

A forte competição entre os principais produtores mundiais de máquinas e equipamentos mecânicos, que veem no Brasil um mercado que segue com demanda atraente, a apreciação do dólar frente a outras moedas e, principalmente, o movimento chinês de aumento de produção de maquinário de maior valor agregado explicam a mudança na composição dos fornecedores estrangeiros.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as importações totais do setor cresceram 3% e somaram US$ 20,8 bilhões, na comparação entre janeiro a julho deste ano e igual período do ano anterior. As compras procedentes da União Europeia, fornecedora com maior fatia no total (33%), aumentaram 10,9% no período. Todos os maiores fornecedores europeus aumentaram as vendas ao Brasil. Os chineses venderam US$ 4,9 bilhões e aumentaram em três pontos percentuais, para 23,5%, a presença total nas compras brasileiras do setor.

Com isso, a China passou a ser o segundo maior fornecedor, desbancando os Estados Unidos, que venderam 7,5% mais e com isso diminuíram para 18,9% a participação no mercado brasileiro. O Japão também perdeu clientes nacionais, com os desembarques recuando 35%.

Os Estados Unidos são os maiores prejudicados pela inserção chinesa, na avaliação de Julio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A dificuldade de competição com o preço chinês em produtos de menor valor agregado e a valorização do dólar ao longo deste ano explicam o resultado.

"Está havendo hoje no mundo uma disputa muito forte entre os grandes produtores de bens de capital. Os Estados Unidos perderam um pouco de espaço para a China e para a União Europeia nesse setor, o que mostra algo ruim para a nossa indústria, quando se pensa em aumentar as exportações: a competição está muito forte", afirma.

A Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), detectou a inserção asiática por meio do levantamento que mede nível de intensidade tecnológica nas exportações dos países. Hoje, diz Rodrigo Branco, economista da Funcex, a China mudou a matriz de sua indústria e avançou na direção de produtos de maior valor agregado.

"A alta dos custos com insumos e salários fez a indústria antiga, mais intensiva em mão de obra, começar a migrar para Vietnã e Bangladesh. Agora, quanto mais a China sobe na cadeia de tecnologia, mais competitiva fica em relação aos grandes centros. Hoje, eles conseguem produzir mais barato produtos similares feitos por Japão e Estados Unidos", diz o economista.

Ainda segundo Branco, a aceleração da União Europeia acontece em produtos específicos e em partes de máquinas ligadas a bens de capital. Após a crise, os produtos europeus buscaram com mais apetite mercados emergentes e conseguiram se estabelecer em nichos. "O Brasil é um dos alvos ", afirma.

Pelos dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que se limitam a bens de capital, a relação muda um pouco. A União Europeia, principalmente a Alemanha, perde espaço para a China, enquanto os Estados Unidos se mantêm com a maior fatia da importação brasileira (25%).

Em 2007, a China foi responsável por 8,2% dos desembarques totais do setor. Neste ano, até julho, a fatia foi de 17,2%, com o peso crescendo ano após ano. Em 2011, os chineses passaram a Alemanha como segundo maior fornecedor. Hoje, os alemães detêm 12% da importação total de bens de capital.

Mario Bernardini, assessor econômico da Abimaq, diz que a China se apropriou do aumento das importações do setor nos últimos anos. O mix de máquinas que o Brasil importa dos asiáticos, entretanto, ainda não representa "a ponta tecnológica do setor". Se hoje o país é o segundo que mais vende em valores, em volume, tem a primeira colocação disparada.

"Em volume, a China não tem mais para onde crescer no Brasil. A briga se dá agora não tanto por preço, mas pela qualidade. Quando você precisa produzir um avião, não se olha o preço da máquina, pois existem poucas. Mas para uma indústria de confecção, o preço é o determinante para a escolha do fornecedor", diz Bernardini.



Veículo: Valor Econômico


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