Setor está dividido sobre o Consecitrus

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Representantes tradicionais dos produtores mantêm críticas ao modelo do conselho proposto pela indústria e desconfiam de nova entidade

Citricultores e indústria continuam em pé de guerra na definição do modelo do conselho idealizado para regular o setor da laranja, o Conselho da Citricultura (Consecitrus). Com o fogo cruzado, sua criação não deve ser aprovada em um prazo tão curto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) como se esperava.

A entrada de um novo ator no cenário, a União de Produtores de Citros (Unicitrus), levantou esperanças do lado das indústrias e suspeitas do lado dos produtores que comercializam no mercado spot. Há 15 dias, o Cade aceitou o pedido da entidade para requerer uma cadeira de representante dos produtores no processo de constituição do Consecitrus.

Se a Unicitrus for aprovada como representante dos citricultores, o Consecitrus pode ter quatro entidades que falem em nome dos produtores: a Associtrus, que diz representar 1,4 mil pequenos e médios produtores da região de Bebedouro (SP); a Federação dos Agricultores do Estado de São Paulo (Faesp), que representa a princípio todos os produtores do estado; a Sociedade Rural Brasileira (SRB), que diz ter cerca de 100 citricultores associados; e, agora, a Unicitrus, que representa grandes citricultores responsáveis pela produção de mais de 40 milhões de caixas da fruta.

Porém, uma fonte do setor que não quis ser identificada disse que o Cade tem sinalizado que a decisão sobre a aceitação da Unicitrus dentro do conselho regulatório não está fechada. Outra fonte, que também preferiu não se identificar, acredita que o Cade negará a representação não só da Unicitrus como também da SRB, que foi a requerente do conselho junto com a indústria.

A Associtrus e a Faesp criticam o modelo proposta pela SRB em conjunto com a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR). Para os produtores, o estatuto assinado para o Consecitrus contém cláusulas que favorecem a as processadoras.

O presidente da SRB, Cesario Ramalho, rebateu a crítica. "São acusações baixas, de pessoas que não querem o Consecitrus", disse Ramalho, que também vê positivamente a entrada da Unicitrus no conselho.

Procurado, o Cade afirmou que não pode se pronunciar sobre o tema antes do julgamento, mas informou que o relator do processo, Ricardo Machado Ruiz, pretende deliberar sobre o caso antes de fevereiro do próximo ano, quando sairá do Cade.

O novo representante

Para a indústria, a notícia de que a Unicitrus pode participar do conselho regulatório é bem-vinda. Segundo o presidente da Citrus BR, Ibiapaba Netto, "a indústria está só esperando uma definição de como se representam os produtores".

Já entre os citricultores, o pleito da Unicitrus causou um certo mal-estar. Fontes afirmaram que há desconfianças de que a entidade possa se alinhar com a indústria e que este movimento já está sendo observado. Essa desconfiança é baseada no fato de que a entidade possui em sua diretoria empresários como Lair de Souza, da Suco Rico (Grupasso), e de José Eugênio Barbosa, da Agroterenas, empresas com grandes pomares e que possuem fábricas para processar laranja, embora a atividade não seja seu core business.

O discurso da Unicitrus é pró-produtores. "Entramos para proteger o produtor e sugerir um novo estatuto do Consecitrus", afirma Souza, presidente interino, que se licenciará do cargo e deverá ser substituído por Roberto Jank, sócio da Agroindus. Assim como as outras associações de produtores, a Unicitrus também considera que a SRB está a favor da indústria e quer que essa entidade, junto com a Citrus BR, tenha o mesmo poder de voto que as demais entidades representantes dos produtores.

Já para o poder de voto das associações de produtores, eles propõem proporcionalidade de acordo com os pés de laranja representados. Para as demais entidades, essa proposta deve beneficiar a Unicitrus, que representa citricultores com alto nível de produção. Porém, Souza diz que a entidade "está aberta para quem quiser, com qualquer quantidade de fruta".



Veículo: DCI


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