Leite sobe 25% desde escândalo

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Fraude descoberta em alguns lotes do alimento contribuiu para Porto Alegre ter elevação de preço superior a outras capitais

O saudável hábito de beber leite está cada vez mais indigesto para o bolso do consumidor da Capital. Desde que estourou o escândalo de adulteração do alimento no Estado, no início de maio, o preço do litro longa vida aumentou 25,1% em supermercados de Porto Alegre.

Levantamento realizado ontem por Zero Hora em quatro redes, envolvendo 13 marcas, mostra que o preço médio da caixinha chegou a R$ 2,64, ante R$ 2,11 em 8 de maio. Na comparação com a última aferição, feita há um mês, a alta registrada é de 6,4%.

Apesar de o aumento dos preços do leite ser generalizado no país, os porto-alegrenses parecem sofrer mais com a inflação do produto. Dados do Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S), calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostram que, nos últimos 12 meses, o litro do leite longa vida subiu 29,55% na média das sete capitais pesquisadas.

Em Porto Alegre, porém, o acréscimo chega a 42,89%. No ano, a alta chega a 30,97%, enquanto o resultado nacional do índice aponta avanço de 21,87%.

O movimento fez o leite tomar do tomate o papel de vilão inflacionário. Nos 30 dias anteriores a 7 de agosto, a variação de preços na Capital, verificada pelo IPC-S, foi de 0,16%. A maior pressão veio justamente da bebida, com 0,11%.

Apesar de a disparada do preço ser atribuída a fatores como a queda geral da produção no país e no Exterior, a fraude descoberta pela Operação Leite Compen$ado – que detectou água, ureia e formol em alguns lotes de determinadas marcas –, também contribuiu.

O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, avalia que, após o escândalo, muitos consumidores abriram mão de escolher o produto pelo menor preço e migraram para marcas consideradas confiáveis. Ontem, ZH fez uma enquete em seu site perguntando aos internautas se haviam alterado seus hábitos de consumo (veja resultado parcial à direita).

Para Longo, o preço bateu no teto. Não há mais espaço para aumentos, e a tendência é de algum recuo a partir de meados de setembro, quando aumenta a produção.



Produção vai crescer a partir de setembro


Os preços do leite estão em alta em todo o país e, no Rio Grande do Sul, as pastagens de inverno se consolidaram apenas em julho, com um mês de atraso. Segundo Rafael Ribeiro, analista de mercado de leite da Scot Consultoria, o desestímulo aos criadores no ano passado, devido à remuneração baixa e altos custos, também se refletiu na queda da produção nacional, que recém começa a se recuperar.

Outro reflexo vem da Oceania, grande produtora mundial. Os problemas climáticos no continente impactaram os preços internacionais do leite em pó, aumentando a pressão sobre o mercado interno brasileiro. O câmbio, por outro lado, inibe importações e estimula exportações.

– Há ainda o consumo nacional, que vem crescendo a taxas acima de 4% ao ano. A variedade de produtos lácteos é cada vez maior – ressalta Ribeiro.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Elton Weber, também membro do Conselho Paritário do Leite do Rio Grande do Sul (Conseleite-RS), a tendência é a captação subir de 10% a 15% no Estado com a chegada da primavera, o que deve ser suficiente pelo menos para estabilizar o preço no varejo.

– O Estado é o segundo maior produtor nacional e tem muito leite daqui abastecendo o resto do país – avalia Weber, ressaltando que a bacia leiteira gaúcha acabou compensando a retração da oferta em outras regiões.



Veículo: Zero Hora - RS


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