Conselho aprova nova direção para BRF

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Já está tudo praticamente pronto para o Dia 'D' na BRF. O conselho de administração deve bater o martelo sobre as mudanças numa reunião amanhã à noite. Claudio Galeazzi deve ser definido como o presidente global da BRF, na nova estrutura desenhada para a empresa, conforme apurou o Valor.

O novo desenho gerencial para a gigante de alimentos que uniu Perdigão e Sadia terá também um presidente internacional. O executivo para esse cargo ainda será buscado no mercado. O desejo é que seja um nome forte, para conduzir a internacionalização da companhia.

Com essas mudanças, José Antonio do Prado Fay, atual presidente da BRF, deve deixar o comando dos negócios. Ele fica até o fim deste ano na empresa com uma espécie de papel consultivo para essa transição - mas já afastado da presidência.

Essas alterações são reflexos da chegada de Abilio Diniz à presidência do conselho da BRF, no início de abril. O empresário foi eleito após uma aliança entre a gestora de recursos Tarpon e o fundo de pensão Previ (Banco Brasil) iniciar um movimento por mudanças na empresa. Procurada, a BRF não comentou.

Amanhã à noite, numa reunião por teleconferência, o conselho da BRF vai se reunir para aprovar as mudanças, a fim de divulgar as informações na quarta-feira pela manhã antes da abertura do mercado.

A reunião promete ser longa, pois ainda não está claro se o nome de Galeazzi será uma unanimidade entre os conselheiros. O executivo é o fundador da Galeazzi & Associados, consultoria que fez a revisão dos processos da BRF desde a chegada de Abilio. Além disso, tem vínculo antigo com o empresário. Foi presidente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), empresa da qual Abilio era dono.

Os primeiros reflexos do redesenho da estrutura da BRF começaram a aparecer na sexta-feira, com o desligamento de dois vice-presidentes: José Eduardo Cabral, de mercado interno, e Wilson Mello, de assuntos corporativos. Com isso, as vice-presidências, que eram nove, serão sete.

No novo organograma, o presidente internacional se reportará a Galeazzi, que chega para um projeto de longo prazo e não para uma passagem interina, segundo fontes familiarizadas com o tema. Enquanto o presidente internacional não chega, Fay atuará nessa área.

A vice-presidência de mercado interno deixa de existir. O cargo será focado agora em varejo para mercado doméstico e conduzido por Luiz Henrique Lissoni, atual diretor vice-presidente de 'supply chain' da BRF.

O nome de Sérgio Fonseca, ex-grupo Martins e ex-Sadia e atual conselheiro do frigorífico Minerva, chegou a ser considerado. Entretanto, Fonseca não tem planos de atuar como executivo novamente e poderá atuar como uma espécie de consultor para a BRF.

O atual vice-presidente de mercado externo Antonio Augusto de Toni torna-se diretor dessa área -subordinado à presidência internacional.

O posicionamento da BRF fora do Brasil é um dos principais focos das mudanças na companhia. A percepção desse novo conselho é que a empresa ainda não é global, a despeito de ser uma forte exportadora - cerca de 45% de sua receita líquida anual, que deve chegar perto de R$ 35 bilhões neste ano, vem de fora.

A condução de todas as mudanças e do direcionamento estratégico será acompanhada de perto pelo conselho de administração. O colegiado tem um time de quatro membros - Abilio, o presidente, Sérgio Rosa (Previ), Pedro Andrade de Faria (Tarpon) e Walter Fontana (da família fundadora da Sadia) - que atuam junto ao corpo executivo.

Essa nova dinâmica do conselho da BRF teria sido um dos fatores que, segundos fontes, contribuíram para a decisão de Fay deixar a companhia no fim deste ano.

A dança das cadeiras não é a única consequência dessa reorganização da BRF. Também será implantado um modelo de gestão mais agressivo e com foco no varejo. Haverá um programa de metas até o nível gerencial da companhia, que atingirá 100 pessoas. Praticamente não serão feitos cortes no corpo de vendas. Mas haverá uma integração. Todos os representantes poderão vender todos os produtos e marcas.

Até o fim do ano, a atuação do novo conselho também vai se refletir sobre o planejamento estratégico. Em outubro será definido o novo orçamento. O debate levará em conta, além da conclusão do 'Plano dos 100 dias' (como ficou conhecida essa primeira avaliação de Abilio do negócio), o resultado de estudos feitos pelo Boston Consulting Group (BCG) e pela McKinsey.

Na sexta-feira, o mercado tomou conhecimento que Abilio vendeu por cerca de R$ 480 milhões pouco mais de metade do que ainda tinha em preferenciais do Grupo Pão de Açúcar, ao BTG Pactual. Conforme o Valor apurou, por enquanto, ele não investirá mais em ações da BRF - hoje tem 3% do capital.




Veículo: Valor Econômico


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