Tok&Stok revê gastos, abre lojas e mantém IPO

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Um ano após a entrada do fundo Carlyle na Tok&Stok, a varejista de móveis e decoração passa por uma série de ajustes em seu negócio. As mudanças incluem revisão de despesas e ampliação da estrutura de distribuição, e estão sendo implantadas, em parte, de olho no processo de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) da rede. Se a oferta pública inicial de ações da empresa acontecer no ano que vem, como planejado, a rede quer apresentar ao mercado uma operação melhor estruturada, e com porte maior, capaz de atrair investidores.

É algo tão latente dentro da empresa que o próprio comando diz que seu desempenho tem sido analisado pelos novos sócios. "Eu estou sendo avaliada pelos resultados também", diz a empresária Ghislaine Dubrule, fundadora e sócia minoritária da rede criada em 1978.

Empresa presidida por Ghislaine (fala-se Guiléne) desde que o Carlyle adquiriu 60% do negócio em 2012, a Tok&Stok trabalha agora para aumentar o seu tamanho ao mesmo tempo em que opera para dar vazão a esse crescimento orgânico, e evitar gargalos. A rede planeja abrir de 8 a 10 lojas em 2014 (são 36 lojas hoje), mais que o dobro da média anual, e um novo centro de distribuição está praticamente pronto para ser inaugurado em Itapevi (SP), ao lado do atual CD. Isso irá mais que duplicar a área de estoques naquele município de 18 mil metros quadrados para 38 mil. Ainda há outro CD em Barueri, de 20 mil metros quadrados.

Acaba sendo uma ação motivada não só pelo projeto de reforço da estrutura logística da rede. A empresa sentiu que "bateu no teto". Neste ano, o uso da capacidade instalada das áreas de armazenagem atingiu 98%. Abrir muitas lojas nesse cenário era inviável. "Tivemos problemas no começo do ano, com uma liberação, de uma só vez, de cargas de importados que estavam nos portos. Isso travou nossos centros de distribuição. Como somos organizados, conseguimos ajeitar isso logo, mas percebemos que era preciso aumentar nosso espaço de armazenamento", disse.

Soma-se a isso, problemas de entrega com transportadoras terceirizadas que fizeram a varejista cancelar contratos e mudar de prestador de serviço neste ano em algumas cidades, como Rio e Brasília. "Algumas [transportadoras] estão com dificuldades de caixa, não conseguem oferecer serviço adequado. Então tivemos que rever isso também neste ano e às vezes, isso causa dificuldades de entrega ao, mas já está regularizado".

Foi nesse ambiente de ajustes que a Tok&Stok decidiu analisar algumas práticas internas. A consultoria Aquanima, do Santander, foi contratada para trabalhar numa revisão detalhada de gastos, iniciando o trabalho com despesas de escritório - de contas de telefone a compras de embalagens. Há potencial para uma economia de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões, em despesas gerais.

A McKinsey está estudando a relação com fornecedores. Atualmente, a Tok&Stok tem diversos compradores para um mesmo fornecedor pois a compra é feita por categoria de produtos. Se a rede unifica a negociação por fornecedor, amplia a escala e aumenta o poder de barganha. Também há conversas para tentar negociar com o fabricante formas de produção que levem a aumentos de margem do produto para a indústria e para a loja. A empresa não detalha os níveis atuais de lucratividade, e não informa receita.

O Valor apurou que as vendas brutas da rede podem atingir R$ 1,5 bilhão em 2014, quando o IPO deve ocorrer. Neste ano, a previsão da rede é expansão nas vendas brutas de 12% a 14% e para 2014, entre 20% e 30%. Se conseguir entregar resultados nesse nível no próximo ano, aumenta a possibilidade da abertura de capital. A empresa é auditada há quinze anos. "O plano está mantido. Apesar das dificuldades do mercado de capitais agora, acreditamos que a empresa tem enorme potencial de crescimento e isso justifica a manutenção [do IPO]", disse.

É na linha de ganhar peso maior que a empresa vai quase triplicar investimentos - de R$ 13 milhões em 2012 para R$ 35 milhões em 2013, em novas lojas (uma no primeiro semestre e até quatro no segundo) e no novo CD. São 36 pontos hoje e, somando as aberturas previstas em 2013 e 2014, a rede pode chegar a 50 unidades ao fim de 2014. Para ampliar vendas de lojas maduras, o plano é aumentar a oferta de móveis planejados neste ano - vai vender armários de quartos (já vende cozinhas planejadas), competindo com Dell Ano e Todeschini, por exemplo.

Ghislaine e o marido Regis Dubrule fundaram a companhia. Ela manteve-se na gestão do negócio. E Regis e o filho Paul estão no conselho de administração, ao lado de quatro membros do Carlyle.

A empresária, elegante e com leve sotaque francês, conhece de forma profunda o dia a dia da operação e não queria se afastar imediatamente do negócio, segundo pessoas próximas. É possível que ela deixe a presidência após o IPO. "Isso está sendo discutido, mas não há nada acertado".



Veículo: Valor Econômico


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