Fibria acredita na retomada da demanda a partir do próximo mês

Leia em 3min 10s

Passada a temporada de verão no Hemisfério Norte, que tradicionalmente desacelera os negócios com celulose, a Fibria aposta em retomada da demanda global. Em julho, segundo a companhia, já houve "alguma" recuperação no mercado chinês e, a partir de agosto, a expectativa é a de "significativo aumento dos embarques" da matéria-prima.

Para o presidente da companhia, Marcelo Castelli, uma eventual queda nos preços internacionais, diante da chegada de novas fábricas a mercado, deve ficar para o fim do ano ou início de 2014. Até dezembro, duas novas unidades entrarão em operação na América do Sul, ampliando a oferta global da fibra.

"Os fundamentos do mercado continuam positivos", disse, após divulgação dos resultados no segundo trimestre. "Neste momento, há sazonalidade por causa do verão europeu, mas, a partir de agosto, o preço tende a seguir os bons fundamentos, que ainda permanecem no mercado. E os estoques estão baixos."

Conforme o executivo, o aumento de US$ 30 por tonelada válido a partir de maio não foi integralmente implementado. Dessa forma, a cotação de referência no mercado europeu não atingiu os US$ 850 por tonelada que contemplam o reajuste cheio.

Com o fim da temporada sazonalmente mais fraca e a ocorrência de paradas programadas para manutenção em setembro, que devem retirar do mercado cerca de 237 mil toneladas de celulose, haveria espaço para implementar o aumento integralmente. "Nossa avaliação para o segundo semestre é bastante positiva", ressaltou o diretor comercial e de logística internacional da Fibria, Henri Philippe Van Keer.

Do lado financeiro, a companhia manterá o foco na redução do endividamento e da alavancagem, com vistas à obtenção do grau de investimento. No segundo trimestre, foram liquidadas antecipadamente R$ 1,38 bilhão em dívidas com taxas consideradas "pouco atrativas". Ao fim de junho, a dívida líquida era de R$ 8,253 bilhões, ante R$ 7,516 bilhões em março.

A alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, em real, ficou em 3,3 vezes no segundo trimestre, ante 3,1 vezes nos três primeiros meses do ano e 4,7 vezes em igual intervalo de 2012. Medido em dólar, o múltiplo caiu a 3 vezes, ante 3,1 vezes no primeiro trimestre e 4,2 vezes entre abril e junho do ano passado.

No trimestre, a Fibria registrou prejuízo líquido de R$ 595,7 milhões (atribuível aos acionistas da companhia), 25% abaixo do esperado segundo média das projeções de cinco casas de análise: J.P.Morgan, Ágora, Itaú BBA, Espírito Santo Investment Bank (BES) e Credit Suisse. Já a receita líquida trimestral, de R$ 1,67 bilhão, ficou em linha com a média estimada, de R$ 1,63 bilhão, e o Ebitda de R$ 647 milhões também veio praticamente dentro do esperado (R$ 630,8 milhões).

O prejuízo reportado pela Fibria deveu-se, sobretudo, ao impacto negativo da valorização de 10% do dólar Ptax frente ao real na parcela da dívida que está denominada em moeda estrangeira e a despesas relacionadas à recompra de títulos de R$ 224 milhões.

Uma vez que 93% da dívida bruta da companhia está indexada em dólar, há aumento no saldo quando da conversão para o real em momentos de valorização da moeda americana. No segundo trimestre, conforme a Fibria, o impacto disso no resultado financeiro foi de R$ 650 milhões. Excluídos esses efeitos, o resultado líquido entre abril e junho teria ficado positivo em cerca de R$ 80 milhões.

A Fibria produziu 1,29 milhão de toneladas de celulose no segundo trimestre, um avanço de 2% na comparação com os três primeiros meses do ano e de 1% na comparação anual, apesar das paradas programadas para manutenção na unidade Três Lagoas (MS) e nas fábricas A e B da unidade Aracruz (ES). As vendas, por sua vez, somaram 1,27 milhão de toneladas, com expansão de 7% na comparação com o primeiro trimestre e estabilidade na comparação anual.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Geadas 'poupam' a maior região cafeeira do Paraná

As geadas ocorridas na madrugada de ontem no Paraná, no sul de Mato Grosso do Sul e em áreas localizadas n...

Veja mais
Clima tenso na BRF às vésperas de mudanças

Na última terça-feira, o "núcleo duro" do conselho de administração da BRF se reuniu ...

Veja mais
Freada exerce maior impacto sobre setor de commodities

Se um setor sentiu as dores da desaceleração chinesa de forma mais aguda, foi o de recursos naturais. O cr...

Veja mais
FAO busca parceria com Embrapa para setor de algodão

Uma parceria entre a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricult...

Veja mais
Geadas ameaçam produção e podem pressionar preços

As novas geadas previstas para as regiões produtoras de São Paulo e Paraná devem afetar grandes &aa...

Veja mais
Brasileiros gastam R$ 2,5 bi com compras em sites estrangeiros

Uma pesquisa  realizada pela PayPal, empresa de soluções em pagamentos on-line, aponta que os brasile...

Veja mais
Preço recua nos mercados interno e externo

Os preços da soja tiveram forte queda ontem. No mercado interno, a saca de 60 quilos recuou 3,1%, para R$ 59,92. ...

Veja mais
Acordo entre produtores de soja e Monsanto encerra guerra sobre patente

Terminou a disputa judicial entre a multinacional Monsanto e as entidades que representam produtores de soja no Brasil s...

Veja mais
Acordo com Monsanto pode chegar a R$ 1 bi

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Otoni Prado, disse...

Veja mais