Governo apoia importação de feijão para conter alta de preço

Leia em 3min

O governo federal zerou ontem o imposto de importação incidente sobre diversos tipos de feijão para tentar conter a escalada das cotações domésticas do produto e evitar a pressão inflacionária armada nessa frente.

A isenção do imposto de 10% anunciada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), que entrou em vigor ontem mesmo e deverá ser mantida até o dia 30 de novembro, exclui o feijão branco, menos comum na mesa do brasileiro.

Com a oferta ainda mais escassa após problemas climáticos, os preços de alguns tipos de feijão subiram mais de 40% neste primeiro semestre, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), que preside a Camex, a decisão foi tomada em um contexto no qual "ainda não há perspectivas de aumento da oferta" no Brasil.

O preço pago ao produtor paulista chegou neste mês a R$ 188 a saca de 60 quilos do feijão carioca, contra R$ 157 há um ano. O preço mínimo está fixado em R$ 72 a saca. No atacado, a saca do feijão carioca alcança R$ 223 em São Paulo, diante dos R$ 196,50 de junho do ano passado.

"Vamos trabalhar com as culturas protegidas, para produzir alimentos em todas as épocas do ano. No caso do feijão, nos preocupa o aumento do preço, mas estamos discutindo diversas formas de combater o problema", disse o ministro da Agricultura, Antônio Andrade.

Para adotar a medida envolvendo o feijão, a Camex teve que alterar sua lista de exceções à tarifa externa comum do Mercosul (Letec), que permite elevar ou reduzir alíquotas do imposto de importação conforme as necessidades do país.

Como a quantidade de produtos nessa lista é limitada, o governo teve que retirar duas mercadorias: pêssegos, incluindo nectarinas, e "o-Diclorobenzeno", usado tanto no tratamento de metais na indústria de desodorizantes quanto como fungicida.

No caso do produto químico, o imposto subiu com a medida, de 2% para 12%. Para pêssegos, a importação será até facilitada, pois a alíquota caiu de 55% para 35%. Mas, na mesma decisão, a Camex já previu a reinclusão desses produtos na lista em dezembro, o que permitirá a volta da taxa para 55%.

Ainda que tenha reiterado que zerou a tarifa de importação de feijão em caráter emergencial, o governo, nas condições atuais de mercado, tende a enfrentar problema semelhante nos próximos anos, dada a nítida tendência de encolhimento da produção brasileira desta leguminosa básica.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as três safras regulares do país nesta temporada 2012/13 cobrirão, no total, 3,027 milhões de hectares. Trata-se de uma queda de 7,2% em relação ao ciclo 2011/12, e é a menor área plantada total de uma série histórica iniciada em 1976/77.

Em razão da concorrência com culturas de maior liquidez, como soja e milho, desde 2008/09 a área total de feijão não supera 4 milhões de hectares, e já se vão mais de três década desde o recorde da série, de 1981/82 (6,155 milhões).

No caso da produção, as curvas são semelhantes. A Conab estima colheita total de 2,843 milhões de toneladas em 2012/13, 2,6% a menos que em 2011/12 e menor volume total desde 2000/01 (2,592 milhões de toneladas).

Assim, por mais que o clima tenha afetado a oferta neste ano, o que incentiva importações de países como Argentina e China, as estatísticas confirmam que o problema é estrutural, ainda que a demanda tenha se mostrado comportada nos últimos anos, sem maiores saltos.

Não por acaso o governo tem procurado maneiras de incentivar a produção de feijão, inclusive com limites maiores de crédito para o agricultor que apostar no alimento.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

São Martinho reverteu perda e fechou 4º trimestre com lucro

O grupo São Martinho, um dos maiores do segmento sucroalcooleiro do país, registrou lucro líquido d...

Veja mais
Após suspensão da venda de lotes de leite no Paraná, BRF pede contraprova

A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná suspendeu a venda de dois lotes do leite UHT "desnatado, rico em...

Veja mais
Beleza Natural vende participação à GP

A rede de salões e produtos capilares voltada para cabelos crespos Instituto Beleza Natural está finalizan...

Veja mais
UE, Japão e Canadá lideram críticas ao Brasil na OMC

A orientação política tomada pelo governo brasileiro é privilegiar a produção ...

Veja mais
Agricultor da UE pode ter subsídios menores

Negociadores da União Europeia se reuniram ontem para negociações para finalizar as reformas da pol...

Veja mais
Governo zera imposto de importação de feijão para conter inflação

Para ajudar a combater a inflação, o governo decidiu reduzir de 10% para zero o Imposto de Importaç...

Veja mais
TST analisa terceirização na produção de cana-de-açúcar

A indenização por terceirização de serviços em áreas-fim em um grupo de empres...

Veja mais
Novo negociador aproxima o Brasil da China

O governo chinês vem promovendo mudanças significativas na sua política econômica. Os recursos...

Veja mais
Governo zera imposto de importação de feijão

Para combater a inflação, a Camex corta, até 30 de novembro, o imposto de 10% que incidia sobre as ...

Veja mais