Indústria pode importar mais tomates em 2013

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As empresas de atomatados que fabricam molhos, purês, extratos e catchups - um segmento que movimenta, em média, R$ 2,6 bilhões anuais no Brasil -, terminam o ano na torcida para que nada de errado aconteça com a próxima safra de tomates industriais, a ser plantada entre fevereiro e maio e colhida de junho a setembro.

Em 2012, a colheita da variedade de cultivo rasteiro (que facilita a mecanização), formato alongado e polpa adocicada - muitas vezes vendido no mercado como "tomate italiano" - amargou uma queda de quase 30% ou 350 mil toneladas, para 1,2 milhão de toneladas.

O clima atípico, com chuva ou seca sem trégua nas regiões de cultivo, deixou a produção mais vulnerável à incidência de pragas e doenças. "Excesso de umidade ou estiagem em demasia afeta sem dó as lavouras", explica o engenheiro agrônomo Paulo César Tavares de Melo, da Esalq (USP), um dos maiores especialistas na hortaliça.

Segundo Melo, o consumo de atomatados cresce, em média, 16% ao ano no país. Por isso, as indústrias processadoras podem se ver obrigadas a aumentar as importações de tomate em pasta (de aproximadamente 63 mil toneladas anuais) caso a produção da hortaliça não deslanche. "A esperança é que a colheita de 2013 seja pelo menos de 1,3 milhão de toneladas", comenta.

"Sem outra saída, a alternativa para as indústrias foi baixar seus estoques", afirma o diretor Antônio Carlos Tadiotti, sócio da Predilecta, empresa situada em São Lourenço do Turvo (SP) - uma das três mais importantes do setor.

Segundo ele, a Predilecta conta com estoque suficiente - normalmente, 16% de uma colheita de 250 mil toneladas - para chegar ao início da próxima safra, em julho. O produtor confessa a expectativa por uma boa colheita, proveniente de 2500 hectares plantados em parceria com agricultores localizados em Goiás. A região responde por 80% da produção da hortaliça para processamento industrial do país.

Enquanto torce, Tadiotti monitora o aumento do preço da polpa importada - geralmente, de China e Chile. Nos últimos meses, conta, o produto subiu mais de 33%, de US$ 750 para US$ 1 mil por tonelada. "Os fornecedores estão cientes da escassez do Brasil e tiram proveito da situação", analisa.

O tomate industrial não foi único castigado pelo clima em 2012. A produção da hortaliça "de mesa" (presente em saladas, massas e sanduíches) também foi bastante afetada. Por essa razão, entre janeiro e agosto, a região metropolitana de São Paulo registrou a maior elevação do preço do tomate dos últimos dez anos.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço subiu 77,2% ao longo do período, para R$ 5,12 o quilo - hoje, está em R$ 2,89 - por um produto considerado de nível médio, constituído de muita semente, água e pouca firmeza. "Um produto de qualidade precisa de equilíbrio entre acidez e doçura. Caso contrário, fica insípido e ácido", diz Tavares de Melo.

Com uma produção média de 2,2 milhões de toneladas anuais, o tomate de mesa é o segundo produto mais comercializado pelo Ceagesp, maior entreposto de frutas e hortaliças da América Latina - com 292 mil toneladas por ano.



Veículo: Valor Econômico


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