Com ceia cara, promoções podem chegar mais cedo

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Preços subiram em média 18%. Consumidor deve pesquisar para evitar pagar até mais que o dobro

   
A julgar pelos aumentos nos preços dos alimentos típicos das festas, a ceia de Natal pode não ser tão farta neste ano. Em 2012, tais artigos — como arroz, frango, bacalhau — encareceram 18,60% nas contas da Fundação Getulio Vargas (FGV), especialmente por causa de problemas climáticos. Uma alta suficiente para deixar o consumidor em compasso de espera e fazer com que os supermercados antecipem promoções para antes do Natal, apostam especialistas.

Além da ceia mais cara, o consumidor também encontra disparidades de preços nos supermercados. Então, se quiser economizar, vai precisar — e muito — pesquisar. Levantamento feito pelo GLOBO em seis supermercados (Extra, Guanabara, Mundial, Princesa, Walmart e Zona Sul) na semana passada mostra que é possível pagar até mais do que o dobro pelo mesmo produto.


No Extra, o quilo do Chester da Perdigão sai por R$ 12,28 — 60% a menos do que o maior valor encontrado na pesquisa. A garrafa de azeite Gallo foi vendida no Walmart por R$ 8,98, o que é 35,6% menor do que preço mais alto apurado no levantamento. Já o quilo do peru Seara valia R$ 11,98 no Princesa — 20% a menos do que no concorrente que cobra o preço mais elevado. No Mundial, é possível encontrar o quilo do frango especial da Sadia por R$ 11,50 — 15% menos do que a cotação mais alta apurada.

— Em função do dólar, os custos aumentaram cerca de 10%. Entretanto, negociamos à exaustão com fornecedores, importadores e exportadores para não repassarmos ao consumidor esta variação de custo — disse João Márcio Castro, diretor do Princesa.

“Vai sobrar peru”

Negociação que faz sentido. Segundo Marco Quintarelli, diretor do Grupo Azo, consultoria de varejo, o consumidor está cauteloso e endividado e, por isso, tem dado preferência às opções mais baratas, como produtos de marcas menos conhecidas e de marcas próprias.

— Neste ano, as promoções devem começar mais cedo, antes mesmo do Natal. Com os alimentos mais caros, vão sobrar peru e tender no varejo. As famílias devem optar por uma ceia com mais frutas do que com produtos que pesem muito no bolso — afirmou o especialista.

O presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios do Rio, José de Sousa, prevê que três dias antes do Natal as promoções apareçam mais intensamente. Mas já há ofertas. Como as promoções relâmpago do Guanabara que recaem sobre artigos natalinos. E somente hoje, por exemplo, o Extra vende o quilo do frango Sadia (Supreme) por R$ 10,98.

— Se hoje o quilo da castanha portuguesa está a R$ 18, vai ser vendida a R$ 2. As lojas têm que vender. E os brasileiros estão muito endividados e estão fugindo de uma cesta de Natal 20% mais cara — disse Sousa.

Ainda assim, o varejo permanece otimista. No Extra, a expectativa é aumentar as vendas de panetones em 10% e em 20% as vendas de frutas secas. No Zona Sul, o preços das aves sofreram reajuste em torno de 5,5%, e as cerejas chilenas encareceram cerca de 10%. A grande aposta da rede está nos panetones importados: com investimento de € 110 mil, 30% a mais do que no ano passado, o Zona Sul espera aumentar as vendas da categoria em 40%.

— Estamos bem otimistas para este fim do ano, levando em consideração também os dias da semana em que cairão as datas comemorativas: domingo (2011) contra uma terça (2012). Isso faz toda a diferença — comentou Pietrangelo Leta, diretor do Zona Sul.

Para fugir das altas, uma opção é recorrer aos produtos de marca própria dos supermercados (em média 30% mais em conta) ou a marcas menos conhecidas. No Mundial, por exemplo, o panetone da própria casa era vendido por R$ 3,99 — preço bem distante dos R$ 12,90 da marca Bauducco. Na rede Guanabara, o quilo do frango especial da Resende sai por R$ 6,78 — quase metade do valor (R$ 13,45) do alimento da Sadia. A linha exclusiva Club des Sommeliers, do Pão de Açúcar, lançou dois novos rótulos com preços até R$ 18.

Oferta maior, preço menor

O consumidor, entretanto, pode encontrar preços menores. Segundo o empresário Asdrúbal Rodrigues, diretor da importadora Vila de Arouca, os azeites premium estão 15% mais baratos neste ano. O Azeite Extra Virgem Quinta Vale do Conde DOP, por exemplo, que custava em torno de R$ 40 no ano passado, hoje custa R$ 35 — queda de 12,5%.

— Esta diminuição do valor se dá devido ao aumento da oferta do produto, o que possibilita uma negociação no preço do produto ao consumidor final — diz Rodrigues.


Veículo: O Globo - RJ


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