Fibria e Klabin registram perdas no segundo trimestre

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O mesmo dólar que ajudou no aumento de receita também impactou contabilmente os resultados de grandes papeleiras. A Fibria encerrou o segundo trimestre com um aumento da receita de 17% em relação ao último trimestre e de 2% em comparação com igual período de 2011, atingindo a marca de R$ 1,4 bilhão no período. Mesmo assim, a maior produtora mundial de celulose registrou um prejuízo líquido de R$ 524 milhões no segundo trimestre, revertendo o lucro líquido de R$ 215 milhões obtido em igual período um ano antes.

Segundo o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, 2012 está sendo um ano de recuperação para a companhia exportadora, com a virada do dólar e melhora dos preços da celulose no mercado mundial. "No segundo semestre isso deve ser ainda melhor, com preços mais competitivos e estoques mais ajustados", explica o executivo. Nem o aumento da dívida, que hoje está 93% atrelada ao dólar, preocupa a companhia. "Hoje o endividamento está controlado, sendo equivalente a 4,2 vezes o Ebitda", afirma. A dívida bruta da Fibria no trimestre chegou a R$ 11,8 bilhões, 8% acima do primeiro trimestre e 14% a mais que em igual período de 2011. Paralelamente, a empresa teve uma importante entrada no caixa com a negociação de ativos florestais no Sul da Bahia, totalizando R$ 1,596 bilhão. "E continuamos negociando os ativos do projeto Losango, no Sul do País", diz.

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 550 milhões, alta anual de 12%, sendo que a margem Ebitda ficou em 37% no período, ante 34% entre abril e junho de 2011.

No semestre, a Fibria acumula prejuízo líquido de R$ 534 milhões, ante lucro de R$ 604 milhões um ano antes. O Ebitda ajustado soma R$ 927 milhões no período, queda de 17%, enquanto a receita líquida totaliza R$ 2,765 bilhões, recuo de 8%.

A Fibria realizou paradas programadas para manutenção nas fábricas. Em decorrência disso, a produção de celulose permaneceu estável em relação ao ano passado, totalizando 1,27 milhão de toneladas - queda de 4% frente ao trimestre anterior. As vendas, que alcançaram 1,26 milhão de toneladas, registraram um aumento de 3% se comparado a igual período de 2011 e baixa de 4% em relação ao primeiro trimestre. A Europa foi o principal destino da Fibria, com 43% das vendas, seguida pela América do Norte (26%) e pela Ásia (20%).

O dólar também impactou os resultados da Klabin, outra gigante do setor, que registrou um prejuízo líquido de R$ 184 milhões no segundo trimestre, revertendo o lucro de R$ 163 milhões apresentado um ano antes. No semestre, a empresa acumulou lucro líquido de R$ 275 milhões, queda de 9% na comparação anual. O Ebitda cresceu 48% no segundo trimestre sobre um ano antes, para R$ 281 milhões. No acumulado ano, a alta foi de 35%, para R$ 593 milhões. Entre abril e junho, a receita líquida totalizou R$ 1,03 bilhão, avanço de 9% ano a ano. No primeiro semestre, a receita líquida totaliza R$ 2 bilhões, aumento de 5%. Já o endividamento líquido da Klabin teve alta anual de 59% no segundo trimestre, paraR$ 3,01 bilhões.

Mesmo com todos os problemas, o resultado das companhias foi melhor que as expectativas de analistas. O que ajudou no desempenho das ações das papeleiras durante o pregão de ontem no mercado financeiro.

Exterior

Outra que teve resultados trimestrais acima das expectativas dos analistas foi a Kimberly-Clark , que registrou uma alta de 22% no lucro no segundo trimestre, subindo para US$ 498 milhões, ante US$ 408 milhões há um ano. O aumento ocorre num momento em que a fabricante de lenços Kleenex e fraldas descartáveis Huggies continua cortando custos, o que colabora para compensar o modesto crescimento das vendas. Os lucros ajustados por ação, excluindo custos para a reestruturação em algumas unidades, subiu para US$ 1,30 por ação ante US$ 1,18 dólar por ação há um ano, ante estimativas de analistas de US$ 1,28 dólar por ação.

Já a norte-americana International Paper (IP) teve uma queda de 40% no lucro no segundo trimestre, devido a paradas sazonais em diversas plantas. A empresa informou que o lucro do segundo trimestre caiu para US$ 134 milhões, ante US$ 219 milhões um ano antes. As receitas subiram 6,5%, para US$ 7,08 bilhões. O resultado ficou em linha com estimativas de Wall Street, com as vendas de embalagens ajudando a ofuscar uma queda nas vendas de papel para impressão. A economia mundial está andando "de lado", disse o presidente-executivo da IP, John Faraci.

Exportações

As exportações da indústria brasileira de celulose chegaram a 701 mil toneladas em junho, segundo a Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). O resultado representa um salto de 10,9% em relação a junho do ano passado e de 6,5% na comparação com maio deste ano. Os dados indicam que a indústria está revertendo a trajetória de queda registrada até maio e encerra o primeiro semestre com alta de 1,1% em relação a 2011, com 4,194 milhões de toneladas exportadas.

 

Veículo: DCI



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