Emergentes amenizam queda de lucro do Casino no semestre

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A crise na Europa continua atrapalhando players do varejo, tanto que o grupo francês Casino acaba de ver as suas operações terem queda. A empresa amargou uma redução do lucro líquido de 6,5%. Enquanto isso, porém, os executivos do conglomerado respiram aliviados com a atuação em mercados emergentes, como o Brasil. Pouco mais de um mês depois de assumir o controle do Grupo Pão de Açúcar (GPA), os franceses viram o lucro líquido da empresa triplicar no segundo trimestre deste ano, ao atingir o montante de R$ 255 milhões.

Já em suas operações no exterior, a rede varejista francesa somou apenas 124 milhões de euros. No mesmo período do ano passado, o montante arrecadado nos seis primeiros meses havia sido de 133 milhões de euros. A França foi responsável pelo desempenho mais baixo, com recuo de 0,8% das vendas, totalizando pouco mais de 9 bilhões de euros.

Na contramão, as operações fora do eixo de crise econômica, como as do Brasil, seguraram o desempenho da varejista ao gerar 8,3 bilhões de euros, alta de 18,2% no período analisado. Assim, as vendas totais do Casino somaram 17,3 bilhões - alta de 7,5% no primeiro semestre. As operações francesas foram responsáveis pelos 438 milhões de euros arrecadados com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), o que aponta queda de 7,3% nos seis primeiros meses.

Na outra ponta, países em que a rede atua como Argentina, Colômbia, Uruguai, Tailândia, Vietnã e a região do Oceano Índico, fecharam o semestre com um Ebitda 28,7% maior no período: 387 milhões de euros, diminuindo as quedas da companhia.

Impasses

No Brasil, apesar do crescimento dos negócios e da previsão de investir mais na área alimentar, em detrimento do segmento de eletroeletrônicos e outros ramos, os executivos Jean Charles Naouri, presidente do Casino e Abílio Diniz, presidente do Conselho de Administração do GPA, parecem estar envolvidos em um novo desentendimento. A informação de que Abílio e sua esposa foram contrários à proposta dos conselheiros indicados pelo Casino para retenção de talentos na operação brasileira - fato este que poderia impedir futuros planos de Diniz - fez com que o empresário brasileiro enviasse nota de repúdio ao vazamento de informações.

"Lamento profundamente o vazamento de informações sigilosas das reuniões do Conselho de Administração e do Comitê de Recursos Humanos e Remuneração do Grupo, realizadas ontem (dia 23). Tal prática, que ultimamente tem se tornado frequente, viola as normas aplicáveis, as regras de governança da companhia e a deliberação expressa do próprio Conselho de Administração", disse.

A nota oficial do empresário Diniz visava afirmar que o conselho tomaria as devidas providências para que o vazamento de informações e especulações, não volte a acorrer. "Diferentemente do que foi publicado, esclareço que os meus questionamentos, os de meus representantes e do representante dos acionistas minoritários foram feitos no melhor interesse da Companhia", disse em nota.

Esta semana, Jean-Charles indicou mais um executivo para atuar dentro do Pão de Açúcar, Christophe Hidalgo, como diretor de Finanças e Serviços Corporativos da companhia.

Mercado

Enquanto fica a expectativa da próxima reunião do Pão de Açúcar, no mês de agosto, em que Diniz deverá analisar o direito de exercer a venda de suas ações -ou, o Casino, de comprar uma ação com direito a voto -, outras redes do setor analisam como ampliar ganhos. Uma delas é a Cooperativa de Consumo (Coop), que direcionará os negócios para agregar cada vez mais serviços no mesmo local. Assim, a empresa afirmou que agora está apostando na modernização da sua área têxtil para atrair mais cooperados e aumentar a participação dessa categoria no faturamento total da rede.

Há dois anos, em parceria com o Shopping das Fábricas, a Cooperativa vem realizando uma série de mudanças na área de confecções. Inicialmente foi feito um projeto piloto em três unidades e recentemente foi estendido para as demais, totalizando 14 lojas que trabalham com têxtil.

As lojas já estão com um layout mais moderno e maior mix de produtos, aponta Adriana Leme Pereira, gerenciadora da categoria têxtil da Coop. Segundo ela, a expectativa é de um crescimento do fornecimento da área entre 15 e 20% nos próximos 12 meses.

"Com a tendência do fast fashion, procuramos acrescentar ao mix peças básicas de jeans, malhas, jaquetas, [artigos de] tricô e importados, aliando boa qualidade e preço competitivo. Analisamos o perfil do cooperado de cada região onde a Coop tem loja, para ver produtos mais adequados", diz Linneu Salles Leite Neto, do Shopping das Fábricas, em nota.


Veículo: DCI



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