Sem parceria entre governo e fundo de defesa, a doença avançou
Há dois anos sem defesa em larga escala contra o cancro cítrico, o governo de São Paulo, maior produtor de laranja do país, vai transferir para o citricultor a obrigação de erradicar a doença.
Segundo produtores, a medida vai onerar a atividade devido ao custo de inspeção das plantações. O valor estimado é de ao menos R$ 0,08/planta -São Paulo tem 240 milhões de pés de laranja.
Até 2009, o trabalho era feito pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), com aval da Secretaria da Agricultura, por meio de convênio que permitia também repasse de verba à entidade.
Em 2010 e 2011, sem a parceria formal, a incidência de cancro bateu recorde.
Com a nova regra, o citricultor assume o custo total pela inspeção de seus pomares e pela eliminação de plantas no raio de 30 metros dos focos de doença.
O Estado vai fiscalizar e trabalhar com o produtor, afirmou Heinz Helwig, da Defesa Agropecuária paulista.
Ele disse não ver o combate ao cancro como despesa. "Se a doença se alastrar, as perdas são muito piores", afirmou. Segundo Helwig, o texto da nova norma está pronto, no jurídico da pasta.
Ele não informou quando a regra passará a valer, mas disse que há "urgência" em colocá-la em vigor.
Para Renato Queiroz, presidente do conselho da Associtrus (associação de citricultores), a medida é "uma bomba" para o produtor.
O presidente do Fundecitrus, Lourival Monaco, disse que será preciso garantir condições para o agricultor cumprir a regra. Contribuições ao fundo somam R$ 14 milhões ao ano, mas, sem convênio com o Estado, o valor não é destinado à defesa sanitária.
A CitrusBR, representante das indústrias (donas de 35% das plantações), não se pronunciou sobre o assunto.
Veículo: Folha de S.Paulo