Analistas já projetam inflação mais próxima dos 3% no final deste ano

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São Paulo - O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou abaixo da projeção do mercado em maio, o que reforçou as estimativas de um resultado mais próximo dos 3% neste ano. Nesse caso, seria visto o menor patamar desde 2006, quando a alta foi de 2,81%.

 

A aposta em uma desaceleração maior do índice, que hoje está em 3,6%, baseia-se na perspectiva para os dados de junho, julho e agosto. Estes devem ser inferiores aos vistos em igual período de 2016, quando os preços de alguns alimentos ainda pressionavam o IPCA.

 

O aumento de 0,35% atingido em junho do ano passado, por exemplo, deve ser substituído por uma deflação de 0,07% neste mês, segundo Luiz Fernando Castelli, economista da GO Associados.

 

"Há espaço para o IPCA ficar abaixo dos 3% nos 12 meses encerrados em agosto." A partir de setembro, segue o entrevistado, o índice deve voltar a subir, já que o choque positivo dos preços de alimentos deve acabar. "Com isso, a inflação pode terminar o ano perto dos 3,5%", aponta Castelli.

 

Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV), André Braz segue a mesma linha. "É difícil prever qual será o comportamento dos preços agrícolas durante o segundo semestre, mas o resultado de maio voltou a surpreender e abre espaço para um número mais próximo dos 3% no acumulado deste ano", afirma o especialista.

 

Para o IPCA do mês passado, a mediana das projeções do relatório Focus apontava aumento de 0,46%. Entretanto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou, na última sexta-feira, que a inflação subiu 0,31% em maio, o menor resultado para o período desde 2007, quando os preços aumentaram 0,28%.

 

As projeções do mercado para este ano apontavam, até a semana passada, uma alta de 3,9% para o índice de preços. A estimativa é bastante inferior àquela feita no começo de janeiro, quando era esperado aumento de 4,8% em 2017.

Sobre o IPCA de junho, Braz afirma que a mudança para a bandeira verde na tarifa da energia, a redução no preço do combustível e uma alta inferior para medicamentos devem garantir deflação de 0,1%.

 

Política monetária

 

Os resultados de maio e junho devem pressionar o Comitê Político Econômico (Copom), que se reúne no final de julho. De acordo com os entrevistados, a última sinalização do colegiado do Banco Central (BC), de que o corte na taxa básica de juros poderia diminuir, torna-se mais questionável com um avanço ainda menor dos preços.

 

"Nesse cenário, ganha força o corte de 1 ponto percentual na próxima reunião", diz Castelli. Ele acredita que o Copom só promoverá um corte menor "se algum evento catastrófico acontecer", como uma piora do quadro político, que poderia causar uma alta no câmbio.

 

A desvalorização do real também foi citada entre os riscos para a inflação no segundo semestre. "Além disso, pode haver algum problema climático e uma frustração nas colheitas", acrescenta Braz.

 

Em queda

 

No mês passado, a energia elétrica, com uma alta de 8,98%, foi o principal motivo para o aumento do IPCA, que vinha de um avanço de 0,14% em abril. Entre janeiro e maio, a inflação chegou a 1,42%, bem abaixo dos 4,05% registrados em igual período de 2016.

 

Entre os grupos de preços, destaque para a deflação de Alimentação e Bebidas (-0,09%) e Transportes (-0,07%), enquanto que a energia elétrica elevou o resultado de Habitação (0,32%).

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias de renda mais baixa, teve alta de 0,36% em maio, acima dos 0,08% vistos em abril. Em doze meses, a alta acumulada recuou para 3,35%.

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 

 


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