Instabilidade no dólar dificulta contratos de comércio exterior

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                                       Falta de previsão faz importadores e exportadores adiarem negócios




A volatilidade e a falta de horizonte estável de um novo patamar do dólar estão paralisando o comércio exterior brasileiro. De um lado, importadores reveem planos para recalcular custos com a moeda americana e adiam operações de fechamento de câmbio, na expectativa de cotação melhor. De outro, exportadores se sentem aliviados com a alta do dólar, mas dizem que a instabilidade na cotação dificulta o fechamento dos negócios por criar dúvidas nos compradores do exterior.

— É muito preocupante a paralisação dos negócios. O câmbio valorizado torna as importações mais caras, e a falta de definição de em qual patamar o dólar vai se estabilizar traz uma incerteza adicional para os importadores — afirma o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais ( Abimei), Ennio Crispino.

Um dos problemas atualmente, segundo ele, é a demora no fechamento do contrato de câmbio, depois que as mercadorias já estão nos portos à espera de liberação. Com o dólar variando dia a dia, explica, os importadores aguardam o melhor momento para quitar a fatura.

— O importador não sabe qual é o momento certo para fechar o câmbio e fica adiando. Só que isso causa apreensão para o exportador lá de fora. Embora vá receber a mesma quantia em dólar, começa a perceber atrasos nos pagamentos — diz Crispino.

Diante do aumento e da volatilidade do dólar, os planejamentos financeiros das empresas estão em processo de revisão, de acordo com o presidente executivo da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais ( Alanac), Henrique Tada. Uma parcela entre 85% e 90% dos insumos dessa indústria, ele lembra, é importada, o que provoca “um forte impacto financeiro no momento”.

— O dólar teve um aumento estrondoso, bem maior que o imaginado inicialmente. Com isso, o planejamento financeiro da empresa vai por terra. Tem de rever tudo. Tem sido um ano bem difícil — afirma Tada.

Ele conta que o trabalho dos departamentos de importações das empresas tem sido redobrado e que o maior impacto ocorre nas linhas de medicamentos genéricos ou similares — segmentos com margens de lucros menores:

— O dólar mais alto aumenta o custo de produção, só que nosso mercado tem preços controlados, esse custo não pode ser repassado de forma livre. Nos medicamentos genéricos e similares, a competição é mais acirrada, e a perda é enorme.

IMPACTO NA EXPORTAÇÃO

Nem mesmo entre os exportadores, o clima é só de comemoração pela alta da moeda americana. Para o presidente- executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados ( Abicalçados), Heitor Klein, a situação do câmbio hoje é mais favorável para as exportações, mas ele reconhece que “a volatilidade não é uma coisa boa nem para importadores nem para exportadores”:

— O gestor de uma empresa aprecia regras claras e previsibilidade. Com o dólar disparando há uma boa oportunidade para os exportadores, mas a variação da moeda americana cria insegurança para quem vai importar os produtos brasileiros. Ele fica sem saber qual é a melhor hora de comprar.



Veículo: Jornal O Globo - RJ


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