Associações de empresários do comércio criticam alta da Selic

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Boa parte das entidades ligadas ao comércio criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12,25% ao ano

 

 



Para o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, a decisão, embora de acordo com as perspectivas do mercado financeiro, "afigura-se como equivocada, considerando-se o baixo nível das atividades econômicas e a forte desaceleração do consumo". "Mais importante do que elevar os juros ou aumentar tributos, é cortar os gastos para controlar a inflação", afirmou, em nota.

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), José do Egito Frota Lopes Filho, a decisão do Copom mostra que a atuação do Banco Central está alinhada ao discurso da Ministério da Fazenda, "mas só traz a certeza de que em 2015 o setor produtivo continuará a ser penalizado".

"Fazer o ajuste no lado do contribuinte é sempre mais fácil. Difícil, e necessário, é colocar os gastos do governo em ordem e saber tomar as medidas seletivas que garantam a saúde da economia real, aquela que gera empregos e preserva o consumo das famílias", disse, em nota.

Lopes Filho disse reconhecer que os ajustes na política econômica são necessários, mas afirmou que "a atual situação de alta inflação e baixo crescimento resulta dos erros da gestão do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff". "E, até agora, os tais ajustes não tocaram nas questões estruturais que prejudicam a competitividade do país", opinou.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) ponderou que a alta da Selic é coerente com os últimos discursos do presidente do Banco Central e que essa elevação "é necessária para a estabilização dos preços e, consequentemente, para a retomada do crescimento da economia brasileira no longo prazo".

De acordo com a entidade, a decisão desta quarta-feira, 21, reafirma as apostas do mercado de uma postura mais agressiva da autoridade monetária no combate à inflação. Na estimativa da FecomercioSP, a taxa pode ser reajustada novamente e, assim, atingir entre 12,50% e 13% ainda no primeiro semestre. "É certo que o BC está honrando o que tem alardeado sobre a intolerância à inflação", afirmou a entidade, em nota.

Já a Fecomércio do Rio de Janeiro criticou a decisão e disse que o aumento dos juros "é mais um dos muitos preços pagos por empresários e consumidores brasileiros pela condução equivocada da política econômica nos últimos anos".

"A conta chegou. E nessa hora, as medidas têm seguido o caminho mais fácil: aumentar os já elevados custos na produção e no consumo - impostos e juros. Como resultado, instituições como o Fundo Monetário Internacional já preveem resultado próximo a zero para o crescimento da economia doméstica neste ano, assim como apurado no cenário recente", afirmou a entidade, em nota.

Assim como as demais entidades, a Fecomércio RJ disse que é preciso retomar a credibilidade na condução da economia, mas que o governo precisa fazer mais do que "apenas repassar à sociedade o custo de seus erros". "É preciso aprimorar a eficiência do gasto público, oxigenar as engrenagens produtivas, para, com isso, ampliar a capacidade de produção e, assim, a margem para crescimento sem maiores pressões inflacionárias", destacou.



Veículo: Estado de Minas


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