Aumento de imposto sobre gasolina terá impacto de 0,27 ponto na inflação

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De acordo com a Tendências Consultoria, o combustível terá variação de 7,3%, em fevereiro, e de 10,4%, no ano, no índice ao consumidor; pacote de alta de tributos divide especialistas

 



A alta do preço da gasolina, provocada pelo aumento de impostos, deve ter impacto de 0,27 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, segundo projeções da Tendências Consultoria. A expectativa é que o combustível tenha variação de 7,3% no índice mensal e de 10,4% no ano de 2015, informa a economista da consultoria, Adriana Molinari.

Ela acrescenta que o peso do aumento da tributação sobre o diesel deve ser menor na inflação, apesar do cálculo ainda não ter sido realizado. "Enquanto a gasolina tem peso de 3,77% sobre o IPCA, o diesel tem apenas 0,14%", justifica a economista.

Para o professor de economia da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), Heron do Carmo, o pacote de aumento de tributos anunciado ontem pelo Ministério da Fazenda terá reflexos positivos sobre a economia. "A tributação sobre o preço da gasolina tem um peso importante para a arrecadação do governo, permitindo um impacto maior nas contas públicas", afirma.

"Por outro lado, o aumento de imposto sobre os combustíveis, junto à elevação das tarifas de transporte público e energia elétrica, contribuem para uma redução da demanda e, portanto, para um arrefecimento da inflação no final do ano", acrescenta.

O economista da GO Associados, Alexandre Seijas, também vê com bons olhos a alta de tributação. "O governo está fazendo tudo o que está ao seu alcance para recuperar a credibilidade dos agentes na política econômica do País. E está aproveitando os espaços que têm", diz Seijas.

Para ele, realizar um ajuste fiscal pelo lado da receita era inevitável, já que "gastos rígidos" do governo, como de previdência e educação, por exemplo, são mais difíceis de serem cortados e exigem discussões com a sociedade.

Seijas diz ainda que, "no fundo", o governo federal está desfazendo benefícios fiscais que foram dados no passado.

Controle da inflação


O professor do Instituto Insper, Otto Nogami, também considera inevitável um ajuste fiscal com aumento de tributação. "O governo vinha tentando controlar a inflação via somente política monetária com alta de juros. Isso funciona quando há uma inflação gerada pela demanda. E não é isso o que está acontecendo mais, temos uma inflação de oferta."

Para Nogami, a inflação de oferta precisa ser controlada também com ajuda da política fiscal e, por isso, afirma que as medidas de aumento de impostos são bem vindas nesse momento. "Alta de tributos ajuda a aumentar a arrecadação, compensando o fraco nível de atividade econômica, além de diminuir o déficit nominal", comenta Nogami.

Já o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Silvio Paixão, acredita que as recentes medidas são recessivas e perigosas em uma conjuntura de baixo crescimento econômico.

"Aumentar a tributação apenas acentua o desgaste do setor empresarial, que já está comprometido em sua margem de lucro e nos seus custos de produção", afirma.

Ele comenta também que a alta de tributos sobre a importação não ajuda a produção nacional, no longo prazo. "A indústria já está comprometida com uma série de problemas internos, como a falta de abastecimento de água e de energia", afirma, lembrando que os custos das empresas que importam insumos para produzir irão aumentar.

Setor

A presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, considera a alta de tributos de gasolina e diesel importante para o setor, mas afirma que é preciso avaliar ainda o impacto da medida. Para o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, o repasse para o preço final aos consumidores dependerá da política de preços da Petrobras. Caso haja, como se prevê, aumento no valor cobrado nas bombas dos postos do comércio varejista, ele acredita que o etanol voltará a ser mais atrativo.

O PIS e Cofins sobre o litro da gasolina e o diesel passam a vigorar a partir de fevereiro, com alíquotas de R$ 0,22 e R$ 0,15, respectivamente. Em junho, essas serão reduzidas em R$ 0,12 e R$ 0,10. No mesmo mês, entrará em vigor as alíquotas da Cide para gasolina e diesel, em R$ 0,10 e R$ 0,05, respectivamente. Já o PIS e Cofins para importação passa de R$ 9,25 para R$ 11,75.



Veículo: DCI


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