Depois da alta da energia e remédios, preço do pão de sal também vai aumentar

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Os preços do principal ingrediente do café da manhã, o pão de 50 gramas, tendem a subir entre 7% e 10%, dependendo da padaria


O pãozinho de sal deverá encarecer no varejo nas próximas semanas, engrossando a fila dos indesejáveis reajustes já anunciados nas contas de luz e da farmácia. Os preços do principal ingrediente do café da manhã, o pão de sal de 50 gramas, tendem a subir entre 7% e 10%, dependendo da padaria, como resultado dos aumentos de custos que o setor contabiliza neste ano com a farinha de trigo, a própria energia que alimenta os fornos e a mão de obra escassa, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip). O anúncio de repasses dos aumentos, que os moinhos de trigo preparam (de 5% a 10%, ainda neste mês) no preço da farinha que abastece as indústrias de panificação e massas intensificou a pressão das remarcações na ponta da cadeia de produção dos derivados do trigo.

Em 30 a no máximo 60 dias, as panificadoras deverão refazer as tabelas de preços pagos pelo consumidor, informou o diretor da Abip Emerson Almeida, que é também vice-presidente do Instituto Tecnológico da Panificação e Confeitaria de Minas Gerais. “Não há dúvida de que os panificadores têm o receio de uma retração no consumo, por isso vinham trabalhando no intuito de tentar absorver os aumentos de custos”, disse. Matéria-prima de maior peso na composição de gastos das padarias, a farinha de trigo responde por uma participação nas despesas da produção de pães que varia de pouco mais de um quarto a um terço do total.

O presidente do Sindicato dos Moinhos de Trigo de Minas Gerais (Sinditrigo), Lincoln Gonçalves Fernandes, informou ontem que os repasses à indústria da panificação são necessários tendo em vista que as empresas estão sendo obrigadas a importar a matéria-prima mais cara dos Estados Unidos e do Canadá, com o fim dos estoques do produto argentino, tradicional fornecedor de trigo do Brasil. “Com a nova arrancada dos preços internacionais e o frete mais caro na importação, não há como segurar os preços. Isso nos preocupa porque sabemos que afeta o consumo do brasileiro”, afirmou o industrial. O valor médio da tonelada de trigo subiu 29,5% no Brasil no ano passado, alcançando US$ 355.

Neste ano, o produto saiu de US$ 301 para US$ 331 por tonelada. A farinha de trigo vendida à indústria no país havia ficado 31,7% mais cara no ano passado tendo como base o preço médio de R$ 742 a tonelada. Em fevereiro, o preço médio caiu a R$ 730, mas voltou a subir no mês passado (R$ 751). Caberá ao consumidor se recusar a pagar reajustes abusivos dos pães no varejo, alerta Thaize Martins, coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead, vinculada à UFMG, que mede a inflação em Belo Horizonte. De acordo com a instituição, os preços do pão francês alcançaram variação de 16,9% no ano passado, quase o dobro da alta de 8,87% do custo de vida na capital mineira, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da fundação.

Nas padarias

O aumento do custo do trigo tem obrigado a padaria Pedro Padeiro, instalada no Bairro de Santa Tereza, a espremer a margem de lucro para segurar o preço do quilo do pão em R$ 11,90. Será preciso avaliar os impactos de mais ajustes, principalmente considerando-se que a energia, um dos três insumos do pão de sal ao lado do trigo e da mão de obra, também teve aumento. “Trabalhar com produto de primeira linha está cada vez mais difícil. Não abrimos mão de trabalhar com a melhor farinha”, diz a sócia Jane Zarife.

Na padaria Pão de Casa, no Bairro Funcionários, o anúncio de aumento dos preços dos moinhos ainda não chegou, mas assim que for feito será preciso repassá-lo, o que impacta nos pães, bolos, salgados, tortas, biscoitos e outros produtos feitos com farinha de trigo, diz a gerente Raquel Tavares. Separados, os centavos de aumento do pão podem parecer modestos, mas o médico Javert Lima Jardim diz que “têm reflexo significativo por vir junto de um conjunto de aumentos. Os preços estão em níveis altos. A pedagoga Rejane Azevedo sintetiza a elevação de preços: “Nenhum aumento é bem vindo, ainda mais tratando-se de produto de primeira necessidade”, diz ela.



Veículo: Estado de Minas


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